Três dias antes da inauguração do Château d’Eau,
que ocorreu em 18 de outubro de 1925, o então administrador do município, o
vice-intendente João Neves da Fontoura, fez uma apresentação ao Conselho
Municipal das obras de saneamento da cidade, com demonstração do investimento e
descrição dos principais monumentos que compunham o sistema de distribuição de
água da segunda hidráulica:
Dr. João Neves da Fontoura - vice-intendente em exercício - 1925 - fototeca Museu Municipal |
“O Château d’Eau, situado no largo da Praça
Dr. Balthazar de Bem, defronte ao edifício da Municipalidade, acha-se também
concluído, apresentando belo aspecto arquitetônico, concorrendo muito para o
embelezamento da cidade.
Château d'Eau e Igreja Matriz entre 1925 e 1929 - fototeca Museu Municipal |
A parte arquitetônica foi projetada pelo engenheiro
Walter Jobim e a parte de cálculo e estabilidade pelo engenheiro-chefe da
Comissão de Saneamento do Estado, Dr. Antonio de Siqueira. As obras de
escultura, constante de estátuas e grupos de ninfas e sereias que circundam o
Château d’Eau foram executadas nas oficinas de Vicente Friedrichs, de Porto
Alegre, sob a direção do professor Giuseppe Gaudenzi.
Château d'Eau recém-construído - fototeca Museu Municipal |
O fim deste Château d’Eau é o de levar a água
por gravidade ao reservatório de distribuição à Rua Dr. Júlio de Castilhos, e
regular ao mesmo tempo a pressão da água nas zonas mais elevadas.
Reservatório R2
Reservatório R2 - Coleção Joaquim Vidal |
Ajardinamento do R2 - Coleção Joaquim Vidal |
O R2 quase concluído - Coleção Joaquim Vidal |
Esta é a denominação do grande reservatório
construído à Rua Júlio de Castilhos, em terrenos comprados à sucessão de
Juvencio Pillar Soares.
Esta obra, construída toda de cimento armado,
está também terminada, faltando apenas a colocação da balaustrada e pequenos
trabalhos de ornamentação, que em nada prejudicam o seu regular funcionamento.
Tem esse reservatório a capacidade de. 1.480
metros cúbicos e serve para abastecer d’água a zona média e parte da zona baixa
do projeto do Dr. Saturnino de Britto.
Prevendo o desenvolvimento futuro da cidade,
na câmara de manobras do reservatório já ficou espaço necessário para a
instalação das bombas e encanamentos precisos que deverão elevar a água à zona
alta da cidade, isto é, para o reservatório que deverá então ser construído
nas proximidades do Cemitério Municipal.
(...)
Para encher ambos os compartimentos do
Reservatório R2, acima referido, as bombas precisam trabalhar durante oito
horas e a água ali armazenada será suficiente, então, para o consumo de 60
horas, ou sejam dois dias e meio.
Como se vê, o autor do projeto, Dr. Saturnino
de Britto, uma das maiores notabilidades da engenharia sanitária no Brasil,
previu amplamente o desenvolvimento futuro da nossa urbe.”
Fonte: Relatório apresentado ao Conselho Municipal
pelo Vice-Intendente em exercício Dr. João Neves da Fontoura, em sessão de 15
de outubro de 1925 (IM/GI/AB/Re-005, pp. 15 e 16 - acervo documental do Arquivo Histórico).
A grande obra concluída por João Neves da Fontoura (havia iniciado ao tempo do Capitão Francisco Fontoura Nogueira da Gama, a quem João Neves sucedeu por motivos de saúde) ainda hoje encanta a todos. O Château d'Eau está desativado e não cumpre mais sua função de reservatório de água, mas o R2, no centro da Praça Borges de Medeiros, ainda abastece boa parte da zona alta da cidade.
Tal qual Saturnino de Britto, também João Neves da Fontoura voltou os olhos para o futuro.
Grata Mírian ! Para aquela época foi um colosso! Mas como e de onde vinha a água para estes reservatórios? Abraços
ResponderExcluirSuzana, a água era captada no Jacui, proximidades da guarnição federal e levada por bombas até o Château d'Eau que, por gravidade, chegavam ao R2. Um colosso,como bem disseste!
ExcluirBRAVISSIMO!!!!JOAO NEVeS DA FONTOURA NETO!!!
ResponderExcluirPode me fornecer seu contato eletrônico? João Neves é uma figura cativante e volta e meia surge alguma questão sobre ele que gostaria de poder ter com quem dividir. Obrigada!
ExcluirInteressante publicação.
ResponderExcluirBela aula de História, Mirian.
ResponderExcluirComo bem disseste na solenidade: CORSAN olhai também para o reservatório da Praça Borges...
Não podemos deixar no esquecimento...
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