Quando Isidoro Neves da Fontoura assumiu a Intendência de Cachoeira (1908), uma das marcas da sua administração foi o investimento nos serviços básicos e na urbanização. Seu antecessor, Cândido Machado de Freitas, já havia iniciado, em maio de 1906, os trabalhos de escavação da Rua Sete de Setembro para ser abaulada e macadamizada.
Macadamizada? Que processo era este?
As ruas da cidade, de chão batido, eram muito poeirentas nos tempos secos e intransitáveis nos dias de chuva. A macadamização consistia em cobrir a rua com cascalho, pedra cupim britada e saibro, compactando-a com um cilindro compressor. Esse processo teve origem com o escocês Mac-Adam; daí o termo macadame.
Recentemente, o jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, reproduziu notícia veiculada em 22 de junho de 1910, relatando que a Intendência de Cachoeira havia adquirido um cilindro compressor para a macadamização das estradas e ruas:
“Já foi enviado para Cachoeira o cilindro compressor, a motor, que a Intendência daquela cidade havia encomendado na Inglaterra, por intermédio da casa Thomsen & C. A referida máquina é destinada a trabalhar na macadamização de estradas, naquele município. É acionada por um motor a querosene, muito forte, gastando 2,25 litros por hora. A fim de aumentar o peso dos cilindros de ferro, os quais são ocos, enchem-se os mesmos de água. A grande vantagem que esse motor tem sobre os cilindros compressores a vapor é que basta um único homem para o seu funcionamento, ao passo que a máquina a vapor requer condutor e foguista além e dois carros com dois animais e um condutor cada um, para levar a água e o combustível necessários.”
Cilindro compressor trabalhando na macadamização da Rua 7 de Setembro - acervo Museu Municipal |
Os sucessores de Isidoro seguiram investindo na urbanização e em outubro de 1912, segundo noticiava o jornal O Comércio (Cachoeira, 23/10/1912), a Intendência havia adquirido, de Buenos Aires, carros irrigadores para umedecimento das ruas e diminuição da poeira. Na edição de 5 de fevereiro de 1913, o mesmo jornal dizia:
“Em fevereiro de 1913 chegaram os dois carros irrigadores que a Intendência Municipal havia adquirido em Buenos Aires, destinados à irrigação das ruas durante a estação calmosa, em que a poeira sutil revoluteava incomodamente, causando prejuízos incalculáveis. Os carros eram de quatro rodas, de tração animal e cada um tinha um depósito de zinco, em forma de barril achatado, com capacidade para 1.500 litros de água. Ao fundo do carro e correndo em direção à largura deste, havia um cano provido com três filas de furos destinados a despedirem a água lentamente.”
Gostei muito deste post (logicamente dos outros, também). Há tempos tinha curiosidade em saber sobre macadamização, uma palavra que soava sempre bem estranha, pudera, ela proveio de um nome inglês.
ResponderExcluirSugeriria, se fosse possível, postar a matéria do jornal Correio do Povo.
Chamou-me também a atenção a "linguagem poética" utilizada pela repórteres do Jornal O Comércio. Bons tempos idos ... Há muito tempo a poesia fugiu dos jornais.
Grande abraço,
Renate