Espaços urbanos

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Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

terça-feira, 1 de maio de 2012

O 1.º de Maio em Cachoeira

                O historiador Ícaro Bittencourt em sua dissertação de Mestrado intitulada Patrões e Mutualismo Operário em Cachoeira na Passagem entre os Séculos XIX e XX: o Caso das Sociedades Beneficentes Liga Operária Internacional Cachoeirense e União Operária 1º de Maio*, nos conta como aconteceram as primeiras comemorações de 1º de Maio em Cachoeira.

Historiador Ícaro Bittencourt
                No Rio Grande do Sul, o 1º de Maio começou a ser comemorado a partir de 1892, em Porto Alegre, passando logo também a ser festejado em todas as cidades onde o movimento operário já se manifestava.
                Diz o autor em sua dissertação: “Ao longo da Primeira República, as manifestações de 1º de Maio no Rio Grande do Sul foram, em sua maioria, organizadas pelas inúmeras associações operárias fundadas em diversos municípios do estado. O associativismo operário teve origem na segunda metade do século XIX e expressou-se de diversas maneiras, desde sociedades beneficentes (ou de socorro-mútuo) até sociedades de inspiração socialista e anarquista. Foram essas associações que, representando os operários alijados da política oligárquica então vigente e, também, da relativa prosperidade econômica das atividades rurais e urbanas, construíram os parâmetros identitários para parcelas da classe operária e as representaram politicamente. (...) Na cidade de Cachoeira não foi diferente. As duas associações criadas durante a Primeira República, a SOCIEDADE BENEFICENTE LIGA OPERÁRIA INTERNACIONAL CACHOEIRENSE e a SOCIEDADE BENEFICENTE UNIÃO OPERÁRIA 1º DE MAIO promoveram diversas atividades em alusão ao 1º de Maio. A primeira referência da comemoração da data na cidade é de 1899, ano em que a Liga Operária, em seu livro de atas, instituiu a comemoração do referido dia, já entendida como ‘festividade’ e, provavelmente comemorada com brindes, já que foi explicitado no documento que a copa deveria ser paga pelos sócios.”

                Em sua pesquisa, Ícaro Bittencourt levantou comemorações em sucessivos 1ºs. de Maio, “envolvendo música, foguetes, passeata cívica, etc., etc.” E conclui: “Ambas as sociedades operárias, de caráter beneficente, possuíam como membros não só operários, mas também profissionais liberais, como advogados e médicos, militares, pequenos proprietários e até mesmo empresários industriais da cidade. Essa heterogeneidade na composição das associações, cujos sócios também integravam outras sociedades, (...) imprimiam nelas um caráter de ‘harmonia social’.
*Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, UFRGS, 2011.

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