Espaços urbanos

Espaços urbanos
Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O arrozal de Franke, Krieger & Cia.


      O jornal O Commercio, edição de 30 de janeiro de 1907, relata a visita de uma comitiva de cachoeirenses à lavoura de arroz da empresa Franke, Krieger & Cia., localizada à margem esquerda do arroio Capané.
         Franke, Krieger & Cia. foi uma das empresas precursoras da irrigação mecanizada da lavoura e grande impulsionadora de Cachoeira ao título de Capital Nacional do Arroz. Os sócios da empresa eram Jorge Hugo Franke, João Jorge Krieger e Fidélis Prates.

Jorge Hugo Franke

Assim foi relatada a visita pelo jornal:
         “O soberbo e vasto plantio que absorveu 600 alqueires do grão, ocupa uma área mais ou menos de 18 quadras de extensão por oito de largura. A possante bomba que mede 30 centímetros de diâmetro e levanta do arroio Capané dois metros cúbicos de água por minuto, com a qual é fartamente regada toda aquela lavoura, foi mandada vir da Europa, por telegrama, conjuntamente com o motor de força de 25 cavalos e custaram, ambas as peças, 12:000$000 (12 contos de réis) postas aqui. (...) Encomendadas e talvez já em viagem se acham as aperfeiçoadas máquinas trilhadora e ceifadora que vêm completar o conjunto mecânico de propriedade desses senhores. Para a seca do nutritivo grão vimos em construção, pouco abaixo do local onde funciona a grande bomba, um extenso galpão que mede talvez 300 palmos de comprido por 100 de largura, o qual (...) será provido de trilhos interiormente e de um elevador para transportar o arroz seco do pavimento inferior ao superior. (...) em breve tempo as aprazíveis margens do murmuroso Capané estarão ali transformadas em vasta zona de atividade sem igual, em plantação, colheita e exportação de arroz em grande escala, para o que contam com todos os elementos para isso necessários.”
         O jornal informava que no dia da visita foi instalada uma linha telefônica que ligava o sítio à cidade. Mais uma inovação para a época.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Primeiro banheiro carrapaticida inaugurado há 100 anos


         Muito sempre há para contar do Dr. Balthazar de Bem, figura ímpar da sociedade cachoeirense do começo do século XX. Médico, fazendeiro, industrial e introdutor de raças que aperfeiçoaram o rebanho cachoeirense, também ficou registrado para ele a construção do primeiro banheiro carrapaticida de que se tem notícia em nosso município.
         Balthazar de Bem possuía duas granjas, ambas com o mesmo nome: da Penha. Uma ficava localizada no terreno hoje ocupado pelo Bairro Marina, assim denominado para homenagear Marina Mattos de Bem, sua esposa. A outra ficava 45 km da cidade, em direção a Caçapava. Pois foi nesta que Balthazar de Bem mandou construir o banheiro carrapaticida.

Foto: Blog Historia, testis temporum

         No dia 26 de janeiro de 1913, com a presença de convidados especiais, autoridades e imprensa, houve a primeira experiência de banho do gado, tendo sido aplicado em 662 reses o carrapaticida da marca Cooper. A operação, segundo noticiou o jornal O Commercio, de 29 de janeiro de 1913, deu-se “no espaço de uma hora e quarenta minutos”.
         Dentre os convidados para a festiva inauguração, constavam o Capitão Francisco Gama e os fazendeiros Leandro Barbosa e Rômulo Figueiró.
        


sábado, 26 de janeiro de 2013

Siga. Não estacione!



"Um dia tivemos uma estação férrea... 
Um dia também tivemos um vagão que apodreceu no tempo..."  
Pura realidade se continuar assim.
Depois de ver várias escritas no vagão dos "tais visitantes educados", ao sair do Parque dei uma nova olhadinha pra trás e uma placa de sinalização tudo a ver:  SIGA NÃO ESTACIONE = não adianta = tentamos = vá embora = deu pra bola =  perdemos = fraquejamos = faltou alguém = buRRocracia...
Acho que estou errado!!!!! Vai pintar um salvador da pátria.” (Robispierre Giuliani)


Vagão do Museu Municipal - foto de Jorge Ritter
Foto de Robispierre Giuliani

Estas palavras de triste constatação do fotógrafo Robispierre Giuliani são como um apelo ao nosso bom senso. Sigamos o exemplo do Sr. Oscar Brendler que do alto de sua experiência, sabedoria e com extrema boa vontade, não impedida pela idade e desgaste da jornada, bateu de porta em porta na nossa cidade atrás de patrocinadores para a recuperação de nosso vagão.

