“Na
minha terra sempre houve, outrora, duas armas irresistíveis – a eloquência e o
cavalo."
João Neves da Fontoura
João Neves da Fontoura - 1933 - Coleção Saul Rosa Garcia |
Esta frase define os dois tipos de homens
do Rio Grande. João Neves da Fontoura, nascido em Cachoeira a 16 de novembro de
1887, entre as duas armas irresistíveis, escolheu para a sua vida a da
eloquência.
O pai, Coronel Isidoro Neves da Fontoura, era
a maior liderança política de Cachoeira no final do século XIX, início do
século XX. Ao contrário do filho, Isidoro era homem de poucas palavras, muita
ação – e imposição. João Neves parece ter incorporado as características de
mando do pai, especializando-se na eloquência.
Borges de Medeiros e o Cel. Isidoro Neves - Fototeca Museu Municipal |
Muito jovem, pelas páginas do jornal
republicano Rio Grande, começou a
exercitar o dom da escrita. Até Cândida Fortes Brandão, sua professora por
pouco tempo na formação inicial, foi vítima de suas ferinas palavras, que se defendia atacando-o em artigos no O Commercio.
A eloquência, a formação acadêmica e os conselhos de Borges de Medeiros fizeram-no
crescer na política, onde galgou importantes postos, e na literatura, com a
conquista de cadeiras na Academia Rio-Grandense e Brasileira de Letras.
Com o fardão da Academia Brasileira de Letras - Fototeca Museu Municipal |
Cachoeira deve muito ao filho ilustre,
empreendedor de uma verdadeira transformação urbana. São
obras de sua administração altos investimentos em saneamento, o que na década
de 1920 era um salto para o futuro, e no embelezamento da cidade.
As palavras de Barbosa Lima Sobrinho,
advogado, ensaísta, historiador e membro da Academia Brasileira de Letras,
sintetizam o perfil do grande João Neves da Fontoura:
“Tudo em João Neves era ação. Sua oratória,
desprezando artifícios e babados, era, antes de tudo, ação política, como o seu
jornalismo, os seus livros, como as suas dissertações de memorialista.”
O velho Coronel Isidoro deixou no filho a
sua marca. E João Neves soube aperfeiçoar a herança paterna com a sua
capacidade de articulação. Ambos entraram para a história, e como convêm ao mestre e ao pupilo, o filho suplantou o pai.
Realmente Mirian! Em tudo que tive oportunidade de ler, o velho Borges tinha João Neves quase como o filho que não teve. As palavras que AABM escreveu quando da publicação do livro Memórias falam do respeito e admiração pelo JN.
ResponderExcluirEu diria que o respeito era recíproco. JNF não titubeou quando o velho Borges mandou-o para assumir a Intendência de Cachoeira. E olha que ele não queria...
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