Espaços urbanos

Espaços urbanos
Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

domingo, 29 de julho de 2012

Templo Martim Lutero

No dia 30 de julho de 1930, foi lançada a pedra fundamental do Templo Martim Lutero, no Bairro Rio Branco. 

O sonho de ter um templo onde pudessem ser realizados os ofícios religiosos pelos membros da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana era acalentado desde 1885, quando os encontros eram promovidos nas casas dos fiéis. Em 1889, já eram 27 famílias reunidas para rezar, cantar, agradecer e ouvir a palavra de Deus.

Com a construção do primeiro prédio do Colégio Brasileiro-Alemão, hoje tombado como patrimônio histórico, os ofícios religiosos ganharam sede. Mas o sonho de uma igreja persistia.

Local da escola e dos primeiros ofícios religiosos
- acervo COMPAHC

Em 25 de julho de 1927, foi constituída comissão para buscar recursos e planejar a construção da sonhada igreja. Os membros eram: Emílio Wilhelm, Rodolfo Müller, Emílio Schlabitz, Roberto Jagnow, Karl Grabau, Pastor Karl Hünermund, depois reforçada por Dr. Arthur Frederico Decker, Reinoldo Treptow e Wilhelm Preussler.

No ano seguinte, a comissão mandou publicar edital de concorrência para a construção do templo em todos os jornais teuto-brasileiros do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, solicitando projetos que contemplassem os seguintes aspectos: estilo gótico, torre lateral, 150 a 200 lugares na nave principal, tribuna para órgão, preferencialmente adotar a forma de cruz para a sacristia e sala de conferências, previsão de tribunas laterais e valorização da arquitetura interna. No final de 1928, foram votados 14 projetos, tendo vencido, com dois, o arquiteto Theo Wiederspahn. O terceiro escolhido era do arquiteto Reinsdorf.

Templo Martim Lutero - década de 1960
- Coleção Claiton Nazar

Em janeiro de 1929, Theo Wiederspahn veio a Cachoeira discorrer sobre os seus projetos, ocasião em que fez algumas sugestões à comissão, dentre elas a mudança do local de construção do templo. O projeto vencedor, denominado Louvor a Deus, foi abandonado e, por sugestão do autor, foi adotado o segundo, denominado Quo Vadis?. Segundo Theo Wiederspahn, este era mais adequado para o local da construção, ou seja, a esquina das ruas Isidoro Neves e Presidente Vargas.

Acervo COMPAHC

(Fonte: Templo Martim Lutero – patrimônio histórico tombado, de Nelda Scheidt)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Monumento aos Imigrantes Alemães

          A Praça Honorato de Souza Santos, cuja denominação oficial foi atribuída pela Lei nº 1719, de 10 de outubro de 1976, abriga diversos monumentos. Dentre eles, destaca-se o que homenageia os imigrantes alemães, cujo trabalho será ressaltado este ano como tema municipal da Semana da Pátria 2012.
            No monumento aos imigrantes, inaugurado em 25 de julho, dia consagrado ao colono e motorista, do ano de 1974, consta a seguinte inscrição: Em 25 – 7 – 1974, quando o Estado do Rio Grande do Sul festeja jubilosamente os 150 anos de imigração alemã, o município e o povo de Cachoeira do Sul homenageiam os pioneiros que com o seu labor fecundaram a generosa terra gaúcha, impulsionando-a ao progresso e à riqueza. 1824 – 1974.

Monumento ao Imigrante Alemão - foto Jorge Ritter


domingo, 22 de julho de 2012

Fábrica e Refinaria de Banha

O Coronel David Soares de Barcelos, Intendente do Município de Cachoeira, fundou, no dia 21 de julho de 1902, uma fábrica e refinaria de banha, entregando a gerência do estabelecimento ao seu filho David Barcellos Filho. As máquinas da fábrica foram importadas da Alemanha, sendo instaladas nas dependências que ficavam na Rua Moron, proximidades da Praça José Bonifácio.

