O
que era tradição no passado, hoje se tornou incomum. As datas cívicas costumavam ser
comemoradas com festas e sessões solenes que envolviam diversos segmentos da
sociedade. Tais festas eram planejadas com antecedência e se constituíam em
ocasiões importantes para reuniões populares, com elaboração de programas e decoração
dos espaços públicos.
Comemoração do dia 15 de novembro de 1904 defronte à Intendência - fototeca Museu Municipal |
Um bom exemplo disto vem do distante ano de 1913, quando já no início de outubro a Intendência Municipal promoveu uma reunião entre
o Intendente Balthazar de Bem e o Cel. Horácio Borges para definir a
programação comemorativa da data consagrada à proclamação da República.
O
programa acordado foi o seguinte:
-
alvorada festiva, às 5 horas da manhã, sábado, dia 15 de novembro;
-
às 15 horas, passeata cívica dos colégios públicos, sendo que 21 senhoritas,
cada uma representando um dos estados brasileiros, carregariam andores com os
retratos dos vultos que se salientaram na fundação da República;
-
jogo de confetes, serpentinas e lança-perfumes na Praça José Bonifácio;
-
espetáculo de gala no Coliseu Cachoeirense, às 21 horas;
-
domingo, dia 16 de novembro, às 8 horas, raid
de infantaria com prêmios aos vencedores;
-
às 10 horas, raid de ciclistas,
também com prêmios;
-
à tarde, batalha de flores na Avenida das Paineiras, com prêmio para os carros
que se destacassem pela ornamentação;
-
às 21 horas, baile na residência do Cel. Horácio Borges oferecido às 21
senhoritas que desfilariam com os retratos.
A
citada reunião consta da edição do jornal Rio Grande de 12 de outubro de 1913. O programa não foi executado na íntegra, mas o vigor da comemoração e o respeito à Pátria não foram diminuídos, antes pelo contrário. Naqueles tempos o culto aos acontecimentos históricos serviam para solidificar a conquista e o sentimento de pertencimento a uma república que, afinal, em 1913 ainda era muito, muito jovem.
Hoje, descontada a distância temporal que nos separa do 15 de novembro de 1889 e o culto absoluto ao presente que caracteriza nossa época, não há mais lugar para o que um dia foi tradição, alegria e motivo para confraternização.
Que coisa boa termos a oportunidade de lermos o que postas. Fico aguardando indócil como criança em véspera de Natal aguardando pelos presentes.
ResponderExcluirObrigado
Que estímulo me dás. E a responsabilidade, então!
ExcluirObrigada!