Espaços urbanos

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Centro Histórico - foto Catiele Fortes

terça-feira, 22 de março de 2022

Série: Registros fotográficos incríveis - IV - Engenhos de arroz - Engenho Brasil

Dando sequência à Série: Registros fotográficos incríveis IV, sobre engenhos de arroz, iniciada com o Grande Engenho Central, vamos agora descobrir outras imagens de outro importante estabelecimento do gênero, o Engenho Brasil, que em seu tempo chegou a ser o maior da América Latina. Os engenhos de arroz foram responsáveis durante décadas pela injeção de recursos que fizeram com que Cachoeira, ao longo do século XX, experimentasse muitos avanços nos mais diversos campos da vida da comunidade, havendo registros fotográficos de boa parte deles, dentre os quais muitos garimpados por Claiton Nazar, colaborador da série.

Assim como para o Grande Engenho Central a publicação O Estado do Rio Grande do Sul, editada por Monte Domecq em 1916, foi importante para a propagação e manutenção da sua história, o Grande Álbum de Cachoeira no Centenário da Independência, de Benjamin Camozato, que no corrente ano completa seu centenário, fez importantes registros fotográficos sobre diversos engenhos daquele tempo. Nessa publicação há referências fotográficas ao Engenho Brasil, assim como outros que em Cachoeira, naquele ano de 1922, existiam "em grande número, com capacidade diária, para o beneficiamento de cerca de 4.000 sacos", segundo palavras de Camozato. Dos engenhos apresentados no Grande Álbum, o primeiro foi justamente o Engenho Brasil, de Reinaldo Roesch & Cia., que produzia diariamente 800 sacos das marcas "Micado" e "Oriente", esta última produzida até o encerramento das suas atividades comerciais, além de "Zênite" e "Gaivota". A capacidade de armazenamento do Brasil era de 40.000 sacos. Acompanhavam Reinaldo Roesch no empreendimento, que foi inaugurado em 26 de maio de 1921, os sócios Dr. Alfredo Papay, Reinaldo Treptow e Edwino Schneider. Na ocasião, os convidados ao ato puderam conferir as instalações e os maquinismos adquiridos para o beneficiamento do arroz, sendo obsequiados com churrasco regado a chope.


Engenho Brasil no Grande Álbum de Cachoeira (1922),
de Benjamin Camozato


Engenho Brasil - foto de Benjamin Camozato - Coleção Claiton Nazar


Complexo do Engenho Brasil - reprodução Robispierre Giuliani


Complexo anterior a 1961 - Coleção Rodrigo Carvalho


Uma das seções do Engenho Brasil - Coleção Wilto Schultz



Seção de embalagem do arroz para comercialização - 
reprodução Robispierre Giuliani



Carregamento para transporte - reprodução Robispierre Giuliani


Locomóvel - Robispierre Giuliani


Em 1928, para atender ao crescimento dos negócios, Reinaldo Roesch e seus sócios mandaram construir um grande depósito fronteiro ao prédio da antiga Fundição Treptow, onde estavam instalados, junto aos trilhos da viação férrea. O depósito tinha capacidade para armazenar 50.000 sacos de arroz e foi construído por Sebastião Moser. 

Um grande incêndio, ocorrido em 24 de fevereiro de 1961, quase liquidou com o complexo do engenho. Mas a capacidade do negócio era tanta que logo teve início a reconstrução, ficando o grande Engenho Brasil com a conformação que ainda hoje pode ser conferida naquela que se tornou, por força de sua presença, conhecida como "área dos engenhos", um verdadeiro patrimônio histórico industrial de Cachoeira do Sul.

As lentes do fotógrafo Robispierre Giuliani registraram as manchetes dos jornais da época, referindo o grande incêndio:

Folha da Tarde, de Porto Alegre (capa - 25/2/1961)


Cobertura da Folha da Tarde



Jornal do Povo (capa - 26/2/1961) - Acervo de Imprensa do Arquivo Histórico



O Comércio (capa - 1.º/3/1961) - Acervo de Imprensa do Arquivo Histórico

Com o passar do tempo, o Engenho Brasil, já então propriedade apenas dos sócios Reinaldo Roesch e Edwino Schneider, mantinha investimentos não só na  produção, aquisição e beneficiamento do arroz, como também na pecuária. A capacidade produtiva diária era de 3.000 sacos de arroz com casca, depósito com capacidade para 500.000 sacos, secadores, moega, silos, instalações para parboilização do arroz e posto de gasolina próprio. Em 26 de julho de 1947, os sócios Reinaldo Roesch e Edwino Schneider deliberaram transformar seu negócio em uma sociedade anônima. No começo da década de 1980, a Reinaldo Roesch S.A. era a principal acionista do Engenho de Arroz Ipiranga, de Cacequi. 

Em 1989, o Engenho Brasil encerrou definitivamente suas atividades, tendo atualmente parte de suas instalações locadas para outros empreendimentos.

Chaminé do Engenho Brasil - Jorge Ritter


Robispierre Giuliani



Em qualquer lugar do mundo a área dos engenhos seria tratada como joia!!! Pensemos nisto.


Vista aérea do extinto Engenho Brasil - Renato Thomsen

 Robispierre Giuliani

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