A Série Empreendedores do Passado inaugura com o alemão Otto Mernak, natural
de Chemnitz, na Saxônia, e que chegou em 1903 ao Rio Grande do Sul, fixando-se em São Leopoldo. Em 1912 veio para Cachoeira, onde abriu oficina mecânica e fundição
em um galpão defronte à Estação Ferroviária.
Otto Mernak com a esposa Maria e os filhos Curt, Ernesto e Rosinha |
A oficina de Otto foi
convenientemente instalada na região que no início do século XX podia ser
considerada a zona industrial da cidade, que era justamente a que rodeava a
Estação. Seu negócio não ficou isolado, mas em posição estratégica que lhe permitia o convívio com engenhos de arroz e outros
empreendimentos que se serviam da ferrovia para recebimento e escoamento de
mercadorias. E poderiam lhe oferecer muitos serviços...
Com trabalho constante e esforçado, tornou-se um dos mais bem sucedidos industriais de Cachoeira e a empresa fundada por ele, a Mernak S.A., chegou a ser a maior fabricante de locomóveis e caldeiras da América do Sul, abastecendo o mercado interno e externo.
Estação Ferroviária cercada pelos engenhos de arroz - fototeca Museu Municipal |
Com trabalho constante e esforçado, tornou-se um dos mais bem sucedidos industriais de Cachoeira e a empresa fundada por ele, a Mernak S.A., chegou a ser a maior fabricante de locomóveis e caldeiras da América do Sul, abastecendo o mercado interno e externo.
Locomóvel em fotografia de janeiro de 1952 - Acervo Família Mernak |
Uma matéria publicada no jornal
O Commercio, de 25 de junho de 1919,
dá a dimensão do quanto “o operoso industrialista Otto Mernak” estava fazendo
história em seu ofício:
"A convite do operoso
industrialista, Sr. Otto Mernak, fomos (…) apreciar o trabalho de fundição de
ferro na bem montada oficina estabelecida nas imediações da estação
ferroviária.
Cartão da Oficina Mecânica e Fundição de Otto Mernak - Acervo Família Mernak |
O Sr. Otto Mernak aqui chegou
em setembro de 1912, começando uma oficina mecânica e de fundição, em proporções
modestas, que era localizada num armazém de tábuas.
Ultimamente, porém, a casa
tornou-se insuficiente para conter ampliações que a crescente afluência de
trabalho estava a exigir, e o Sr. Mernak tomou e executou a resolução de
construir um prédio de material, de 35 metros de comprimento por 10,60 de
largura, no qual funcionam, há pouco mais de um mês, as novas e aumentadas
oficinas.
Oficinas de Otto Mernak (1922) - Grande Álbum de Cachoeira, de Benjamin Camozato |
- Podemos fazer tudo o que
concerne ao ramo, disse-nos o Sr. Mernak – e, se não fora a escassez atual do
ferro em lâminas, até locomotivas para a Viação Férrea poderíamos construir.
Vimos bombas para empresas
arrozeiras e peças avulsas para as mesmas (curvas, etc.) prontificadas na
fundição, peças novas para motores e, no galpão, trilhadeiras e locomóveis
compostas e a compor.
Interior da oficina mecânica e fundição - Arquivo Família Mernak |
22 operários exercem ali a sua
atividade, sob a direção dos Srs. Otto Mernak e Leopoldo Dill, sendo que este
último entrou recentemente a fazer parte da direção e é interessado na
indústria, como sócio.
Uma locomóvel de oito cavalos
trabalha durante o dia inteiro, fornecendo força motriz às máquinas e acionando
também um dínamo que fornece luz elétrica ao estabelecimento.
Dentro da oficina existe um
compartimento especial para a confecção de modelos de madeira destinados aos
trabalhos de fundição, no qual trabalham, ininterruptamente, dois hábeis
marceneiros.
O prédio, não obstante sua
amplitude, é construído de modo a poder facilmente sofrer algumas ampliações,
se o futuro torná-las necessárias.