David Soares de Barcellos - fototeca Museu Municipal

A banha era acondicionada em latas de dois quilos e exportada para o Rio de Janeiro.
Em 1910, depois de passar por reformas, constante também da construção de uma alta chaminé, a fábrica foi reaberta. Anos mais tarde, mudou-se para a Rua Júlio de Castilhos e, em 1930, a firma A. Scheidt Cia. adquiriu as máquinas e utensílios da refinaria de banha então propriedade de David Barcellos Filho.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Iluminação pública

       Julho é um mês em que historicamente as iniciativas de iluminação da cidade de Cachoeira, lá na primeira década do século XX, tiveram impulso significativo. A respeito disto, o jornal O Commercio (1900-1966) publicou as seguintes informações:

       “Sábado, 20 do corrente, assistimos à experiência feita pelo Sr. Albino Pohlmann, iluminando um dos salões de suas oficinas com o aparelho “eletromotriz”, fabricado nas mesmas pelos irmãos Pohlmann, Albino e Guilherme. Posto em ação esse aparelho, um dínamo de 120 velas, foi o salão completamente iluminado por uma lâmpada à incandescência, cuja luz firme sem a mínima oscilação manteve sempre o máximo de sua intensidade. Intercalado no circuito um arco voltaico, produziu-se neste um foco luminoso de efeito surpreendente. É admirável a capacidade com que o hábil mecânico, Sr. Albino, executa as mais delicadas obras de sua arte máxime, levando-lhe em conta a deficiência de suas oficinas e a escassez de sua instrução técnica, a qual e, aliás, vem conquistando dia a dia à força de estudos e de perseverança.” (O Comércio, 24/7/1901, p. 2).

Em 18 de julho de 1910, segundo registra o Relatório da Intendência daquele ano, foi firmado contrato com a firma Lima & Martins para execução do serviço completo de instalação elétrica para iluminação. Era intendente Isidoro Neves da Fontoura.

O serviço de iluminação pública da cidade só começou a se firmar a partir de 1912, com o início do funcionamento da Usina Municipal, cujo prédio ainda existe, bastante modificado, na esquina da Rua Moron com Dr. Milan Kras.

Cartão-postal da série de Benjamin Camozato (1916-1917), mostrando
 o prédio da Usina Municipal, localizado aos fundos da Praça José Bonifácio
- fototeca do Museu Municipal


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Nelda Scheidt

Cachoeira do Sul entristeceu. E perdeu o olhar atento de Nelda Scheidt para os seus detalhes, para as sutilezas da sua história, para as belezas da sua arte que se estampa nas ruas, nas casas, nos monumentos, na paisagem.
Cachoeira do Sul perdeu, num dia frio de inverno, a professora, a incansável e sempre disposta batalhadora da cultura, da arte e do patrimônio histórico. 
O Blog História de Cachoeira do Sul rende sua homenagem à companheira e incentivadora de todas as horas.
Descansa em paz, Nelda Scheidt!


Nelda Scheidt - n. 12/8/1941 - f. 15/7/2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Automóveis Mitchell


          O jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, em sua edição do dia 11 de julho de 1912, publicou o seguinte: Cachoeira. A companhia “Aliança do Sul” vendeu, nesta cidade, três automóveis Mitchell, aos Srs. Julio Vahle, Dr. João Neves da Fontoura e Guilherme Franke. Domingo último, foram esses autos entregues aos seus proprietários.

Automóvel Mitchell modelo 1913


João Neves da Fontoura - adquirente de um auto Mitchell

sábado, 7 de julho de 2012

Série Lojas do Passado: Viúva Oliveira & Filhos

           Ignácia Amélia de Oliveira e os filhos José Gomes de Oliveira e Octaviano Gomes de Oliveira eram os proprietários da firma Viúva Oliveira & Filhos, estabelecida na Rua Sete de Setembro, esquina com a Rua 24 de Maio, atual Dr. Sílvio Scopel. A firma mantinha um grande armazém na esquina, sendo que a moradia da família era a famosa Casa dos Arcos, contígua ao armazém.

