Espaços urbanos

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Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

terça-feira, 24 de abril de 2012

1830 - primeiro teatro de Cachoeira

           O primeiro teatro construído em Cachoeira, se ainda estivesse de pé, seria o mais antigo do Rio Grande do Sul. Erguido pelo esforço do comércio local, acomodava 500 espectadores, sendo de porte pequeno, embora gigante em suas intenções.  Inaugurado com um entremez (apresentação curta, de natureza jocosa e burlesca) no dia 25 de abril de 1830, reuniu naquela noite grande público.
Primeiro teatro - ficava ao lado da atual Prefeitura

A ata da Câmara Municipal do dia 27 de abril daquele ano relata os acontecimentos da inauguração:
Estava destinada para a noite deste dia uma representação teatral, mas estando o Teatro já repleto de homens e senhoras, quis a Providência para mostrar a sua gratidão que um acidente inesperado que, em vez de ofuscar, duplicou a satisfação por ter adoecido gravemente um dos representantes pelo que nessa noite só foi à cena um entremez e ficou transferida a cena para o dia vinte e cinco aparecer mais luzida. Posto que na terra nunca houve Teatro, nem meios para isso, com tudo o comércio aprontou um pequeno Teatro que acomoda quinhentas pessoas, com duas ordens de camarotes, cenário novo à frente dos camarotes e o teto elegantemente pintado; e nem menos os panos de boca e cenário. Chegada a noite desejada de vinte e cinco de abril, os camarotes ornados só de senhoras ornadas de grande riqueza, a plateia ocupada pelas autoridades e pelo povo nobre, subiu o pano, deixando ver uma sala imperial atapetada, no fundo da qual estava o retrato de Sua Majestade Imperial, debaixo do precioso dossel e sobre um iluminado e rico trono; fazendo a guarda do retrato os Tenentes José Gomes Porto e Tristão da Cunha e Souza; em um lado estava o Alferes Antônio Xavier da Silva com o estandarte rico da Câmara abatido, e os flancos da sala eram ornados pelos atores; apenas se viu esta cena, eis que da plateia o Juiz de Paz João Nunes da Silva rompeu os vivas à Sua Majestade, à Imperatriz, à Constituição, à Assembleia e aos brasileiros. Logo depois, os atores acompanhados da orquestra, entoaram um hino dedicado ao consórcio de Vossa Majestade Imperial, findo o qual um dos atores recitou um elogio assaz elegante à Vossa Majestade Imperial, à Sua Majestade a Imperatriz e à sua Digna Prole; depois uma atriz recitou ao mesmo assunto um canto e terminou com os Vivas. Então teve lugar a representação da tragédia romana Virgínia e o engraçado e jocoso entremez intitulado “A filha teimosa com os livros”, observando-se que enquanto o pano estava descido todas as famílias ocupavam-se em alegres conversações sobre Vossa Majestade Imperial e sobre a Constituição. Foi findo o faustoso brinde com grande desprazer, desejando fosse eterno. E posto que todos os moradores mereçam um extremo elogio por terem todos concorrido já com suas pessoas, já com quantias pecuniárias, não se pode, contudo, tirar a palma a Joaquim Corrêa de Oliveira e José Joaquim da Graça, principais diretores deste entusiasmo. E para constar se lavrou esta Ata, que assinaram. Eu, João José da Silva, Secretário, a escrevi. José Custódio Coelho Leal. Gaspar Francisco Gonçalves. Antônio Xavier da Silva. José Gomes de Oliveira. Manoel Carvalho da Silva. Inácio Rodrigues de Carvalho.

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