Vim sarar tédios, longe da cidade,
a convite e conselho de um amigo,
neste sombrio casarão antigo,
onde tudo tem ares de saudade.
— "Vem para o campo que a paisagem há de
curar-te". Mas, curar-me não consigo:
ontem o riso esteve bem comigo;
hoje me sinto cheio de ansiedade.
Sou assim, como as asas do moinho
que, lá distante, à beira do caminho,
por entre casas velhas aparece:
Gira ao norte..., ora ao sul..., depressa..., lento...
Parece doido aquele cata-vento!...
Mas como ele comigo se parece!
A alma inquieta que escreveu o soneto acima, intitulado Cata-vento, chamava-se Possidônio Cezimbra Machado e assinava suas obras com a alcunha de Marcelo Gama.
Natural de Mostardas, onde nasceu no dia 3 de março de 1878, Marcelo Gama iniciou sua vida literária em Cachoeira, razão pela qual alguns estudiosos de sua obra o consideram cachoeirense.
Muito moço empregou-se no comércio de Cachoeira. Em Porto Alegre, para onde se mudou, foi admitido por Caldas Júnior no jornal Correio do Povo, cabendo-lhe a tarefa de redigir textos e chamadas publicitárias, podendo ser considerado dos primeiros publicitários do Rio Grande do Sul. Também redigia para o Jornal da Manhã, em Porto Alegre, e fundou em Cachoeira, no ano de 1900, o jornal literário A Lua, assinando com o pseudônimo apropriadíssimo de Selenita.
Marcelo Gama foi autor de três obras: Via Sacra e Noite de Insônia (versos) e Avatar (peça dramática). Deixou uma quarta incompleta: Violoncelo do Diabo.
Sua morte foi prematura, em 7 de março de 1915, quando despencou de um bonde em movimento no Rio de Janeiro, supostamente por ter cochilado.
Em Cachoeira do Sul dá nome a uma das principais vias de acesso à cidade, a Avenida Marcelo Gama.
Em Cachoeira do Sul dá nome a uma das principais vias de acesso à cidade, a Avenida Marcelo Gama.
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