Um
curioso mecanismo instalado no antigo porto de Cachoeira atrai até hoje o
interesse das pessoas: a maxambomba. Não só pelo nome estranho – e pouco usual –
mas principalmente pelas funções que tal mecanismo desempenhava, assim como
quem foi o engenhoso empreendedor de tal novidade.
Antes
de tudo é necessário definir a origem da palavra maxambomba, uma corruptela do
termo inglês machine pump. A
maxambomba é um trole que serve para carga e descarga de mercadorias em uma
embarcação. No caso da maxambomba de Cachoeira, a ideia de sua utilização era o
de facilitar o carregamento e descarregamento de mercadorias vencendo o terreno
em declive no trecho final da Rua Sete de Setembro, que desembocava no rio
Jacuí.
O
idealizador e responsável pela instalação da maxambomba foi o industrialista
Jacob Scheidt, no ano de 1918. O jornal O
Commercio (Cachoeira, 1900-1966) assim deu a notícia em 10 de abril daquele
ano:
Desde a semana finda começou a
trabalhar a maxambombam (máquina a vapor) que o operoso industrialista, nosso
amigo Jacob Scheidt, mandou colocar à margem esquerda do Jacuí, próximo ao
extremo sul da Rua Sete de Setembro.
Como é sabido, a praia do Jacuí fica no
extremo sul da Rua Moron, sendo a última quadra de um declive fortíssimo,
trecho calçado de pedra bruta e que os carroceiros práticos denominaram de “mata-burro”,
tal o sacrifício com que os animais vencem a subida, com a carroça carregada.
Enquanto sobe, o carroceiro precisa observar, com a máxima atenção, se os
animais estão todos puxando a um tempo, sob pena de se estragar,
pelo excesso de esforço, um que esteja a forcejar isolado. Assim mesmo, com
toda a cautela, os burros duram, no máximo, de três a quatro anos, quando
trabalham ininterruptamente naquele ponto. Esse inconveniente ficou removido
com o louvável empreendimento do Sr. Jacob Scheidt, pois no lugar em que está
situada a maxambomba o barranco é alto (da altura da Rua Sete, naquele ponto).
Grande concentração de carroças na subida do porto de Cachoeira - foto reproduzida por Robispierre Giuliani |
Vista do grande declive da rampa do porto - fototeca Museu Municipal |
As cargas são puxadas do barranco do rio em carros que comportam de 30 a 40 sacos sobre dois trilhos e enquanto um carro sobe, cheio, vai descendo o outro, vazio, para carregar de novo.
Além da casa para a máquina, o Sr. Scheidt mandou
construir vastos armazéns para depósito de cargas, o que muito favorecerá o
comércio e as indústrias locais. A montagem dos maquinismos e seus acessórios,
bem como a construção dos armazéns já estavam construídos há meses, não tendo
sido os trabalhos inaugurados antes, porque a falta de água não permitia a
navegação no Jacuí. A inauguração desse serviço causou uma impressão muito
agradável, e é de esperar que ao Sr. Scheidt não falte o apoio que bem merece a
sua ideia progressista. (Extraído de O Commercio, 10/4/1918, acervo de imprensa do Arquivo Histórico).
A
maxambomba foi administrada por Jacob Scheidt até novembro de 1919, quando a
Companhia Jacob Becker, de navegação, com sede em Porto Alegre, adquiriu-a por
140 contos de réis. Além da maxambomba propriamente dita, entraram no negócio o
terreno em que ela estava assentada e o armazém de madeira. Com a aquisição, a
Companhia pretendia ampliar o armazém e fazer melhoramentos no plano inclinado,
cujos suportes de madeira seriam substituídos por pilares ou arcos de
alvenaria, com cobertura em todo o percurso do trilho, de modo que o trabalho
não necessitasse ser interrompido com o mau tempo.
Há um filme retratando Cachoeira na década de 1930 que mostra a maxambomba em funcionamento. Confira no link a seguir.
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