Foto de Robispierre Giuliani


Estamos vivendo novos tempos de conscientização e mais preocupados com a recuperação do rico patrimônio histórico-cultural de nossa cidade. O começo foi com o apoio ao Museu Municipal em seu projeto de modernização, quando a comunidade colaborou para integralizar a contrapartida do Município necessária para complementar a verba federal. 
Depois veio o exemplo excepcional e vencedor da Ponte de Pedra - reerguida em suas fragilidades e pronta para suportar por muito tempo ainda a passagem do tempo. Mais adiante, a iniciativa de criação do Memorial Nacional do Arroz, ocupando espaço histórico na área dos engenhos, projeto que irá se concretizar pela dedicação e denodo de um grupo de cachoeirenses interessados em preservar a memória ligada à nossa principal atividade econômica. 
Na esteira destas excepcionais atitudes cidadãs, vem a união em torno da recuperação do Paço Municipal, monumento grandioso da nossa história. Mais uma vez a comunidade, com o apoio do 3º BECmb, une esforços pela nossa memória. Boas novas também com a iniciativa do Poder Legislativo em recuperar seu palácio. E a Casa da Aldeia segue alvo do interesse preservacionista também. Novos tempos, bons ventos!

Que nosso vagão, espaço de valor cultural do Museu Municipal, localizado no Parque Municipal da Cultura, também receba o olhar daqueles que veem no passado um instrumento fundamental para o nosso presente e futuro.

Mãos à obra!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Consulado do Uruguai em Cachoeira do Sul


        Nossa cidade é realmente um local de grande riqueza histórica e cultural. E o que poucas pessoas sabem é que já tivemos relações diplomáticas e culturais bem estreitas com nosso vizinho Uruguai!
         Desde a década de 1940, Cachoeira tornou-se o lar de uma senhora uruguaia, nascida na capital, Montevidéu, que se transferiu para cá pelo casamento com um cachoeirense. Seu nome: Sara Claveaux de Jardim.
         D. Sara, como todos a chamam, pelos laços familiares e culturais, mantinha contato permanente com sua terra natal, promovendo intercâmbios e interação entre cachoeirenses e uruguaios. E esta condição de “embaixatriz” uruguaia levou o governo de seu país a instalar em Cachoeira do Sul uma “Oficina Consular de La Republica Oriental del Uruguay”, o que se deu oficialmente no dia 21 de janeiro de 1959, com a sua nomeação como cônsul honorária, função que desempenhou durante 14 anos até a extinção do serviço consular em 1973.
  
Sara Claveaux de Jardim, ao centro, homenageada da Semana da Mulher 2011
   

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

18 de janeiro de 1908: desmoronamento no Teatro Municipal


               
Teatro Municipal - inaugurado em 25/12/1900 junto à Praça da Igreja,
atual Praça Dr. Balthazar de Bem - fototeca do Museu Municipal

               Há 105 anos, por volta de 23 horas de 18 de janeiro de 1908, a população de Cachoeira, notadamente das imediações da Igreja Matriz, foi surpreendida por um enorme estrondo “que fazia lembrar um terremoto longínquo”, conforme descreveu o jornal Rio Grande, em sua edição de 23 de janeiro daquele ano. E prossegue o jornal: “Os rumores foram quase unânimes: - Foi o Teatro que caiu.”
                De fato a população tinha razão. O madeiramento do grande casarão do Teatro Municipal tinha sido deslocado completamente pelo rompimento da linha mestra da amarração geral no dia 6 de janeiro, quando lá acontecia uma festa infantil em prol do altar do Sagrado Coração de Jesus da Igreja Matriz. As cerca de 1.000 pessoas que estavam no prédio, segundo estimativa da imprensa, nada sofreram e, em razão dos riscos de desabamento, o Vice-Intendente Municipal mandou fechar o Teatro. Para agravar mais a situação, fortes chuvas ocorridas na véspera do desmoronamento contribuíram para debilitar ainda mais o telhado que veio “fragorosamente por terra, ficando entre as paredes do palco.”
                A Intendência procurou ouvir profissionais para obter pareceres sobre as causas do desabamento e apontar soluções. As conclusões foram de que o madeiramento era muito pesado e que algumas linhas ou pendurais afastaram-se de suas junturas, abalando uma viga-mestra e partindo um barrote. A cumeeira do edifício também sofreu um pequeno desvio na altura do proscênio. As paredes apresentavam pouca resistência e foram fendidas de alto a baixo. O engenheiro civil Arlindo Leal e Dr. Ahronds, de Porto Alegre, foram consultados para elaboração de um projeto de remodelação do Teatro.
                A história foi outra. O Teatro Municipal nunca foi remodelado ou sofreu qualquer reparo. Em 1913, o prédio e os problemas que ele trazia foram entregues ao governo do Estado que, dois anos depois, feitas as reformas necessárias, instalou ali o Colégio Elementar Antônio Vicente da Fontoura e o Fórum. Mais atarracado que o original e sem a altivez de outrora, o edifício pouco guardou de sua rápida e acidentada vida cultural.



sábado, 12 de janeiro de 2013

Fórum


       O jornal O Commercio, em sua edição de 11 de janeiro de 1922, trazia notícias sobre melhoramentos no Fórum, então funcionando no prédio do antigo Teatro Municipal juntamente com o Colégio Elementar Antônio Vicente da Fontoura.

