O Instituto Cultural Emilio Sessa, em seu boletim n.º 1, remetido ao Museu Municipal, traz uma importante revelação: os vasos de cimento que foram distribuídos pelas Praças José Bonifácio e Balthazar de Bem, no projeto de remodelação executado durante a administração João Neves da Fontoura (1925-1928), são obras de dois artistas estrangeiros que vieram para o Brasil no início do século XX: o italiano Giuseppe Gaudenzi e o alemão Alfred Adloff. Estes dois artistas também têm seus nomes ligados à execução do nosso principal cartão-postal, o Château d’Eau.
Segundo Arnoldo Doberstein, em sua obra Monumentos públicos, turismo e pós-modernidade. Turismo Urbano, Editora Contexto, p. 101, “Os idealizadores do Château d`Eau eram homens da mais sólida formação artística europeia. Giuseppe Gaudenzi, o provável projetista, estudou na Escola de Belas Artes de Roma e Veneza, tendo atuado como professor de escultura no Instituto Técnico Profissional de Roma. Alfred Adloff, o escultor do Netuno e das ninfas do Château d´Eau, era formado na Escola de Belas Artes de Düsseldorf, tendo trabalhado em Berlim, Bélgica e Itália. Adloff foi um dos mais hábeis entre tantos escultores estrangeiros que vieram para o Rio Grande do Sul, no início do século XX. Foi o autor de importantes monumentos no Estado, tais como o monumento ao Barão de Rio Branco (Porto Alegre, 1916), o monumento à Independência (Santa Cruz, 1924), a fonte com a camponesa com o cântaro, também apelidada de Samaritana com a Ânfora (Porto Alegre, 1927), o busto de Apolinário Porto Alegre (Porto Alegre, 1927) e o monumento ao Cônego Champagnat (Porto Alegre, 1940).”
Gaudenzi e Adloff trabalhavam para João Vicente Friedrichs, proprietário de uma oficina de esculturas e galvanoplastia*, onde produzia imagens, túmulos, mosaicos, lustres e outros objetos de metal. Friedrichs também tem seu nome associado ao Château d’Eau, pois foram nas suas oficinas que as esculturas das ninfas e de Netuno foram fabricadas.
Château d'Eau - foto de Cristianno Caetano |
No Recanto da Memória do Museu Municipal, estão alguns exemplares dos vasos desenhados e produzidos pelos artistas Gaudenzi e Adloff e executados nas oficinas de J. Vicente Friedrichs. Belíssima revelação, pois até agora se suspeitava da origem dos trabalhos, mas desconhecia-se a sua autoria. Cachoeira do Sul, portanto, integra o rol das cidades que possuem exemplares da estética europeia, representativa dos tempos em que os espaços públicos eram nichos de convivência merecedores de cuidados que a modernidade deixou para trás.
Vaso - Recanto da Memória - Museu. Ao fundo, menino com ganso |
*Galvanoplastia: arte de aplicar uma camada metálica aderente sobre qualquer superfície.
O menino com o ganso muito serviu como ponto de referência na frente da casa de meu avô em Canoas. Existiu de fato até o ano de 2014 quando inexplicavelmente desapareceu. Sou bisneto do escultor.
ResponderExcluirO menino com o ganso muito serviu como ponto de referência na frente da casa de meu avô em Canoas. Existiu de fato até o ano de 2014 quando inexplicavelmente desapareceu. Sou bisneto do escultor.
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