Espaços urbanos

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Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

sábado, 27 de maio de 2017

As graças da Virgem sobre o Netuno

A Igreja Matriz de Cachoeira já havia sido consagrada a Nossa Senhora da Conceição muito antes do dogma da Imaculada, proclamado pela Igreja Católica em 8 de dezembro de 1854*, e antes ainda da construção do templo que hoje domina o Centro Histórico. A consagração vem da criação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Cachoeira, em 1779.

Desde a sua inauguração, em setembro de 1799, a Igreja Matriz tem passado por muitas e significativas reformas. Do original estilo colonial, com força em nosso meio muito pela natureza belicosa do território e, em razão disto, da presença de engenheiros militares, caso do Coronel João Róscio (autor do projeto), passou para o rebuscamento do barroco, fazendo desaparecer, em 1929, a estrutura simples e robusta da fachada original.

Fachada original da Igreja Matriz - fototeca Museu Municipal

A rudeza de seu aspecto oferecia poucos elementos de adorno, dentre os quais arremates trabalhados no frontispício e nas torres, três pequenas sacadas para as quais se abriam portas que encimavam as entradas frontais, um relógio na torre esquerda, um galo no alto da torre direita e uma cruz no vértice do frontão. 

Simplicidade da fachada original - fototeca Museu Municipal

Andaimes para início das obras de 1929 - fototeca Museu Municipal

Pelo projeto de Vitorino Zani, executado a partir de março de 1929, ricos elementos de adorno de inspiração barroca cobriram a fachada, as torres foram erguidas e rebuscadas e o frontispício recebeu a imagem de Nossa Senhora.

Andaimes cobrem o templo - acervo Osni Schroeder

Torres e frontispício concluídos - acervo Osni Schroeder

As obras se estenderam de março, quando foram erguidos os andaimes, até o final daquele ano de 1929, sendo solenemente inauguradas no dia 29 de dezembro. E, como símbolo da nova era que o esplendor das modificações conferiu ao templo, no topo do frontispício, foi assentada a imagem da Virgem Maria, ou da Imaculada Conceição, ou da Medianeira, ou da Senhora das Graças, ícone da devoção católica, em contraponto – quem sabe – ao Netuno do topo do Château d’Eau. O fato é que o Netuno e a Virgem, desde então, encaram-se mútua e disfarçadamente... Ela derrama graças sobre ele que, por sua vez, protege-a dos raios e descargas com a força de seu tridente. 

Netuno e Nossa Senhora - foto Renato F. Thomsen
pontedepedra.blogspot.com.br

*Dogma da Imaculada Conceição: proclamado pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854, declarando a santidade da Virgem Maria desde a sua concepção, ou seja, ela já foi concebida pura, livre da mancha do pecado original.

12 comentários:

  1. Suzana, minha querida leitora! Obrigada!

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  2. Postagem esclarecedora do contexto social em que ocorreu a reforma de 1929 da nossa Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. Como todas da nossa historiadora e deste blog! Osni Schroeder

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    1. Osni, a pintura da Nossa Senhora despertou em todos nós a curiosidade de um momento histórico ímpar para Cachoeira. Obrigada pelas considerações!

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  3. FICOU MUITO BOA A RESTAURAÇÃO DA IMAGEM DA NOSSA SENHORA CONCEIÇÃO , E RESTO DA RESTAURAÇÃO CATEDRAL SERÁ MARAVILHOSO , AMO A HISTORIA DA NOSSA CIDADE DE CORAÇÃO

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  4. Como é gostoso conhecer fatos desta nossa Igreja! Obrigada Mirian!

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  5. A história é para ser contada e preservada, minha amiga Mirian fazes muito bem, estou emocionado e maravilhado com estas descobertas e indagações.

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  6. Parabéns Mirian, mais uma aula de História da nossa terra!
    São tantos os detalhes ocultos pelo tempo quanto a capacidade da nossa gente em revela-los.

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    1. Os detalhes do tempo estão aí como tesouros, ávidos para serem descobertos. Obrigada!

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  7. Mirian, não tenho palavras para agradecer-lhe pelo lindo trabalho, feito com tanto capricho e carinho por nossa cidade.

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