Transcorrido o feriado de Finados, tradicional data em que os vivos relembram seus mortos, é importante destacar que os cemitérios não são apenas espaços de memórias afetivas, mas também excepcionais espaços de memória histórica, guardando os traços culturais da comunidade.
No Cemitério das Irmandades, o mais antigo de nossa cidade, há uma lápide bastante antiga que registra um dos crimes que ceifou a vida de um homem que foi responsável por grande parte das obras urbanas que deram novo aspecto à acanhada Vila da Cachoeira no século XIX.
Este homem, um português chamado José Ferreira Neves, era pedreiro de profissão. Executou muitas obras importantes, dentre elas a do nivelamento da Praça da Igreja, atual Praça Balthazar de Bem, no ano de 1852. O nivelamento exigiu a remoção de grande quantidade de terra em torno da Igreja Matriz. E como a Vila precisava “domar” as sangas que a cortavam em todas as direções, toda a terra retirada foi aproveitada para o atulhamento das sangas da Micaela e Lava-Pés.
José Ferreira Neves foi assassinado, vinte e cinco anos depois desta obra, na porta da casa de Manoel José Fialho Júnior, na Rua Sete de Setembro. Crime passional? Acerto de contas? A lápide do Cemitério, uma das mais interessantes ainda lá existentes, guarda este segredo sob a inscrição: “Aqui jazem os restos mortais de José Ferreira Neves, nascido a 23/12/1820 e assassinado barbaramente a 9/7/1877”.
Túmulo de José Ferreira Neves - Cemitério das Irmandades Fotos: Méia Albuquerque |
Nenhum comentário:
Postar um comentário