Armazém da Viúva Oliveira & Filhos- fototeca Museu Municipal

         Em agosto de 1901, houve a dissolução da firma Viúva Oliveira & Filhos, com a retirada do sócio Octaviano. Mantiveram a sociedade Ignácia e o filho José, passando a razão social para Viúva Oliveira & Filho.
         Em 1925, com o incêndio que destruiu a Casa Fialho, então ocupando a esquina onde outrora funcionava o armazém dos Oliveira, a Casa dos Arcos sofreu avarias. Ignácia Oliveira contratou o construtor Santiago Borba para recuperar a sua casa. Ele já havia construído o prédio do Banco Pelotense (atual BANRISUL), em 1922, e reformado o antigo armazém Knorr & Eisner para nele ser instalado o Banco do Brasil em 1924.

Casa Fialho, ao lado da Casa dos Arcos,
ocupando o antigo endereço da firma Viúva Oliveira & Filho
- fototeca Museu Municipal

         Ignácia Oliveira, que era viúva de Antônio Gomes de Oliveira, faleceu em 28 de junho de 1946, em Porto Alegre, com 98 anos. Ela foi uma das empresárias da Cachoeira antiga, em um tempo em que poucas mulheres ocupavam posição no mundo dos negócios.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Dr. Benjamin Camozato

            O jornal O Commercio, em sua edição de 25 de junho de 1919, comunicava o seguinte: “Sabemos que nos primeiros dias de julho próximo reabrirá o seu gabinete dentário o nosso amigo Dr. Benjamin Camozato, conhecido e reputado profissional aqui residente.”
Dr. Benjamin Camozato em foto do Grande Álbum de Cachoeira

            Benjamin Camozato foi um dos maiores empreendedores que Cachoeira já teve em sua história: além de dentista, investiu em casa de cinema, em revenda de máquinas de escrever da marca Mignon (as primeiras comercializadas na cidade) e em touradas. Foi também filatelista, publicando a Revista Filatélica, fotógrafo e cinegrafista. É dele a série de cartões-postais dos anos 1910 e a publicação do Grande Álbum de Cachoeira, editado em 1922, um dos melhores registros da cidade em suas mais variadas facetas ao tempo em que o Brasil comemorava o centenário da Independência.
Série de cartões-postais entre 1914-1917 -
fototeca Museu Municipal

Grande Álbum de Cachoeira, editado em 1922

         Camozato era natural de Porto Alegre, onde faleceu aos 79 anos, em 4 de maio de 1964. De seu primeiro casamento, com Ophelia Borges, teve três filhos: Walmor, Weimar e Wanda.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O relógio da Igreja Matriz

         No já longínquo ano de 1875 foi colocado o relógio na torre meridional da Igreja Matriz, por subscrição iniciada por Policarpo Pereira da Silva, também incumbido de sua zeladoria. Em 6 de julho de 1875, Policarpo Pereira da Silva oficiou à Câmara informando que não podia mais cuidar da conservação do relógio e dar-lhe corda, solicitando sua substituição na função. Em setembro do mesmo ano, a Câmara tomou para si a incumbência.

Cartões-postais da Igreja Matriz - fototeca Museu Municipal

         O historiador Paranhos Antunes, em sua obra sobre a história de Cachoeira, conta que quando o relógio do antigo templo foi retirado para ser colocado em lugar mais alto “... foram encontradas junto a ele doze chapas de ferro fundido contendo o nome dos doadores desse relógio [...]:
1. O povo de Cachoeira
2. Barão de Viamão (Hilário Pereira Fortes)
3. Candido G. Borges
4. Symphronio V. Santos
5. Miguel F. Carvalho
6. João Coelho Leal
7. Manoel F. Fortes
8. José Ferreira Neves
9. Jacintho F. Godoy
10. Companhia Ferraz
11. Francisco J. P. Bastos
12. Miguel F. Pinto
        Em 1893 Francisco de Paula Amorim era o zelador do relógio da Igreja, conforme consta em recibo de pagamento no valor de 20 mil réis, datado de 2 de março de 1893, encontrado entre documentos avulsos do