A
história do cinema em Cachoeira é muito rica. Desde 1909, quando a primeira
casa do gênero – ou próxima do que viria a ser o cinema – abriu as portas com o
nome de Cinema Parque, vários empreendimentos envolvendo a exibição de imagens ditas
cinematográficas começaram a surgir.
Se
o primeiro cinema de Cachoeira foi o Cinema Parque (1909), que depois mudou o nome para Cinema Recreio Cachoeirense, o segundo a abrir as
portas ao público surgiu de um investimento dos gênios da mecânica, irmãos
Albino e Renoardo Pohlmann, que batizaram o novo ponto de diversão como Cinema
Familiar, talvez aludindo à característica de sociedade familiar. A
primeira sessão ocorreu em outubro de 1910.
Localizado
na Praça José Bonifácio, em terreno que fazia canto com a Rua Andrade Neves e
fronteiro à movimentada Avenida das Paineiras (Rua Sete de Setembro), deve ter
chamado a atenção da florescente Cachoeira daquele início do século XX.
Oferecia 360 cadeiras numeradas, seis camarotes, bancadas e palco, tudo
iluminado à luz elétrica. Aliás, recurso que os irmãos Pohlmann dominavam como
poucos, afinal as primeiras experiências com este tipo de energia tinham sido
protagonizadas por eles em 1901, na Praça da Conceição, em um festejo
religioso. A luz elétrica só seria instalada na cidade – e provisoriamente – em
janeiro de 1912! Então, era uma atração a mais!
Em
setembro daquele ano de 1910, a cidade já se mostrava curiosa com a novidade
que os irmãos Pohlmann preparavam, e o jornal O Commercio, em sua edição do dia 21, comentava:
Sob a direção do engenheiro da
Intendência, Dr. Hans von Hof, está sendo ajardinada a Praça José Bonifácio, em
cujos lados Sul e Leste já existem canteiros de vários feitios, ornados de pés
de flores e arbustos. No ângulo Sul, defrontando com a Rua Sete de Setembro,
nessa quadra bastante movimentada, eleva-se um elegante pavilhão destinado a
exibições cinematográficas e ali mandado construir pelos operosos irmãos
Pohlmann. Logo que esteja funcionando essa casa de diversões, que será
inaugurada sábado ou domingo próximos, e cuja moderna fachada merece foros de
cidade por sua aprimorada arquitetura, maior animação se produzirá ainda no
aformoseado sítio já de muito preferido pelo povo para seu recreio. Ao ângulo
Sul, bem no vértice, divisa-se, como uma espécie de gruta, um gracioso quiosque
a vitalizar também com o seu leve comércio de teteias e guloseimas essa pequena
zona do cruzamento da Rua Sete com a travessa Andrade Neves.
Como se vê, a movimentação
em torno do empreendimento estava a causar boas impressões e a atiçar a
curiosidade de todos, demonstrando o acertado investimento dos “operosos”
irmãos Pohlmann. A escolha do ponto da nova casa de cinema, pelo conjunto de
atrações que continha, foi um acertado negócio.
O Cinema Familiar ainda
trazia outra novidade: era coberto por pano que media 29,70 metros por 16,20,
contrastando com o seu antecessor, que funcionava ao ar livre e dependia do
tempo bom para poder funcionar. O certo é que os irmãos Pohlmann inauguraram
um ponto que por mais de vinte anos seria tradicionalmente de cinema.
O Cinema Familiar e sua "moderna fachada", conforme noticiava O Commercio - Fototeca Museu Municipal |
Em 1912, a sociedade
administradora do cinema passou para Pohlmann & Moser, sem troca do nome
fantasia. Segundo publicação do jornal Rio
Grande, de 7 de março, o Cinema Familiar, sob a nova administração, iria
passar por uma reforma radical, com cobertura, alargamento de palco para
acomodação de cenários, aumento do número de camarotes e da plateia. O teatro
seria fechado no inverno, podendo ser aberto no verão, e ventiladores seriam
instalados.
Pohlmann & Moser tinham
planos de investir mais em teatro, razão das reformas que visavam atender
companhias líricas e dramáticas. Enquanto aconteciam as reformas, as
sessões cinematográficas não ficaram interrompidas.
Todas as melhorias no
Cinema Familiar não garantiram a permanência de Renoardo Pohlmann e Felippe
Moser no negócio. Em outubro de 1912 eles venderam a existência do cinema para
a Empresa Figueiró, nascendo então o Cinema Coliseu Cachoeirense. Mas esta já é
outra história!
Uma viagem no tempo,adoro estas histórias da cidade.
ResponderExcluirObrigada, Zé!
ExcluirSou ávida por estas histórias! Parabéns Mirian por buscar e nos manter informados destas histórias de nossa amada Cachoeira#belaquesóela.
ResponderExcluirQuerida Mafalda, que bom que aprecias. Nossa Cachoeira, #belaquesóela! Beijão.
ExcluirMirian obrigada por compartilhar o que nos faz compreender melhor a sociedade de Cachoeira.
ResponderExcluirA série seguirá, Suzana.
ExcluirQue bela história! Parabéns. Viajamos no tempo com este excelente Blog. Farei uma "chamada" pelo meu Face. Abraços
ResponderExcluirMuito obrigada! Podes buscar assuntos no campo pesquisa, no alto esquerdo da página inicial. Boa viagem pela nossa história!
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