Espaços urbanos

Espaços urbanos
Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

sábado, 29 de outubro de 2011

Cachoeira vista pelo Correio do Povo de 1963

     O jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, publicou em sua edição de 10 de outubro de 1963, as seguintes linhas sobre Cachoeira do Sul – Princesa do Jacuí:

CACHOEIRA – Princesa do Jacuí – é seu merecido título. Berço de João Neves da Fontoura, político e diplomata, Ministro do Exterior, maior orador de sua geração.
João Neves da Fontoura
Barragem – Ponte do Fandango, obra notável de engenharia.

Barragem-Ponte do Fandango
Fumo apreciado. Bairro Rio Branco e suas casas, o Alto, e Château, o Jornal O Comercinho, Rádio Cachoeira servida pela inteligência jovem, numerosos clubes, seminário católico, Igreja Evangélica Luterana (Sínodo Rio-Grandense), os metodistas, etc. Silo de trigo, cooperativas, etc. O ensino: Cândida e Augusto Brandão.
Praça Balthazar de Bem

     Os cachoeirenses militares: Generais Bento Martins (Barão de Ijuí), José Gomes e Felipe Portinho, Diogo Alves Ferraz, bravos combatentes, como o foram também Manoel Fernandes Dorneles, Manduca Carvalho, Tristão José Pinto, etc. Terra de poetas inspirados: Marcelo Gama, Pedro Velho, Milton da Cruz, Alarico Ribeiro, Nilo Barbosa, Lisbôa Estrázulas, Patrício Albuquerque, Sérgio e Paulo de Gouvêa, etc. Políticos inteligentes: Balthazar de Bem, João Pereira da Silva, Borges Fortes (deputado em 14 legislaturas), Liberato Salzano, Gonçalo de Carvalho (propaganda republicana), etc. As figuras de Mario Godoy Ilha, Ernesto de Barros, Félix Garcia e Orlando Carlos. Leonardo Macedônia, diretor da Faculdade de Direito de Porto Alegre; Egídio Itaqui, bacharel por São Paulo; Pantaleão Pereira, desembargador da Relação; Baltasar Barbosa, desembargador do S. Tribunal, etc. Virgílio de Abreu, Gregório da Fonseca, da Academia Brasileira.  Bela cidade de Cachoeira que um de seus filhos – Aurélio Porto – é dos maiores historiadores do Rio Grande.

domingo, 16 de outubro de 2011

O Príncipe dos Poetas Brasileiros visitou Cachoeira

         Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, ou simplesmente Olavo Bilac, o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, visitou Cachoeira em outubro de 1916.

         Sua chegada, pela linha de trem, se deu no dia 14 de outubro, ocasião em que foi festivamente recebido pelo povo, autoridades e intelectuais ao som da Banda Musical Estrela Cachoeirense na gare da Estação. Nos dias seguintes, proferiu conferência cívica e literária no Coliseu Cachoeirense e foi recebido para jantar na casa de João Neves da Fontoura.
Cinema Coliseu Cachoeirense em meio às paineiras da Praça

         O autor da letra do Hino à Bandeira era um nacionalista e cunhou uma frase muito interessante e atemporal sobre o conceito de pátria: A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo. Certamente, em sua conferência no Coliseu Cachoeirense, deve ter exaltado este conceito.
         Na época de sua visita, a Praça José Bonifácio era orlada de paineiras, tanto que popularmente a chamavam de Praça das Paineiras. Ao avistar aquelas árvores (que não eram velhas, pois foram plantadas em 1908), quem sabe o poeta não relembrou um de seus tantos poemas:
Velhas Árvores

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Olavo Bilac

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

12 de outubro de 1924 - fundação da União de Moços Católicos em Cachoeira

            No dia 12 de outubro de 1924, reuniram-se na sede do extinto Clube Renascença, na Rua 7 de Setembro nº 744, jovens da militância católica para o fim de fundar em Cachoeira a União de Moços Católicos. Naquele dia, coincidindo com a data do descobrimento da América, os salões do Renascença receberam senhores, senhoras, jovens e senhoritas para a fundação da primeira União de Moços Católicos do interior do Rio Grande do Sul.
Clube Renascença - antiga residência de José Custódio C. Leal

            Sob o lema “Deus e Pátria”, a União de Moços pretendia “realizar no Brasil a reunião de energias latentes nos arroubos juvenis. Porém a força da mocidade só serviria para reformar o Brasil, caso estivesse encaminhada pela prudência e graça da Igreja Católica”, segundo explanação do padre redentorista Geraldo Pires.

