Espaços urbanos

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Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

sábado, 20 de junho de 2015

Série Lojas do Passado: Casa das Sombrinhas

Os chapéus já foram acessórios imprescindíveis na indumentária de homens e mulheres. Itens de elegância, eles compunham obrigatoriamente os trajes em diferentes épocas.

Na Cachoeira dos anos 1920, quando o uso do chapéu era imperativo, uma viúva – Bertha Keil Fuentefria – fez deste acessório o seu negócio e fundou uma casa que até hoje é lembrada por muitos cachoeirenses: Casa das Sombrinhas.

Bertha Keil Fuentefria
- acervo familiar

Bertha, que se casou em Cachoeira com o espanhol José Fuentefria, morava em Bagé. Ao ficar viúva, em abril de 1919, voltou para Cachoeira com os filhos Henrique, Esperança, Severino e Carlos. Para prover o sustento da família, instalou uma pequena casa de comércio onde consertava e comercializava sombrinhas, miudezas e também fabricava chapéus de sol.

Em anúncio publicado no jornal O Comércio do dia 7 de dezembro de 1921, intitulado Fábrica de Chapéus de Sol, Bertha K. Fuentefria avisava a freguesia que tinha recebido sortimento de formas de chapéus para senhoras, senhoritas e meninas, para todos os preços e gostos. Aceitava chapéus para reformar e tingir. O endereço anunciado ficava na Rua Júlio de Castilhos número 66.

Bertha casou-se novamente, com Pascoal Castelló. Em 1929, Castelló ampliou os negócios da Casa das Sombrinhas, comercializando artigos de malha, lã, algodão, sombrinhas e chapéus. Lá por 1932, o filho Severino assumiu a loja e aumentou as instalações, passando a fabricar camisas com a marca Licorne.

Na década de 1943, Severino Fuentefria & Cia. anexou à seção masculina da Casa das Sombrinhas uma alfaiataria e passou a ser distribuidor exclusivo das casimiras Adriáticas. Por esta época, contratou o profissional Leopoldo Hübner para contramestre e dirigente da alfaiataria. Em 1959, Severino admitiu na loja um menino de 13 anos que depois se tornou reconhecido no ramo da moda: Roberto Raifone.

Com a mudança de Severino Fuentefria para Porto Alegre, no ano de 1969, a Casa das Sombrinhas deixou de existir.

13 comentários:

  1. Nossa eu era bem pequena e lembro de ir a esta loja com minha mãe...achava o máximo porque tinha mais de uma andar.Saudades!

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    1. Rosane, incrível como as pessoas receberam bem esta postagem. Muita gente lembra da loja ou tem conhecimento da sua existência através da memória de algum familiar. Minha mãe falava ter comprado peças de seu enxoval na loja.
      Obrigada pela leitura.
      Abraço.

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  2. Lembro da minha avó paterna comentar sobre.
    Nasci no ano em que a loja deixou de existir.
    Sempre que posso, leio tuas publicações, Mirian.
    Um abraço.

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    1. Também lembro da minha mãe dizer que comprou itens do enxoval dela na Casa das Sombrinhas. Obrigada, Ju, pela leitura.
      Abraço.

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  3. Minha mãe, Ilma Becker, costurava para a família e os tecidos eram da Casa das Sombrinhas. Ela era muito amiga da Dona Norma, esposa do Sr. Severino.
    Quando vim para Porto Alegre em 1984, visitava seguidamente a Esperança, que era amiga e comadre de minha sogra, Mila Lovato, sendo a "Dinda" de seus quatro filhos. Esperança continuou aqui a confeccionar chapéus, luvas e gravatas chiques, para bailes e casamentos. Inclusive as luvas do Rei Momo de Porto Alegre, Vicente Raupp. Esperança faleceu em 2008 ou 2009, com 100 anos de idade, sempre contando "causos" de suas clientes e das viagens a São Paulo para comprar material da moda.

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    1. Helena, eu tinha esta informação - vinda da Ione Carlos - que a Esperança seguia confeccionando luvas e chapéus. Que história fantástica desta família! E fico feliz por ter despertado tantas lembranças bacanas com esta postagem.
      Abraço.

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  4. A Esperança morava no predio em frente a saída de cima das Americanas. Entrava-se pela rua da Praia, subia-se a Escada rolante e a saída ( ou entrada0 era /é Riachuelo?É Helena Becker?

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  5. Só hoje vi teu comentário, Ione. Era ali mesmo o apartamento dela. Até que não podendo mais ficar sozinha, foi morar com o irmão, Sr. Carlos e, mais tarde, numa casa de repouso.

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  6. Olá Mirian. Sou sobrinho neto da Sra. Bertha. Minha mãe é sua sobrinha. Filha do irmão mais novo Hugo Keil. Legal a postagem sobre ela. A família de minha mãe conviveu por todos esses anos com a Sra. Esperança até sua morte. Faço pesquisa genealógica e fiquei bastante contente com algumas informações que consegui a partir das tuas informações.
    Paulo Keil Coelho

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    1. Paulo, fico contente de ter colaborado com teu interesse sobre a história familiar. Abraço.

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  7. Boa tarde.Encontrei na inteernet este blog com referencias a D.Berta e Casa das Sombrinhas.Sou sobrinha da Berta e moro em Pelotas.Meu pai Gustavo Keil era irmão da tia Berta.Lembro muito bem do Severino e da Esperança.Adorei as informações do blog.Um grande abraço

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  8. Não conheci esta loja, pq nasci em 1963, mas lembro da minha mãe falar nesta loja com encantamento. Boas lembranças.

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