Espaços urbanos

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Centro Histórico - foto Catiele Fortes

domingo, 28 de agosto de 2022

Série Registros fotográficos incríveis V - O Império do Espírito Santo

No corrente ano de 2022, o Rio Grande do Sul está comemorando os 270 anos do povoamento açoriano. Cachoeira, como muitos outros municípios estado afora, também recebeu um contingente desses portugueses das ilhas dos Açores, sofrendo igualmente a influência de seu modo de ser e agir. Um legado no cultivo da terra, em hábitos alimentares, no modo de falar e nas celebrações religiosas ficou por aqui.

Certamente uma das mais marcantes tradições culturais dos Açores é a que se refere ao culto ao Divino Espírito Santo. Representado pela pomba branca, o Espírito Santo vai muito além da devoção, revelando-se através de ações que buscam estabelecer a comunhão e a solidariedade entre as pessoas.

Cachoeira, como de resto os muitos municípios que tiveram o povoamento açoriano, também teve erguido o seu Império do Divino, edificação em que os devotos se reuniam para os festejos religiosos. O Império foi construído nas proximidades da Igreja Matriz por iniciativa do devoto Ferminiano Pereira Soares que, na condição de festeiro do ano de 1855, pediu licença ao vigário para edificar. 

Pedido de construção do Império por Ferminiano P. Soares
Documento das Irmandades Conjuntas
  

Existem várias tomadas fotográficas que retratam a fachada do Império. A Série Registros fotográficos incríveis - V - sempre com o apoio do memorialista Claiton Nazar, buscou na fototeca do Museu Municipal uma fantástica seleção de imagens que lá chegaram graças à aquisição de uma coleção de fotos atribuídas a Renoardo Pohlmann e que foram resguardadas por Martinho Schünemann até serem adquiridas pelo Município.

Registros fotográficos I e II: a Praça Almirante Tamandaré, atual Dr. Balthazar de Bem, aparece murada nestes registros, o que pode ser observado no canto esquerdo das fotos. No outro lado, ao fundo, a Igreja Matriz e, em primeiro plano, à direita, o salão do Império do Divino Espírito Santo. Na primeira foto é possível ver que não há janelas na fachada, e sim cinco portas de acesso, sendo a principal a mais alta, com as demais diminuindo em altura em relação à central em ambos os lados. Na segunda foto, iluminada pelo sol, é mais fácil visualizar o olho de Deus estampado no frontão do edifício e no alto a coroa do Império.



Registro fotográfico III: o Império do Divino Espírito Santo, em ângulo semelhante aos dois anteriores, permite que se veja as cinco portas em detalhes e sobre a principal uma placa. O que diria ela? Portaria o ano 1856 da construção?


Registro fotográfico IV: dia de procissão. A Igreja Matriz tem sua frente tomada de fieis, estando alguns também à frente do edifício do Império. Na sacada esquerda da Igreja um homem observa tudo. Dá para perceber que as vidraças das sacadas têm vidros coloridos. Que cores teriam? 

A foto mostra que por este tempo a Igreja Matriz não ficava em um nível acima da rua e, portanto, não precisava de escada para acessá-la. 


Registro fotográfico V: a imagem é do começo da década de 1920, antes das reformas gerais que a Praça Dr. Balthazar de Bem sofreria. Vê-se o prédio do Império como plano de fundo das árvores, registro feito por Joaquim Vidal.


Registro fotográfico VI: outra procissão toma rumo da Igreja Matriz. Neste registro o frontão do Império fica bem visível.


Registro fotográfico VII: a Praça Dr. Balthazar de Bem depois da inauguração do Château d'Eau, mas antes da reforma da fachada da Igreja Matriz, ou seja, entre 1925 e 1929. A Igreja Matriz domina a foto, com o Império à esquerda e o Château d'Eau à frente. 


O Império do Divino Espírito Santo chegou a abrigar uma escola noturna e o Fórum. Sem manutenção, acabou sucumbindo de nossa paisagem, levando consigo uma página importante do culto ao Espírito Santo, tradição cultivada com devoção pelos açorianos que um dia se estabeleceram em Cachoeira.