Um
nome – para o qual até então não havia rosto – é recorrente quando o
assunto é inventividade, genialidade e protagonismo: o de José Albino Pohlmann. E agora, graças a esta postagem e ao auxílio de Tânia Maria Möller Pohlmann, finalmente surgiu um rosto para ele!
Provável imagem de José Albino Pohlmann - Acervo familiar Tânia M. Möller Pohlmann |
Chegado a Cachoeira aos três anos de
idade, oriundo de Santa Clara, interior do atual município
de Taquara, onde nasceu em 18 de junho de 1868, José Albino, ou somente Albino,
como ficou mais conhecido, veio com os pais e irmãos. Era filho
de João Frederico Pohlmann e de Emilia Ritter Pohlmann. O pai, que foi dono do
primeiro engenho de descascar arroz, localizado na Rua Sete de Setembro, onde
também funcionava uma oficina mecânica, foi seu instrutor. Os conhecimentos que
adquiriu e que lhe propiciaram o pioneirismo em engenhocas e técnicas foram frutos do grande interesse e curiosidade que tinha. Um autodidata, em 1922 foi diplomado
como engenheiro mecânico eletricista pela Congregação de Escolas Livres de
Engenharia do Rio de Janeiro, depois de ter defendido tese. Que tese
teria sido esta? Certamente tratava sobre
suas bem sucedidas experiências com motores ou energia elétrica.
Em 1892, “com apenas parcas ferramentas,
suas mãos e um cérebro privilegiado”, como discorreu O Commercio em sua necrologia, Albino construiu integralmente a primeira
máquina a vapor no município – e talvez no Sul do Brasil! Esta máquina, um
pequeno motor, foi envolto por “um casco metálico e singrou garbosamente as
águas do Jacuí.” Este pioneiro motor, uma raridade, foi doado anos atrás ao
Museu Municipal. Depois da experiência exitosa com o barquinho movido a motor,
a que ele deu o nome de “Caçador”, Albino projetou outros maiores, com
capacidade para transportar entre 15 e 20 pessoas, destinados a realizar
passeios aos pontos próximos à cidade, como o Capão Grande, Capané, Charqueada e Irapuá. Foram de sua fabricação o vapor “Recreio” e as lanchas “Primavera”,
“Audaz” e “Salácia”.
Em 1898, quando a eletricidade no
Brasil era uma experiência quase desconhecida, Albino Pohlmann já havia
construído em Cachoeira um dínamo. Em 1901, com um dínamo um pouco maior,
iluminou o adro da Matriz para uma festa do Divino Espírito Santo, da qual era
festeiro João Jorge Krieger. Depois desta primeira experiência, todas as festas
religiosas e cívicas, se realizadas à noite, contavam com a habilidade e
presteza de Albino.
Igreja Matriz - Fototeca Museu Municipal |
Em 1900, unicamente por sua
engenhosidade e interesse, fabricou seu primeiro motor com explosão interna.
Naquele mesmo ano montou as máquinas do jornal O Commercio. Por ocasião da notícia de sua morte, dada em edição daquele
jornal de 23 de julho de 1947, a redação assim referiu:
Albino Pohlmann também montou
as máquinas deste jornal, das quais muitas peças foram por ele fabricadas.
Estas linhas foram impressas na máquina que montou há 48 anos e que ainda existe
como consequência da sua dedicação. Sempre tratou-a como se fosse a menina de
seus olhos.
Tipografia d'O Commercio, Rua Sete de Setembro - Coleção Claiton Nazar |
Em 1901, um dos seus dínamos iluminou o
Teatro Municipal para que ali passasse o primeiro filme. E depois disso, organizou uma empresa
cinematográfica em Rio Grande e abriu em Cachoeira, em sociedade com o irmão
Renoardo, o Cinema Familiar, na Praça das Paineiras (José Bonifácio). Renoardo,
que era fotógrafo, utilizava aparelhos fotográficos construídos por Albino.
Cinema Familiar - Fototeca Museu Municipal |
Contam-se em muitas as invenções e
novidades apresentadas por Albino Pohlmann. No ano de 1898,
acompanhado por Jorge Franke, Hugo e Walter Gerdau (os fabricantes dos famosos
móveis Gerdau), fez a introdução da bicicleta em Cachoeira, o que ensejou, por
eles, a fundação do Clube de Ciclistas. O
primeiro automóvel chegado em Cachoeira, de Eurípedes Mostardeiro, foi “guiado”
por ele e pelo irmão Waldemar.
Primeiro automóvel, de Eurípides Mostardeiro - no verso da foto consta o nome de Waldemar Pohlmann, irmão de Albino - Acervo Família Vieira da Cunha |
Mas sua entrada na história se deu através das lavouras de arroz, para as quais empregou 32 anos de sua vida. O início foi em 1888, quando auxiliou o pai na montagem do primeiro engenho de arroz da cidade. Naquela ocasião, teria inventado um separador de arroz largamente empregado depois em outros estabelecimentos do gênero. Nunca tirou patente deste invento e, pelo contrário, ensinava os interessados a fabricá-lo. Em 1906, levou a mecanização a várias lavouras, garantindo o pioneirismo de Cachoeira na irrigação.
Por ocasião das obras de distribuição
de água da segunda hidráulica, José Albino Pohlmann foi guindado à chefia dos
serviços de águas e esgotos da Intendência, nela atuando até 1937.
Sua morte, em 19 de julho de 1947, ensejou uma bela reconstituição dos feitos e a localização de seu rosto...
Que história e que ser humano fantástico!
ResponderExcluirUm inventor de mão cheia,gostei.
ResponderExcluirNOssa, esse senhor entrou para a história! Tanto pioneirismo que começou em Cachoeira merece ser conhecido. Parabéns pelo trabalho, MIriam!
ResponderExcluirGostei dos empreendimentos dele, da história que divulgas e fiquei encantada com a foto do Cinema Familiar. Quem dera hoje se criasse um recanto de árvores e bancos assim na cidade.
ResponderExcluirMara, bom te ver por aqui e saber que aprecias as histórias que no blog registro! Abraço!
ExcluirEstou pensando em fazer um trabalho de conclusão de curso sobre os inventos do Albino Pohlmann, você sabe se tem registros desse inventos?
ResponderExcluirInfelizmente não sei informar.
ExcluirEra meu tio-avô.
ResponderExcluirParabéns, Mirian.
Eu não sabia disso tudo.
Fiquei orgulhoso e muito agradecido.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMinha avó ( in memorian), se chamava Elmira Dias Polhmann * meu se chamava Francisco pohlmann e fiquei muito feliz por saber da história de Albino pohlmann pois meu pai era muito inteligente e inventor na cidade de Alegrete, minha vó imigrou p Artigas no Uruguai onde foi enterrada
ResponderExcluirSou bisneta de Adelina Maria Pohlmann Karst, irmã de José Albino.
ResponderExcluirMuito feliz por ter conhecido tantos detalhes interessantes da história dele por meio dessa publicação.
Obrigada, Miriam Ritzel. :)
Fico feliz, Luciana, que esta postagem tenha te tocado. Obrigada!
ExcluirUma história cheia de capítulos impresionantes.
ResponderExcluirParabéns!
Sem dúvida, Paulo!
ExcluirLeia-se: impressionantes
ResponderExcluirQué história tan interesante...al ver la foto me acordé que la había visto en el álbum de mi abuela...y sí allí está y es la família de mi abuelo materno...Henrique Pohlmann que era hermano de Albino Pohlmann...Llevo el nombre de su madre o sea mi bisabuela Emilia...La família pasó para Uruguay..
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