Hilda
Goltz, nascida em Cerro Branco, então distrito de Cachoeira, em 29 de junho de
1908, poderia renascer hoje e ainda assim chamar a atenção, apesar do distanciamento temporal e da escalada da mulher na sociedade de lá para cá.
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Hilda Goltz em foto de 2008 |
A
personalidade forte de Hilda já dava sinais desde a sua tenra idade e, talvez
por ser a quinta filha dos sete que Carlos Goltz e Ida Stecker Goltz tiveram, a
menina era satisfeita em seus desejos. Aos seis anos, interessada em reproduzir
o universo que a cercava, começou a moldar com o barro vermelho de um riacho
figuras dos animais que havia nos campos de seus pais. Na adolescência,
descobrindo que amigas que estudavam em São Leopoldo tinham aulas de pintura,
pediu aos pais que lhe comprassem tintas. E assim começou a pintar,
realizando-se quando encontrou em Cachoeira o pintor, fotógrafo e proprietário
de ateliê Frederico Guilherme Lobe, com quem passou a ter aulas. Lobe revelava
e fazia cópias de fotografias, arte na qual Hilda também se iniciou. E deve ter
sido ótima aluna porque quando Lobe foi embora para Porto Alegre, ela assumiu
as suas aulas na cadeira de Desenho da Escola Complementar de Cachoeira.
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A jovem Hilda Goltz - fototeca Museu Municipal |
Por
esta época, abriu seu próprio ateliê de fotografia, no sobrado Barcellos, na
Rua Sete de Setembro. Dentre a clientela, famílias importantes de então, como
os Ilha e os Wilhelm.
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Sobrado Barcellos (pertencia à família de David S. de Barcellos)
- fototeca Museu Municipal |
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Lya, Rolf e Ila Wilhelm fotografados por Hilda Goltz
- fototeca Museu Municipal |
Mas
Cachoeira era pequena para as pretensões artísticas de Hilda Goltz. Certamente
também pequena para a mulher avançada que era, a ponto de escandalizar alguns
ao se dirigir sozinha às lavouras de arroz com telas, pincéis e tintas para
registrar os trabalhadores... E não conseguiria passar despercebida por
ninguém, haja seus quase dois metros de altura...
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Hilda Goltz com tela e pincéis
- fototeca Museu Municipal |
De
Cachoeira seguiu para Porto Alegre e de lá para o Rio de Janeiro, onde foi
introdutora e primeira professora da cadeira de Cerâmica da Escola Nacional de
Belas Artes da Universidade do Brasil. Em seu ateliê, no bairro de Ipanema,
produzia peças que ganharam exposições por todo o país e fora dele. Mais tarde
mudou-se para Miguel Pereira, região serrana do Rio, para Brasília e finalmente
para a terra natal, onde faleceu aos 101 anos em 12 de outubro de 2009.
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Exposição comemorativa do centenário de Hilda Goltz no Museu Municipal |
Hilda
Goltz ousou ser diferente e associou à sua grande estatura a trajetória de mulher que não se curvou aos ditames do século em que
nascera. Venceu-o, ousando ser protagonista na vida e na arte.
Nota: em 2008 o Arquivo Histórico e Museu Municipal lançaram o caderno de história n.º 4 sobre Hilda Goltz, em comemoração ao seu centenário de nascimento, com a participação da homenageada.
Bela homenagem!
ResponderExcluirSempre os filhos número 5 !!! Que mulher forte e visionária !
ResponderExcluirSuzana, és a de número 5? Bem se vê...
ExcluirAbraço.
Como lamento não ter convivido com esta GRANDE MULHER E ARTISTA!!!
ResponderExcluirTenho visto alguns trabalhos em cerâmica e são bem modernos e com muita arte inclusa, hoje são contemporâneos atualíssimos ... com certeza logo serão descobertos pelo eixo Rio/Sampa.
ResponderExcluirJá vi alguns trabalhos e são bem contemporâneos, principalmente os de cerâmicas ... desenhos firmes e com muita arte inclusa ...logo serão descobertos pelo eixo Rio/Sampa.
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