Nestes tempos de visita papal ao Brasil e da repercussão dos ideais do catolicismo somos remetidos às manifestações religiosas locais. Em Cachoeira, há muitíssimos anos e com marcante devoção, é cultuada a figura de Santa Josefa, misto de lenda e fé que talvez muitos de nossos jovens, alvo preferencial da Jornada Mundial da Juventude, desconheçam totalmente.
Antiga Capela de Santa Josefa |
O jornal O Commercio (1900-1966), em sua edição de 23 de maio de 1906, publicou artigo assinado por "Pompeu", contando interessante diálogo envolvendo o culto à Santa Josefa:
SANTA JOSEFA
Não
resta dúvida de que o título é sugestivo, para o nosso meio, ao menos.
Certamente a santa de que vamos tratar tem o número dois na galeria da
santidade católica romana.
O
caso é simples: lá nos registros seculares do Vaticano deve existir, por força,
o nome santificado de uma Josefa que foi canonizada. Provavelmente
essa Josefa que por qualquer motivo fez jus à canonização por algum ato de
benemerência que a levou à categoria de divindade celeste, não é a mesma que
temos por aqui, essa que uma tradição histórica nos lembra naquela cruz branca
e preta que se eleva à cabeceira de um quadrilátero, cercado de grade, que
existe num dos arrabaldes da Cachoeira. Deve
haver, por conseguinte, duas santas Josefas – uma romana e outra cachoeirense.
Alguém
nos contou a história da nossa Santa Josefa. Foi
uma preta escrava que sucumbiu ao martírio do látego escravocrata da era
passada. Ali,
onde existe a cruz e o quadrilátero aludidos, foi ela sepultada e, dizem, não
apodreceu, isto é, não passou o seu corpo pela prova destruidora da
decomposição física. Santificou-se por isto, e realmente o fato é bastante suficiente para demonstrar a sua
passagem para a divinização que coroou o seu nome humilde
quando mísera terrena.
Num
dia destes, passávamos por lá, eu e um amigo. Junto
ao quadrilátero santo estavam duas mulheres do povo, ajoelhadas, concentradas
nas suas fervorosas orações de crentes. Olhei
e calei, mas segredei aos meus botões: “A fé nos salva!”
O meu amigo olhou-as, virou-se para o meu lado e sentenciou:
O meu amigo olhou-as, virou-se para o meu lado e sentenciou:
-
Bestas!
-
Por quê?, interroguei.
-
Por quê? Pois o que é aquilo?
-
Tu, que és espírita, que pertences a uma religião nova,
que só crês em Deus como autor de todas
as coisas,
todo poderoso, onipotente, não me explicarás
o que exprime aquela palhaçada?
- Para nós, cachoeirenses, é eloquente atestado de um barbarismo de última hora;
uma idolatria selvagem que não casa com o nosso século! Vamos até lá e vais ver
até onde chega a ignorância e a santa selvageria de certa gente.
- Vês? Aqui, nada mais nem menos, há uma camada de sebo e cera que se pode medir
por palmos, disse-me, mostrando-me o quadrilátero de grades. Vês
essa traparia aqui pendurada a esta cruz? São vestidos, saias, toalhas, o diabo
a quatro que aqui vêm depor os fiéis, como um sacrifício oferecido à santa.
Olha! Aqui está uma toalha bordada, admira isto!
E
o nosso amigo nos mostrava um pano
branco bordado à linha encarnada com os dizeres: “Santa Josefa”, acima de uma
figura feita de pano e desenhada à tinta sardinha. Tinha os braços abertos...
-
No desenho não andou o lápis da arte, mas talvez o
carvão de algum analfabeto!
-
E zombas disto?, perguntei.
-
E você, ainda me pergunta? Homem! Você é tolerante
demais!
- Não é tolerância: é saber respeitar a
crença alheia. Calculo que nisto aqui não haverá hipocrisia, mentira religiosa.
Sabe Deus, somente, da porção de fé e crença com que aqui pôs este pano
bordado quem o depositou aos pés desta cruz, como testemunho da sua fé e
respeito!
-
Qual nada, isto é pura estupidez; não admito outra
coisa!
Nesta terra,
como em toda a parte, não há instrução do povo pequeno; só se cuida da política,
e o mais vai por água abaixo e o fruto é destas coisas! Igual a isto só nas
costas da África!...
E continuamos
o caminho e o meu amigo tinha uma pouca de razão!
A ignorância,
que torna o indivíduo um selvagem doméstico, que cobre-lhe os horizontes da
concepção, do discernimento, que inibe-o da análise, da comparação; que
furta-lhe o privilégio de achar o equivalente aproximado do impenetrável ser da
obra que admiramos, tememos e de que fazemos parte, sob o império onipotente
de Deus, não pode frutificar aos olhos da luz dos séculos que correm, senão
nesses pedaços de santo barbarismo que o salvam: a crença, a fé, a sinceridade
real do voto.
Na treva, tudo é treva, por
isto, se há condenação no caso, ela não recairá de certo – senão sobre os que
esquecem da luz que têm a distribuir, por dever!
Santa Josefa rogai por mim .
ResponderExcluirPois tenho seu nome...
Santa Josefa rogais por mir em nome de Jesus amém
ExcluirInterceda junto a deus e cuida de Jorge Pires
ExcluirAmém
ExcluirSanta Josefa rogai por mim .
ResponderExcluirPois tenho seu nome...
Santa Josefa rogai por nós...
ResponderExcluirSanta Josefa,rogai por mim!
ResponderExcluirTenho muita vc onfianca nela
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