Espaços urbanos

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Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

domingo, 2 de julho de 2017

Série História do Cinema em Cachoeira: o CINEMA FAMILIAR

A história do cinema em Cachoeira é muito rica. Desde 1909, quando a primeira casa do gênero – ou próxima do que viria a ser o cinema – abriu as portas com o nome de Cinema Parque, vários empreendimentos envolvendo a exibição de imagens ditas cinematográficas começaram a surgir.

Se o primeiro cinema de Cachoeira foi o Cinema Parque (1909), que depois mudou o nome para Cinema Recreio Cachoeirense, o segundo a abrir as portas ao público surgiu de um investimento dos gênios da mecânica, irmãos Albino e Renoardo Pohlmann, que batizaram o novo ponto de diversão como Cinema Familiar, talvez aludindo à característica de sociedade familiar. A primeira sessão ocorreu em outubro de 1910.

Localizado na Praça José Bonifácio, em terreno que fazia canto com a Rua Andrade Neves e fronteiro à movimentada Avenida das Paineiras (Rua Sete de Setembro), deve ter chamado a atenção da florescente Cachoeira daquele início do século XX. Oferecia 360 cadeiras numeradas, seis camarotes, bancadas e palco, tudo iluminado à luz elétrica. Aliás, recurso que os irmãos Pohlmann dominavam como poucos, afinal as primeiras experiências com este tipo de energia tinham sido protagonizadas por eles em 1901, na Praça da Conceição, em um festejo religioso. A luz elétrica só seria instalada na cidade – e provisoriamente – em janeiro de 1912! Então, era uma atração a mais!

Em setembro daquele ano de 1910, a cidade já se mostrava curiosa com a novidade que os irmãos Pohlmann preparavam, e o jornal O Commercio, em sua edição do dia 21, comentava:

Sob a direção do engenheiro da Intendência, Dr. Hans von Hof, está sendo ajardinada a Praça José Bonifácio, em cujos lados Sul e Leste já existem canteiros de vários feitios, ornados de pés de flores e arbustos. No ângulo Sul, defrontando com a Rua Sete de Setembro, nessa quadra bastante movimentada, eleva-se um elegante pavilhão destinado a exibições cinematográficas e ali mandado construir pelos operosos irmãos Pohlmann. Logo que esteja funcionando essa casa de diversões, que será inaugurada sábado ou domingo próximos, e cuja moderna fachada merece foros de cidade por sua aprimorada arquitetura, maior animação se produzirá ainda no aformoseado sítio já de muito preferido pelo povo para seu recreio. Ao ângulo Sul, bem no vértice, divisa-se, como uma espécie de gruta, um gracioso quiosque a vitalizar também com o seu leve comércio de teteias e guloseimas essa pequena zona do cruzamento da Rua Sete com a travessa Andrade Neves.

Como se vê, a movimentação em torno do empreendimento estava a causar boas impressões e a atiçar a curiosidade de todos, demonstrando o acertado investimento dos “operosos” irmãos Pohlmann. A escolha do ponto da nova casa de cinema, pelo conjunto de atrações que continha, foi um acertado negócio.

O Cinema Familiar ainda trazia outra novidade: era coberto por pano que media 29,70 metros por 16,20, contrastando com o seu antecessor, que funcionava ao ar livre e dependia do tempo bom para poder funcionar. O certo é que os irmãos Pohlmann inauguraram um ponto que por mais de vinte anos seria tradicionalmente de cinema.

O Cinema Familiar e sua "moderna fachada", conforme noticiava O Commercio
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Fototeca Museu Municipal

Em 1912, a sociedade administradora do cinema passou para Pohlmann & Moser, sem troca do nome fantasia. Segundo publicação do jornal Rio Grande, de 7 de março, o Cinema Familiar, sob a nova administração, iria passar por uma reforma radical, com cobertura, alargamento de palco para acomodação de cenários, aumento do número de camarotes e da plateia. O teatro seria fechado no inverno, podendo ser aberto no verão, e ventiladores seriam instalados.

Pohlmann & Moser tinham planos de investir mais em teatro, razão das reformas que visavam atender companhias líricas e dramáticas. Enquanto aconteciam as reformas, as sessões cinematográficas não ficaram interrompidas.

Todas as melhorias no Cinema Familiar não garantiram a permanência de Renoardo Pohlmann e Felippe Moser no negócio. Em outubro de 1912 eles venderam a existência do cinema para a Empresa Figueiró, nascendo então o Cinema Coliseu Cachoeirense. Mas esta já é outra história!

8 comentários:

  1. Uma viagem no tempo,adoro estas histórias da cidade.

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  2. Sou ávida por estas histórias! Parabéns Mirian por buscar e nos manter informados destas histórias de nossa amada Cachoeira#belaquesóela.

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    1. Querida Mafalda, que bom que aprecias. Nossa Cachoeira, #belaquesóela! Beijão.

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  3. Mirian obrigada por compartilhar o que nos faz compreender melhor a sociedade de Cachoeira.

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  4. Que bela história! Parabéns. Viajamos no tempo com este excelente Blog. Farei uma "chamada" pelo meu Face. Abraços

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    1. Muito obrigada! Podes buscar assuntos no campo pesquisa, no alto esquerdo da página inicial. Boa viagem pela nossa história!

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