Espaços urbanos

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Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

domingo, 30 de junho de 2013

Série Lojas do Passado: Ponto Chic

       Havia na antiga Avenida das Paineiras, lá pelo começo do século XX, um bar chamado Ponto Chic, estabelecimento montado por Manoel Costa Júnior, proprietário do Cinema Coliseu Cachoeirense, num pequeno chalé onde eram comercializados sanduíches, doces, chocolates, bombons, conservas, bebidas e frios. Os frequentadores do Ponto Chic abasteciam-se de guloseimas ou faziam seus lanches antes ou depois de assistirem às exibições cinematográficas do cinema ao lado. Nos fundos do Ponto Chic, no mesmo chalé, ficava o Restaurante Colyseu, onde eram servidos almoços e jantares, constando o cardápio de a la minuta, saladas, café, leite, doces, chocolates e chás.

Cinema Coliseu Cachoeirense e o Ponto Chic
- Grande Álbum de Cachoeira - 1922 - Benjamin Camozato
            Sérgio de Gouvêa, jornalista que viveu a infância e parte da mocidade em Cachoeira, assim descreveu o Ponto Chic em artigo publicado no Correio do Povo, edição de 10 de dezembro de 1983:
“Atilado empreendedor, Manoel Costa Júnior decidiu-se a aumentar suas rendas de empresário afortunado e em 1912 construiu, no terreno existente à esquerda do Coliseu e também de madeira, o Ponto Chic. Na parte da frente funcionava o bar que atendia aos clientes acomodados não muito confortavelmente em mesinhas de ferro distribuídas em toda área calçada que ia até o cinema. Os fregueses dividiam suas preferências entre as cervejas locais – a Homrich e a Trommer - enquanto os jovens, a quem era vedado o uso do álcool, contentavam-se com a “Cirila” e as gasosas. (...) A segunda divisória do Ponto Chic era bem maior, bem mais ampla, pois se tratava do restaurante. Uma casa de pasto que desfrutava a vantagem de não ter concorrentes.”

Bar Ponto Chic
- Grande Álbum de Cachoeira - 1922 - Benjamin Camozato
O jornal O Commercio, edição de 3 de maio de 1916, em coluna assinada por Pangloss, assim refere-se àquele logradouro e seu Ponto Chic:
“... a cidade de Cachoeira, apesar da conflagração e das crises dela decorrentes, está sobremodo encantadora. Que o digam os frequentadores da Avenida das Paineiras, dessa multidão que às tardes e às noites a enchem, dando-lhe um aspecto de animação e bem-estar que talvez se não encontre em nenhuma das outras cidades da campanha rio-grandense. Contemplando-se esse quadro que reflete, certamente, o progresso e a concórdia reinantes neste município, não se pode deixar de recordar com louvores a parte que toca ao Sr. Manoel Costa Júnior, no que concerne ao embelezamento e animação da nossa praça de recreio, pois é incontestável que o centro de atração, a mais bela parte da avenida é o ponto que o incansável Costa denominou de – Chic. Aí tem ele o seu excelente Coliseu, o seu restaurante, o seu bar. Assim é que enquanto uns combatem os calores estivais refrigerando-se com coisas geladas, outros dão vela ao paladar no seu bem atendido restaurante, ingerindo acepipes que restauram ao mesmo tempo as forças do corpo e da alma, pois tudo isso é feito ao som de um piano habilmente dedilhado pelo maestro Curt Dreyer. Quanto tudo isto não baste aí, tem o desfilar do sexo gentil pela avenida fartamente iluminada, às vezes a cores, enquanto as músicas ressoam e as campainhas do Coliseu tilintam, convidando às fitas por entre pregões de reclames que ainda mais realçam o movimento.” 

Movimento defronte ao Cinema Coliseu Cachoeirense
- acervo Osvaldo Cabral de Castro

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