Espaços urbanos

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Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

domingo, 21 de janeiro de 2018

Augusta ou Augusto?

A surpresa que causou a muita gente a denominação da Rua Major OURIQUE, sem o “s” final, e que inclusive consta grafada com erro nas placas, nos remete a outros casos semelhantes que há na nomenclatura urbana, como por exemplo a Rua Henrique Möller, que alguns insistem em chamar erroneamente de Henrique Müller. Mas talvez o caso mais sério de troca seja o do Bairro Augusta, em que o gênero do homenageado não corresponde à pessoa que determinou a denominação.

Longe de ser uma mulher, o patrono daquele bairro é Augusto Ristow, natural de Candelária, filho de Carlos Ristow e Margarida Heinrich Ristow, nascido no dia 13 de maio de 1872.

Augusto com os pais e irmãos - acervo da famíia

Augusto casou com Matilde Zillmer e o casal teve os filhos Alfredo, nascido em Rio Pardo no dia 12 de julho de 1896, e Helma, natural de Candelária e nascida em 26 de agosto de 1898.

Augusto e Matilde Ristow - acervo da família

Em 1913, Augusto adquiriu um corte de chácara localizado no 1.º distrito de Cachoeira, lugar denominado Alto do Amorim, de mil setecentos e sessenta metros quadrados.  Agricultor de profissão, dedicou-se a cultivar flores, verduras e à produção leiteira na área que foi depois se expandindo.

Em novembro de 1942, quando contava 72 anos, Augusto Ristow cometeu suicídio. Seu genro, Guilherme João Afonso Stratmann, montou um armazém no local e abastecia as famílias da redondeza. Depois que S. Afonso, como era conhecido, faleceu, a filha Zilda organizou uma vila, loteando e vendendo terrenos. Nascia a Vila Augusto.

Mas como a VILA AUGUSTO virou Vila AUGUSTA e hoje é conhecida como BAIRRO AUGUSTA? A explicação talvez esteja em um erro de grafia no documento que licenciava a vila, emitido em março de 1957 pela Prefeitura Municipal, a despeito de outros documentos de venda de terrenos registrarem corretamente a Vila Augusto.

Alvará de licença para localização - 1957
- acervo da família

O fato é que a homenagem que a família Ristow queria prestar ao patriarca Augusto acabou sendo desvirtuada por um erro de grafia que pode ter sido reforçado pela facilidade de concordância de gênero com a palavra vila. Mais tarde, com legislação municipal que determinou a substituição do termo vila por bairro, o provável desconhecimento do nome do homenageado não promoveu a correção.

Que fique aqui o registro: ainda que o uso tenha consagrado o bairro com o nome de Augusta, a justiça impõe que se diga – Bairro Augusto!

Nota: esta postagem é dedicada à professora Maria Inês Vanti Marques, bisneta de Augusto Ristow, que me permitiu conhecer e contar esta história. 

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