Os cachoeirenses tiveram, ao longo de sua história, muitas casas de cinema. Mas o interessante é que, dentre elas, duas construíram palácios para abrigar as sensações da sétima arte e, coincidentemente, as duas em estilo art-dèco: o Cine Teatro Coliseu, inaugurado em 17 de fevereiro de 1938, e o Cine Ópera Astral, inaugurado no dia 29 de janeiro de 1953.
O Cine Ópera Astral funcionou 50 anos. Pelo seu imponente prédio desfilaram milhares de pessoas atraídas pelas exibições cinematográficas e de outros gêneros, como o show do pianista Ray Charles.
Precisamente em 29 de janeiro de 1953, às 15 horas, o projetor Gaumont Kalee 20, produzido pela Organização J. Arthur Rank, de Londres, o quarto então a ser instalado no Brasil, inaugurou a tela do Cine Ópera Astral com a exibição da comédia romântica Vênus Moderna, da Columbia Pictures.
A construção do prédio teve início em 1951, quando Carlos Alfredo Müller, Armindo Adolfo Hoerbe e os irmãos Adalberto Walter e Arno Emílio Schramm associaram-se para fundar uma casa de cinema que atendesse à zona alta da cidade. O engenheiro Hugo Schreiner elaborou o projeto do prédio, contando com a colaboração do desenhista Germano Wolff. A construção coube à firma Jacob Bauer.
O engenheiro Hugo Schreiner supervisiona as obras |
O prédio sendo erguido - 18/12/1951 |
As linhas do prédio, os motivos geométricos, a cobertura das paredes externas em cirex e as sacadas arredondadas são características típicas do estilo art-dèco, movimento arquitetônico de pronunciado uso entre as décadas de 1920 e 1940 e que fez escola em Cachoeira até a década de 1950, como prova o Cine Ópera Astral.
Os detalhes do estilo surgem - 6/3/1952 |
Os empreendedores e diretores do Cine Ópera Astral |
O Astral possuía 1.060 lugares distribuídos entre a plateia e a galeria e ganhou sobrevida em suas funções como casa de cinema graças ao Clube de Cinema, criado em 1997 pelos cinéfilos cachoeirenses, amantes da sétima arte que se recusavam a perder o “último palácio dos sonhos”.
Importante ressaltar, na longa história do Cine Ópera Astral, o trabalho incansável do técnico-eletricista Ruben Prass, cuja engenhosidade e inteligência não permitiam que os problemas do projetor inviabilizassem as sessões.
Mas o palácio não resistiu. Fechou suas portas à arte, abrindo-as, mutilado, para mais um empreendimento comercial igual a tantos que imperam por aí, símbolo dos rumos consumistas da sociedade moderna...
Agradecimentos a Elizabeth Thomsen (apaixonada pelos nossos cines art-dèco) pelas fotos e registros desta história.
Show do Ray Charles? Em Cachoeira? Que incrível! Em que ano foi, sabem?
ResponderExcluirAliás, parabéns pelo blog :-)
Pois é, Cachoeira tem coisas incríveis na sua história. Quem poderia pensar em Ray Charles por aqui, não é mesmo? Não tenho a informação sobre a data, mas assim que descobrir te informo.
ExcluirObrigada por apreciar nosso blog. Colabore sempre!
olá
ResponderExcluirgostaria de saber,qual o nome da música que o astral executava
antes de rodar os filmes.segundo o guidugli, jornal do povo,seria
o maior espetáculo da terra. será??
att jorge
Eu tenho na memória , como se fosse ontem o período de 1975 até 1980 , quando trabalhei no cine ópera Astral. Comecei como zelador e posteriormente virei operador de projeção .
ResponderExcluirLembro do Alfredo (Frantz),operador oficial .
João sabão (porteiro lendário) e na direção seu Arno e Adalberto Schramm.
Vilmar da Silva
Vilmarbanha@gmail.com