            Depois de seu pronunciamento, o Pe. Pires convidou os membros da diretoria, escolhidos em reunião preparatória da fundação, a prestarem juramento. Através das páginas de O Comércio (1900-1966), edição de 15 de outubro de 1924, pode-se rememorar o que aconteceu naquela ocasião festiva:

            "Em nome de todos, o Sr. Jary Carvalho de Abreu pronunciou o seguinte juramento, levantando-se toda a plateia: “Juro ser católico apostólico romano e não pertencer a nenhuma seita proibida pela Igreja Católica. Prometo trabalhar pela grandeza e desenvolvimento da União de Moços Católicos, prestando obediência a seus estatutos”. Os demais membros da diretoria repetiram as palavras de juramento e promessa.

            No momento de receber o distintivo das mãos do padre vigário, foi o presidente da União vivamente aplaudido por todos os sócios presentes.

            Em seguida, os restantes membros da diretoria receberam seus distintivos das mãos das pessoas gradas.

            A diretoria empossada ficou assim constituída: presidente Jary C. de Abreu; vice-presidente Octacilio Ribas; tesoureiro Nicolau Salzano; 1º secretário Manoel C. de Abreu; 2º secretário Achylles Figueiredo; orador oficial Dr. Joaquim Borges de Medeiros; bibliotecário João Weinmann; sindicante Manoel Fialho de Vargas.

            Exercendo seu cargo, o Sr. Presidente convidou os sócios presentes ao juramento de praxe, lendo-o, em nome e com aprovação dos demais, o Sr. Antônio Fialho. Declarados aceitos pelo presidente, os senhores sócios (40 era o seu número) receberam o emblema da União, que lhes foi colocado à lapela por gentis senhoritas e exmas. senhoras e cavalheiros."

            Os sócios receberam também, das mãos de Josephina Fontoura Motta, em nome das Filhas de Maria, uma delicadíssima bandeira para servir de estandarte da instituição. Os moços da Congregação Mariana, representados por Aguinaldo Tatsch, também ofereceram um tinteiro com rica caneta dourada.
            Sucederam estes atos, números artísticos, com destaque para a apresentação ao piano do Professor Souto Menor, que brilhou com o seu “Murmúrio de Floresta”.
            O prédio onde se desenrolou a história da União de Moços, sede do antigo Clube Renascença, até hoje está altivo na Rua 7 de Setembro, constituindo-se em importante patrimônio histórico-cultural de nossa cidade.
Sede do Residencial União de Moços


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Belas cenas da 27.ª Feira do Livro

João Gabriel e o pai Eurico Silva na execução do Hino Nacional
Show de interpretação de João Ferreira - abertura da Feira

Orquestra de Câmara de Pelotas

Crianças na Feira
Jovens na Praça

O leitor e sua magrela
Hora do Conto
Palestra de Duca Leindecker
E precisa legenda?

Imagens: Cristianno Caetano, assessoria de comunicação do Núcleo Municipal da Cultura.

sábado, 8 de outubro de 2011

Charles Kiefer - Patrono da 27.ª Feira do Livro de Cachoeira do Sul

   A Praça José Bonifácio foi palco da abertura da 27.ª Feira do Livro de Cachoeira do Sul e da alegria dos cachoeirenses que participaram e puderam assistir momentos de pura emoção e arte, através dos talentos de João Gabriel da Silva, que entoou o Hino Nacional Brasileiro acompanhado pelo pai Eurico Silva ao violão, da apresentação do Coral SIFALÁ, orgulho da cidade, e da performance sensacional do radialista João Ferreira, que interpretou trechos de um conto de Charles Kiefer, patrono desta edição da Feira.

