A
Igreja Matriz de Cachoeira já havia sido consagrada a Nossa Senhora da
Conceição muito antes do dogma da Imaculada, proclamado pela Igreja Católica em
8 de dezembro de 1854*, e antes ainda da construção do templo que hoje domina o
Centro Histórico. A consagração vem da criação da Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição da Cachoeira, em 1779.
Desde
a sua inauguração, em setembro de 1799, a Igreja Matriz tem passado por muitas
e significativas reformas. Do original estilo colonial, com força em nosso meio
muito pela natureza belicosa do território e, em razão disto, da presença
de engenheiros militares, caso do Coronel João Róscio (autor do projeto), passou para o rebuscamento do barroco, fazendo desaparecer, em
1929, a estrutura simples e robusta da fachada original.
Fachada original da Igreja Matriz - fototeca Museu Municipal |
A
rudeza de seu aspecto oferecia poucos elementos de adorno, dentre os quais
arremates trabalhados no frontispício e nas torres, três pequenas sacadas para as quais se abriam portas que
encimavam as entradas frontais, um relógio na torre esquerda, um galo no
alto da torre direita e uma cruz no vértice do frontão.
Simplicidade da fachada original - fototeca Museu Municipal |
Andaimes para início das obras de 1929 - fototeca Museu Municipal |
Pelo projeto de
Vitorino Zani, executado a partir de março de 1929, ricos elementos de adorno
de inspiração barroca cobriram a fachada, as torres foram erguidas e rebuscadas e
o frontispício recebeu a imagem de Nossa Senhora.
Andaimes cobrem o templo - acervo Osni Schroeder |
Torres e frontispício concluídos - acervo Osni Schroeder |
As
obras se estenderam de março, quando foram erguidos os andaimes, até o final
daquele ano de 1929, sendo solenemente inauguradas no dia 29 de dezembro. E,
como símbolo da nova era que o esplendor das modificações conferiu ao templo,
no topo do frontispício, foi assentada a imagem da Virgem Maria, ou da Imaculada
Conceição, ou da Medianeira, ou da Senhora das Graças, ícone da devoção católica, em
contraponto – quem sabe – ao Netuno do topo do Château d’Eau. O fato é que o
Netuno e a Virgem, desde então, encaram-se mútua e disfarçadamente... Ela derrama graças
sobre ele que, por sua vez, protege-a dos raios e descargas com a força de seu
tridente.
Netuno e Nossa Senhora - foto Renato F. Thomsen pontedepedra.blogspot.com.br |
*Dogma da Imaculada Conceição: proclamado pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854, declarando a santidade da Virgem Maria desde a sua concepção, ou seja, ela já foi concebida pura, livre da mancha do pecado original.
Obrigada Mirian ! Preciosa história!
ResponderExcluirSuzana, minha querida leitora! Obrigada!
ResponderExcluirPostagem esclarecedora do contexto social em que ocorreu a reforma de 1929 da nossa Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. Como todas da nossa historiadora e deste blog! Osni Schroeder
ResponderExcluirOsni, a pintura da Nossa Senhora despertou em todos nós a curiosidade de um momento histórico ímpar para Cachoeira. Obrigada pelas considerações!
ExcluirFICOU MUITO BOA A RESTAURAÇÃO DA IMAGEM DA NOSSA SENHORA CONCEIÇÃO , E RESTO DA RESTAURAÇÃO CATEDRAL SERÁ MARAVILHOSO , AMO A HISTORIA DA NOSSA CIDADE DE CORAÇÃO
ResponderExcluirQue bom que gostas! Abraço, Gilmara!
ResponderExcluirComo é gostoso conhecer fatos desta nossa Igreja! Obrigada Mirian!
ResponderExcluirEsta nossa terra tem história, hein Mafalda?
ExcluirA história é para ser contada e preservada, minha amiga Mirian fazes muito bem, estou emocionado e maravilhado com estas descobertas e indagações.
ResponderExcluirParabéns Mirian, mais uma aula de História da nossa terra!
ResponderExcluirSão tantos os detalhes ocultos pelo tempo quanto a capacidade da nossa gente em revela-los.
Os detalhes do tempo estão aí como tesouros, ávidos para serem descobertos. Obrigada!
ExcluirMirian, não tenho palavras para agradecer-lhe pelo lindo trabalho, feito com tanto capricho e carinho por nossa cidade.
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