O historiador Ícaro Bittencourt em sua dissertação de Mestrado intitulada Patrões e Mutualismo Operário em Cachoeira na Passagem entre os Séculos XIX e XX: o Caso das Sociedades Beneficentes Liga Operária Internacional Cachoeirense e União Operária 1º de Maio*, nos conta como aconteceram as primeiras comemorações de 1º de Maio em Cachoeira.
Historiador Ícaro Bittencourt |
No Rio Grande do Sul, o 1º de Maio começou a ser comemorado a partir de 1892, em Porto Alegre, passando logo também a ser festejado em todas as cidades onde o movimento operário já se manifestava.
Diz o autor em sua dissertação: “Ao longo da Primeira República, as manifestações de 1º de Maio no Rio Grande do Sul foram, em sua maioria, organizadas pelas inúmeras associações operárias fundadas em diversos municípios do estado. O associativismo operário teve origem na segunda metade do século XIX e expressou-se de diversas maneiras, desde sociedades beneficentes (ou de socorro-mútuo) até sociedades de inspiração socialista e anarquista. Foram essas associações que, representando os operários alijados da política oligárquica então vigente e, também, da relativa prosperidade econômica das atividades rurais e urbanas, construíram os parâmetros identitários para parcelas da classe operária e as representaram politicamente. (...) Na cidade de Cachoeira não foi diferente. As duas associações criadas durante a Primeira República, a SOCIEDADE BENEFICENTE LIGA OPERÁRIA INTERNACIONAL CACHOEIRENSE e a SOCIEDADE BENEFICENTE UNIÃO OPERÁRIA 1º DE MAIO promoveram diversas atividades em alusão ao 1º de Maio. A primeira referência da comemoração da data na cidade é de 1899, ano em que a Liga Operária, em seu livro de atas, instituiu a comemoração do referido dia, já entendida como ‘festividade’ e, provavelmente comemorada com brindes, já que foi explicitado no documento que a copa deveria ser paga pelos sócios.”
Em sua pesquisa, Ícaro Bittencourt levantou comemorações em sucessivos 1ºs. de Maio, “envolvendo música, foguetes, passeata cívica, etc., etc.” E conclui: “Ambas as sociedades operárias, de caráter beneficente, possuíam como membros não só operários, mas também profissionais liberais, como advogados e médicos, militares, pequenos proprietários e até mesmo empresários industriais da cidade. Essa heterogeneidade na composição das associações, cujos sócios também integravam outras sociedades, (...) imprimiam nelas um caráter de ‘harmonia social’.
Em sua pesquisa, Ícaro Bittencourt levantou comemorações em sucessivos 1ºs. de Maio, “envolvendo música, foguetes, passeata cívica, etc., etc.” E conclui: “Ambas as sociedades operárias, de caráter beneficente, possuíam como membros não só operários, mas também profissionais liberais, como advogados e médicos, militares, pequenos proprietários e até mesmo empresários industriais da cidade. Essa heterogeneidade na composição das associações, cujos sócios também integravam outras sociedades, (...) imprimiam nelas um caráter de ‘harmonia social’.
*Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, UFRGS, 2011.
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