A edição do jornal O Commercio de 19 de novembro de 1924 repercutiu a morte e descreveu as exéquias do Dr. Balthazar de Bem:
Cachoeira toda acompanhou, com profundo
pesar, o sepultamento dos preciosos despojos do ilustre Dr. Balthazar de Bem,
deputado estadual, vice-intendente deste Município e membro da Comissão
Executiva do Partido Republicano local, falecido em consequência dos ferimentos
recebidos no combate do "Barro Vermelho", quando lutava em defesa da
legalidade.
Ao baixar o corpo à sepultura, falou, em
nome da Assembleia dos Representantes do Estado e no do Governo do Estado, o
nosso ilustre amigo Dr. João Neves da Fontoura, deputado estadual que,
profundamente emocionado, exortou as qualidades do ilustre morto, fotografando
com nitidez o pesar causado por tão lutuoso fato. Em seguida, em nome do
Partido Republicano local, usou da palavra o Dr. Glycerio Alves, presidente do
Conselho Municipal, exalçando as virtudes que ornavam o caráter do ilustre
extinto, tombado gloriosamente no campo da luta, defendendo a ordem e a
legalidade. Por último, falou também sobre o lutuoso acontecimento o Dr. Frazão
de Lima.
Dr. Glycerio Alves - fototeca Museu Municipal |
Os oradores citados pelo jornal no
sepultamento de Balthazar de Bem, João Neves da Fontoura e Glycerio Alves,
tinham motivos de sobra para lamentar a morte de Balthazar de Bem.
Drs. Balthazar de Bem e João Neves da Fontoura - O Rio Grande do Sul, de Alfredo R. da Costa (1922) - acervo Museu Municipal |
Para João
Neves, além das implicações políticas do desaparecimento do deputado,
vice-intendente e líder do Partido Republicano local, contava o fato de ter sido Balthazar um grande amigo e seu médico pessoal, condição que adquiriu depois de
alertá-lo sobre a fragilidade de seus pulmões. No início de 1918, na companhia
de Balthazar e do Dr. Alberto Gradim, João Neves seguiu para o Rio de Janeiro,
no intuito de buscar tratamento para a tuberculose que o amigo já havia
pré-diagnosticado e que foi confirmada em exames na então Capital Federal. Afora as relações de médico-paciente, havia a convivência na política local, campo em que Balthazar de Bem transitava com desenvoltura.
Glycerio Alves, que esteve com Balthazar
no Barro Vermelho e também se expôs à luta que lá se travara, teve mais sorte e voltou ileso. Com a morte de Balthazar, foi constituído advogado da viúva
e filhos.
Segue O Commercio, na edição de 19
de novembro, descrevendo os funerais de Balthazar de Bem:
Segunda-feira (...), às 9 horas, na
Igreja Matriz, realizaram-se as exéquias do ilustre e querido extinto. O vasto
templo católico achava-se literalmente cheio de excelentíssimas famílias e
cavalheiros, vendo-se o capitão Francisco Gama, Intendente Municipal, com todos
os seus funcionários, altas autoridades estaduais e federais, representantes da
imprensa e de todas as classes sociais. Durante esta cerimônia, uma banda de
música executou marchas fúnebres, tendo sido armada custosa essa*.
De todos os recantos do Estado chegam,
diariamente, notícias telegráficas demonstrando o grande pesar causado pela
morte do Dr. Balthazar de Bem.
Cachoeira poucas vezes experimentou
impacto tão grande pela morte de um de seus cidadãos e passou a viver, com aqueles acontecimentos, uma pesada sensação de insegurança que caracterizaria os tempos que se seguiram depois.
*essa: estrado elevado onde é colocado o caixão do defunto durante as cerimônias de exéquias.
Mirian. Sugiro postar no email do prof. Cabeda.
ResponderExcluirIone, ele acompanha o blog e seguidamente comenta as postagens. Fico muito contente com isto!
ExcluirObrigada!
Tu estás nos deixando mal-acostumados, adorei a explicação do que seria a * essa *, sempre didática, obrigado !
ResponderExcluirHugo, eu também adorei a significação de essa, que no original estava grafada como eça!
ExcluirAbraço.
Hugo, eu também adorei a significação de essa, que no original estava grafada como eça!
ExcluirAbraço.