O blog já registrou o primeiro apito do trem e o primeiro velocípede. Mas e o primeiro automóvel?
O automóvel, este
utilitário do homem que literalmente entope as ruas das cidades, sejam elas
pequenas ou grandes, mas que permite uma mobilidade incrível a todos nós, e que
decreta à sociedade moderna uma total dependência da autonomia que ele oferece,
chegou a Cachoeira há mais de 100 anos. Causou estranheza, curiosidade e juntou
povo à sua volta. Mas quem foi o introdutor desta máquina fantástica em nosso
meio? O fazendeiro Eurypedes Mostardeiro.
O ano era 1907.
Segundo semestre. A chegada do bólido foi registrada devidamente pelo O Commercio do dia 2 de outubro:
“Acompanhado pelo
Fon-fon que produz o ruído do seu maquinismo, rodou anteontem pela vez primeira
nas ruas da nossa cidade um automóvel. Na Rua Sete, principal artéria da
cidade, houve grande aglomeração de curiosos que presenciavam o extraordinário
acontecimento da vinda do automóvel em que vinham o comandante e o maquinista
do vapor Venâncio Aires, que trouxe da capital aquele carro mecânico,
propriedade do Sr. Eurypedes Mostardeiro.”
Eurypedes
Mostardeiro foi um empreendedor ligado à criação e agricultura. Mantinha negócios com importação e exportação em Porto Alegre, sendo filho do* patrono da Rua Mostardeiro. Em 1907,
juntamente com José Sebastião Vieira da Cunha e Affonso Vieira da Cunha,
constituiu a empresa Eurypedes Mostardeiro & Cia., destinada ao plantio de
arroz na Fazenda São José, conhecida como "da Tafona", no então 2.º distrito do município de Cachoeira.
Fazenda São José - "da Tafona" - fototeca Museu Municipal |
Na cidade,
residiu no Bairro Rio Branco, em uma casa que também foi residência de João
Neves da Fontoura. Esta casa ainda existe e está localizada na Rua Isidoro
Neves, defronte ao Templo Martim Lutero.
Fotografias
preciosas deste primeiro automóvel estão preservadas pela família de Iolanda
Vieira da Cunha, a quem vão os agradecimentos pela gentileza da cessão das
imagens, bem como a Marô Silva. As imagens mostram que o "carro mecânico" de Eurypedes Mostardeiro extrapolou os limites urbanos e atingiu a zona rural. Um feito para os primeiros anos de 1900!
Primeiro automóvel de Cachoeira - propriedade de Eurypedes Mostardeiro Foto na empresa E. Mostardeiro & Cia. - Piquiri Gentileza: Família Iolanda Vieira da Cunha |
* Correção: Eurypedes Mostardeiro era filho de Antônio José Gonçalves Mostardeiro e Laura Mostardeiro, que também dá nome à Rua D. Laura, em Porto Alegre. O casal teve, ao todo, 13 filhos, dentre os quais Hemetério, que vendeu parte das terras da família para o Grêmio Futebol Porto-alegrense construir seu primeiro estádio, no ano de 1904, por 10 contos de réis.
Belo trabalho de pesquisa Mirian. A casa, seria aquela que fizeram aquele crime de queimar as duas árvores que tinha na frente?
ResponderExcluirOi, Roberto. Obrigada, mais uma vez, pela tua apreciação. A casa em questão é a que hoje está ocupada pela Clínica Oftalmológica do Dr. Rodrigo Coelho. A casa dos dois ciprestes queimados fica na Rua Presidente Vargas e pertence à família do Dr. Eurico Wilhelm. Abraço.
ResponderExcluir