Teatro Municipal - inaugurado em 25/12/1900 junto à Praça da Igreja, atual Praça Dr. Balthazar de Bem - fototeca do Museu Municipal |
Há
105 anos, por volta de 23 horas de 18 de janeiro de 1908, a população de
Cachoeira, notadamente das imediações da Igreja Matriz, foi surpreendida por um
enorme estrondo “que fazia lembrar um terremoto longínquo”, conforme descreveu
o jornal Rio Grande, em sua edição de
23 de janeiro daquele ano. E prossegue o jornal: “Os rumores foram quase
unânimes: - Foi o Teatro que caiu.”
De fato a população tinha razão.
O madeiramento do grande casarão do Teatro Municipal tinha sido deslocado
completamente pelo rompimento da linha mestra da amarração geral no dia 6 de
janeiro, quando lá acontecia uma festa infantil em prol do altar do Sagrado
Coração de Jesus da Igreja Matriz. As cerca de 1.000 pessoas que estavam no
prédio, segundo estimativa da imprensa, nada sofreram e, em razão dos riscos de
desabamento, o Vice-Intendente Municipal mandou fechar o Teatro. Para agravar
mais a situação, fortes chuvas ocorridas na véspera do desmoronamento
contribuíram para debilitar ainda mais o telhado que veio “fragorosamente por
terra, ficando entre as paredes do palco.”
A Intendência procurou ouvir
profissionais para obter pareceres sobre as causas do desabamento e apontar
soluções. As conclusões foram de que o madeiramento era muito pesado e que
algumas linhas ou pendurais afastaram-se de suas junturas, abalando uma
viga-mestra e partindo um barrote. A cumeeira do edifício também sofreu um pequeno
desvio na altura do proscênio. As paredes apresentavam pouca resistência e
foram fendidas de alto a baixo. O engenheiro civil Arlindo Leal e Dr. Ahronds,
de Porto Alegre, foram consultados para elaboração de um projeto de remodelação
do Teatro.
A história foi outra. O Teatro
Municipal nunca foi remodelado ou sofreu qualquer reparo. Em 1913, o prédio e
os problemas que ele trazia foram entregues ao governo do Estado que, dois anos
depois, feitas as reformas necessárias, instalou ali o Colégio Elementar
Antônio Vicente da Fontoura e o Fórum. Mais atarracado que o original e sem a
altivez de outrora, o edifício pouco guardou de sua rápida e acidentada vida
cultural.
Uma lástima, Mirian, que o prédio não tenha sido restaurado e sobrevivido...
ResponderExcluirA propósito, o engenheiro e professor Rudolph Ahrons, antigo aluno da Escola Militar, foi o grande responsável pelo boom imobiliário de Porto Alegre no final do Séc. XIX e, principalmente, no início do Séc. XX. Em seu escritório trabalharam os arquitetos Theodor Wiederspahn e Hermann Otto Menschen, entre outros.
Grande informação Leonardo! Obrigada!
ExcluirUma grande perda para a cultura e uma pena não ter chegado aos nossos dias um prédio majestoso desses...
ResponderExcluirVerdade, Zé!
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