Espaços urbanos

Espaços urbanos
Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

sábado, 5 de novembro de 2011

Um túmulo... um segredo...

            Transcorrido o feriado de Finados, tradicional data em que os vivos relembram seus mortos, é importante destacar que os cemitérios não são apenas espaços de memórias afetivas, mas também excepcionais espaços de memória histórica, guardando os traços culturais da comunidade.
            No Cemitério das Irmandades, o mais antigo de nossa cidade, há uma lápide bastante antiga que registra um dos crimes que ceifou a vida de um homem que foi responsável por grande parte das obras urbanas que deram novo aspecto à acanhada Vila da Cachoeira no século XIX.
            Este homem, um português chamado José Ferreira Neves, era pedreiro de profissão. Executou muitas obras importantes, dentre elas a do nivelamento da Praça da Igreja, atual Praça Balthazar de Bem, no ano de 1852. O nivelamento exigiu a remoção de grande quantidade de terra em torno da Igreja Matriz. E como a Vila precisava “domar” as sangas que a cortavam em todas as direções, toda a terra retirada foi aproveitada para o atulhamento das sangas da Micaela e Lava-Pés.
            José Ferreira Neves foi assassinado, vinte e cinco anos depois desta obra, na porta da casa de Manoel José Fialho Júnior, na Rua Sete de Setembro. Crime passional? Acerto de contas? A lápide do Cemitério, uma das mais interessantes ainda lá existentes, guarda este segredo sob a inscrição: Aqui jazem os restos mortais de José Ferreira Neves, nascido a 23/12/1820 e assassinado barbaramente a 9/7/1877”.

Túmulo de José Ferreira Neves - Cemitério das Irmandades
Fotos: Méia Albuquerque

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