Ruben Prass na direção do Prass 1956 - acervo familiar |
Alguém
um dia disse que “os homens vão, mas ficam suas obras”. De Ruben Otto Prass,
que partiu no dia 11 de março de 2017, pode-se fazer um inventário enorme de
obras, fruto da sua genialidade e de um espírito inventivo advindo da dedicação
extrema e incansável à sua paixão: a eletricidade.
Desse
homem que viveu 92 anos produtivos não serão lembradas somente as obras, boa
parte delas em pleno funcionamento dentro do recinto do seu lar e da esposa
Ieda, mas também a fama da genialidade e a associação popular de sua figura à
do Professor Pardal dos quadrinhos de Walt Disney! Fama que, aliás, não é
desmedida, uma vez que ele foi o fabricante do primeiro carro artesanal do
Brasil, o Prass 1956, carinhosamente apelidado pela família de “autinho”, e que
ganhou divulgação nacional em 2009, quando o programa Auto Esporte, da Rede
Globo, levou ao ar a história do carro construído a partir do motor de uma
motocicleta!
Pela
residência dos Prass vários inventos de Ruben garantiram a facilitação das
atividades domésticas da D. Ieda, como fornecimento de água quente para toda a
casa por meio da captação de energia solar, elevador feito com correias de
bicicletas para condução ao terraço, onde fica o varal, climatização da casa
inteira com um único aparelho de ar-condicionado, que também funciona como
secadora de roupas, e até um aparelho de ultrassom para espantar mosquitos!
Nascido
em Candelária no dia 5 de junho de 1924, filho de Rodolpho Prass e Elizabetha
Jensen Prass, Ruben Otto veio para Cachoeira, onde trabalhou, do final dos anos
1930 até meados dos anos 1940, na Casa Elétrica de Guilherme Matte. Em 1949, com
o irmão gêmeo Reimar Hugo, instalou a firma Centro Rádio Elétrico. E como
eletrotécnico, prestou muitos e variados serviços: instalações elétricas
em prédios e residências, manutenção técnica de emissoras de televisão e rádio,
assistência a casas de cinema, como o Cine Ópera Astral, desde a sua abertura
em 1953 até o seu fechamento em 2003, e recentemente do Cine Via Sete. A
modernidade e a evolução tecnológica, antes de assustá-lo, o estimulava em sua
genial capacidade de entender os mistérios da eletroeletrônica.
Trabalhando até o fim - 1/3/2017 - foto Elizabeth Thomsen |
A trajetória
de vida de Ruben Otto Prass não se esgota em sua extrema capacidade
profissional e criativa. Ganha projeção também e muito significativamente no
envolvimento comunitário e nas ações voluntárias em prol de
entidades e espaços públicos.
Voltando à frase que alguém disse: “os homens vão, mas ficam
suas obras”, de Ruben Otto Prass ainda é preciso dizer mais. Que fique
registrado o sorriso franco e a imensa simplicidade, a família que constituiu
com Eli Ieda Homrich Prass (Elizabeth, Lúcia, Roberto, Elaine e Luciana), as
infindáveis horas que passou a consertar e criar, as soluções geniais que
encontrou para os desafios diários. Ficou dele o legado de homem simplesmente
genial e genialmente simples que tinha o dom sofisticado de inventar e a
singeleza de alimentar pássaros pela manhã.
Nota: este texto é para Elizabeth Thomsen, companheira de lutas em prol da preservação da memória de Cachoeira do Sul e, em seu nome, extensivo a toda a família de Ruben Otto Prass.
Nem acho palavras para agradecer as tuas,tão cheias de afeto, de empatia,de sensibilidade capaz de observar de longe a delicadeza do gesto de alimentar os passarinhos.Obrigada, amiga querida, que se voluntariou para ajudá-lo na enfermidade e só nao o fez porque o destino o arrebatou inesperadamente. Abraço de toda nossa família.
ResponderExcluirComo não referir, Beth, o meu querido vizinho... A Rua Ernesto Barros ficou mais triste... Mas cheia das lembranças boas dele, do "autinho" que vez em quando saía da garagem, das migalhas distribuídas manhã cedo aos passarinhos, sob o olhar atento da D. Ieda. Saudades já!
ExcluirQue riqueza em todos os sentidos! Obrigada por nos contar esta história!
ResponderExcluirS. Ruben era um homem rico de espírito... Simples como são os grandes homens...
ExcluirRoberto Prass foi quem fez a primeira antena repetidora de TV do estado. Quando nenhuma cidade do interior tinha transmissão de TV regularmente, Cachoeira que já assistia tv todos os dias com ótima imagem, no início da decada de 60. Gradecemos a ele.
ResponderExcluirOi, Beth e Mirian. Gutinho acabou de ler, gostou e o mais interessante o aparelho para afastar mosquitos! Abs
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