A fundição atual é, decerto, um
belo resultado do esforço do Sr. Otto Mernak, um trabalhador de rija têmpera e
que há de olhar com íntima satisfação para a sua obra."
A matéria do jornal demonstra a pujança do negócio de Otto Mernak, especialmente em tempos recém-saídos da I Grande Guerra, fator indiscutível de inibição dos empreendimentos.
Vencida a Primeira Grande Guerra, Mernak continuou a expansão da sua indústria até que a morte o colheu em uma viagem de passeio à Alemanha no dia 23 de junho de 1935. O vínculo estabelecido com Cachoeira não se dissipou com a morte. Tempos depois os seus despojos foram trazidos para a cidade que o acolheu e repousam no Cemitério Municipal em imponente túmulo.
A matéria do jornal demonstra a pujança do negócio de Otto Mernak, especialmente em tempos recém-saídos da I Grande Guerra, fator indiscutível de inibição dos empreendimentos.
Vencida a Primeira Grande Guerra, Mernak continuou a expansão da sua indústria até que a morte o colheu em uma viagem de passeio à Alemanha no dia 23 de junho de 1935. O vínculo estabelecido com Cachoeira não se dissipou com a morte. Tempos depois os seus despojos foram trazidos para a cidade que o acolheu e repousam no Cemitério Municipal em imponente túmulo.
Cemitério Municipal - 1955 - Acervo Família Mernak |
Muito bom Mirian! Naquela época era permitido que as pessoas trabalhassem.
ResponderExcluirCostumo dizer, Suzana, que o Brasil é o único país do mundo que leva a origem da palavra trabalho ao pé da letra, ou seja, como instrumento de castigo. Abraço.
ExcluirParabéns, Mirian; há muito tempo queria saber sobre Otto Mernak. Vi, certa vez, um locomóvel Mernak no interior do Amazonas - 1.979.
ResponderExcluirObrigada, Lecino. Qualquer dia contarei outras novidades.
ExcluirAbraço.
Prezada Mirian, parabéns pela publicação e conservação de nossa História. Estou escrevendo dissertação de mestrado cujo tema é o desenvolvimento de Cachoeira do Sul, ou o abandono dele...
ResponderExcluirTive a satisfação de trabalhar nesta Empresa "Mernak S.A." do ano de 1983 até 1991 como Desenhista. O primeiro emprego e com certeza o que mais me deu satisfação, não pelo salário, que até era pouco, mas pela equipe unida que ali trabalhava, saudades daqueles bons tempos!!!
ResponderExcluirParabéns Mirian, lindo trabalho que tens feito pelo municpio. Uma dúvida que ainda tenho são de como legítimos impérios como esse e outros de nossa cidade ruíram?
ResponderExcluirObrigado,
Leandro
Obrigado por publicar essa história, minha família produz arroz irrigado e temos algumas bombas centrífugas da Mernak, que bela história de trabalho dessa família, talvez naquela época podiam trabalhar sem tanta burocracia como temos hoje.
ResponderExcluirAcabei de encontrar uma caldeira da marca aqui no Paraguai...de 1962...
ResponderExcluirtenho uma faca que passou de geraçao por gereçao da minha familia que esta escrito mernak s a e aparenta ser de prata alguem sabe mais sobre elas ?
ResponderExcluirTalvez seja um objeto usado como lembrança da empresa, pois não me consta que trabalhassem com cutelaria.
ExcluirFeliz de saber um pouco mais da história da Mernak S.A. Leopoldo Dill era meu avô, mas não cheguei a conhecê-lo, nasci aproximadamente 2 anos após ele falecer. Sempre escutei algumas histórias contadas por minha mãe (Helma Dill Piechottka) e não entendia por que chamavam de "Oficina"... Obrigada, Miriam, por contar um pouquinho mais sobre a história da minha família!
ResponderExcluirOlá, que legal o teu blog. Descobri nas pesquisas sobre Cachoeira do Sul, meu avô foi metalúrgico nesta empresa. Estou escrevendo sobre minha tia avó, então estou reunindo informações tudo que tenha a ver com ela.
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