Turma de alunos defronte ao prédio do Fórum e Colégio Elementar
- fototeca do Museu Municipal

     Dizia a notícia que por iniciativa e empenho do Dr. Samuel Silva, Juiz de Direito da Comarca, o Fórum foi provido de mobiliário e teve instalados todos os departamentos da Justiça. No pavimento térreo, funcionava o salão do Júri e de casamentos. Além de outras dependências, dispunha de uma sala para visitantes guarnecida de “elegante e confortável mobília”. No andar superior, funcionavam as audiências, havendo as mesas do Juiz Distrital, do Escrivão, do Juiz da Comarca, Promotoria e advogados. O Cartório do Cível e Crime estava instalado em uma vasta sala contígua com duas boas escrivaninhas e um arquivo com dois armários envidraçados. O Cartório de Órfãos também dispunha de duas escrivaninhas, sendo uma para o Escrivão e a outra para a senhorita que se desempenhava como ajudante. A reportagem ressaltava que todos os móveis foram fornecidos pela Casa de Correção de Porto Alegre, sendo “de boa qualidade”.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Série Lojas do Passado: Sapataria de August Zimmer


Muitas fotografias da antiga Rua Sete de Setembro dão destaque para a esquina com a Rua Venâncio Aires, atual Presidente Vargas, local em que se encontravam dois marcos de referência daquele ponto da cidade: a Sapataria de August Zimmer, em um dos lados, onde hoje está a agência do Banco Itaú, e o Hotel Homrich (depois do Comércio), endereço agora ocupado por um posto de combustíveis.

Hotel Homrich e Sapataria de August Zimmer - Rua Sete de Setembro
Fotos: acervo do Museu Municipal

A Sapataria de August Zimmer, cuja entrada era feita pela Rua Sete de Setembro, produzia toda espécie de calçados, desde simples chinelos até as mais sofisticadas botinhas que eram a moda do início do século XX. Comercializava também calçados tanto de couro nacional como estrangeiro, segundo noticiava o jornal O Commercio nas edições de 1901.
August Zimmer veio de Agudo para Cachoeira no ano de 1894. Era natural do Rio de Janeiro, onde havia nascido 30 anos antes. Os pais vieram de Hessen, na Alemanha, por ocasião do incentivo à imigração alemã iniciada sistematicamente em 1824, fixando-se no Rio de Janeiro.
August Zimmer deixou muitos descendentes em Cachoeira, pois teve vários filhos que constituíram famílias conhecidas até hoje. Dentre estas famílias constam os Müller, os Godoy Ilha, os Homrich, os Cunha e os Pötter. 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

7 de janeiro de 1846


Em 7 de janeiro de 1846 a Vila Nova de São João da Cachoeira recebeu a visita do  Imperador Pedro II e sua Real Consorte, motivada pela pacificação da Província após a Revolução Farroupilha.
O Imperador, então um jovem de 20 anos de idade, foi recebido com honrarias na Vila de Cachoeira pela Câmara e povo que homenageou figura tão ilustre, segundo o historiador De Paranhos Antunes, com a oferta de um cetro de metal dourado mandado fazer especialmente para a ocasião. O cetro encontra-se em exposição no Museu Municipal.

Pedro II 
O Imperador e a esposa foram hospedados na casa do Dr. Afonso Pereira, médico pertencente a uma abastada família. Frequentador da Corte, o Dr. Pereira era homem de hábitos refinados, além disso, possuía a melhor casa da Vila. O prédio, já demolido, ocupava o terreno onde até pouco tempo se encontrava a agência central do Banco SICREDI.

Casa do Dr. Afonso Pereira às vésperas da demolição
- foto Claiton Nazar

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Jornal O Commercio


       1.º de janeiro de 1900, data da fundação do jornal O Commercio, por Henrique Möller Filho, apoiado por Virgílio Carvalho de Abreu e Augusto Brandão. O jornal circulou até 28 de fevereiro de 1966.
Inicialmente bilíngue (português e alemão), O Commercio era semanário e circulava às quartas-feiras, tendo como redator Guilherme Antônio Möller e como tipógrafo João Antônio Möller, irmãos do fundador.
No ano de 1905, foi suspensa a publicação sistemática de notícias e artigos em língua alemã.
Imparcialidade, independência política e jornalística, austeridade, serviço ao bem-comum caracterizaram a linha de ação do jornal que surgiu em uma época em que as publicações do gênero tinham vida efêmera. Por sua aceitação na comunidade, que o chamava carinhosamente de Comercinho, o jornal venceu a efemeridade, circulando durante 66 anos. A coleção quase completa encontra-se no Arquivo Histórico do Município.

Oficinas do jornal O Commercio - 1918 - publicação Cachoeira Jornal