As imagens que registram aspectos urbanos do passado
de Cachoeira, na sua maioria, não apresentam datação, de modo que o exercício
do observador na tentativa de fixá-las em um tempo cronológico pode ser um grande
desafio... Mas também um exercício maravilhoso!
Há uma série especial de imagens, mais precisamente
de cartões-postais, que se tornaram itens apreciáveis seja pela estética do
lugar retratado, seja pelo ângulo registrado ou pelo processo empregado na sua edição.
E aí um nome se impõe em sua provável autoria: o de Benjamin Camozato,
fotógrafo amador, dentista, cinegrafista, filatelista e outras tantas
atividades que marcaram seu nome como um homem empreendedor. Mas, fatalmente,
pela intensa e bem propagandeada edição de séries de cartões-postais
creditam-se a ele muitas das imagens deste gênero até hoje conservadas na
fototeca do Museu Municipal e em coleções particulares.
Dentre tantos belos aspectos da Cachoeira das duas
primeiras décadas do século XX, período em que Camozato residiu por aqui, um
que é especialmente belo no ângulo retratado e nas cores empregadas – e certamente
obra do fotógrafo – pode ter tido enfim descoberta a verdadeira data em que foi
feito por uma notícia publicada no jornal O
Commercio, edição de 2 de maio de 1917:
Caiadura da Igreja Matriz. Já está
concluída a caiadura externa da Igreja Matriz, inclusive a das respectivas
torres, mandada efetuar pela Irmandade Conjunta do Santíssimo Sacramento e
Nossa Senhora da Conceição. Foi empreiteiro desse trabalho o construtor Sr.
Francisco V. Martins, que em concorrência o arrematou por 1:250$000 (um conto e
duzentos e cinqüenta mil réis). A Igreja atualmente oferece belo aspecto, pois
as cores das tintas foram bem escolhidas.
Cartão-postal retratando a caidura de 1917? Série atribuída a Benjamin C. Camozato - fototeca Museu Municipal |
Com o julgamento, o olhar do leitor!
* Caiação.
Fantástica essa informação sobre a certificação provável de alguma imagem, sempre se aprende quando se lê tuas postagens.
ResponderExcluirObrigado !
Caríssimo Hugo, todo dia estou aprendendo alguma coisa também. Fantástico como o passado consegue conversar com o presente!
ExcluirAbraço e obrigada pelo apoio permanente.
Mirian Ritzel