   Ao chegarem à Praça, os cachoeirenses foram recepcionados pela banda do 3.º Batalhão de Engenharia, parceira da Feira do Livro de longo tempo.Também a Ponte de Pedra está presente na Feira, exibida em fotos que documentam o movimento comunitário em favor de sua reconstrução. Trabalho primoroso de várias mãos, lideradas na mostra pela arquiteta Elisabeth Thomsen, organizadora, e por Renato Thomsen, fotógrafo oficial do grupo.

   Charles Kiefer, o patrono, com raízes cachoeirenses nos quatro costados, relembrou histórias do tempo de seus avós, quando viviam em Cachoeira, e de sua primeira tentativa de vender livros na cidade, quando tinha 17 anos. Foi durante a IV FENARROZ, em 1976. Não vendeu nenhum. Ao fim do dia, desiludido, foi procurado pela então jornalista do Jornal do Povo, Célia Maria Maciel, hoje consagrada poetisa cachoeirense, que comprou um exemplar. Único e emblemático para um escritor que hoje vende na casa das centenas de milhares. Das memórias passou à literatura (ou vice-versa?) e discorreu para um público eclético, na maioria composto por alunos, aliás o público preferido do escritor que, antes de mais nada, é professor, sobre "Escrita criativa, uma revolução educacional".

Charles Kiefer, patrono diplomado pela chefe da Biblioteca e
organizadora geral da Feira, professora Jussara Bohrer Ortiz
   Como que para dar o tom especial à noite e não fugir à regra, a chuva chegou. Que vá embora logo, pois a Praça merece estar linda e iluminada pelo sol e pela luz que emana dos livros.

   Visite a 27.ª Feira do Livro de Cachoeira do Sul. Você não irá se arrepender!

Imagens: Cristianno Caetano,assessoria de comunicação do Núcleo Municipal da Cultura.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Água e esgoto em Cachoeira - primeiras instalações domiciliares

         A edição de 2 de novembro de 1921 do jornal O Comércio (1900-1966) noticiava que  “a Intendência Municipal, pela seção competente, tem atendido a grande número de pedidos de ligações à rede hidráulica municipal. Até sábado último, deram entrada à Intendência os seguintes requerimentos de ligações: Heitor Gomes Martins, Dr. José Felix Garcia, Jeronymo Carlos Brandes, Pedro Port & Cia., Oswaldo Carneiro Pinto, Cap. Francisco Gama, José Dini, Francisco Timóteo da Cunha, Leopoldo Rangel, Rodolfo Homrich, Dr. Milan Kras, José Gomes de Oliveira, Albino Schaurich e José Carlos Barbosa.” Estes nomes eram expoentes no comércio, na indústria, na política e na área da saúde.

Canalização da Rua 7 de Setembro


            Em outubro de 1925, quando a segunda hidráulica já se encontrava em funcionamento, estendendo o abastecimento de água para a zona norte da cidade, muitas solicitações de ligações domiciliares de água e esgoto foram feitas. A zona de esgotos abrangia toda a área edificada da cidade, com exceção dos trechos aquém da Rua Félix da Cunha e de partes da zona alta além da Rua Juvêncio Soares.

Reservatório R2 - 2.ª Hidráulica


O Vice-intendente em exercício, Dr. João Neves da Fontoura, mandou publicar no mesmo jornal, edição do dia 7 de outubro de 1925, o Decreto n.º 214, de 1.º de outubro de 1925, em que concedia o prazo de quatro meses, improrrogáveis, para a execução, sem multa, das instalações domiciliares de águas e esgotos dentro da zona servida pela rede.

A onda de instalações domiciliares abriu espaço para vários profissionais e empresas que ofereciam seus serviços. E a instalação do serviço de água e esgoto, obra que não atrai os políticos de nossos dias porque não é aparente, foi certamente responsável por um impulso fabuloso no crescimento e desenvolvimento urbano de Cachoeira. Pensamento prospectivo daquele que foi um dos maiores políticos que atuaram nesta terra: João Neves da Fontoura.

João Neves inaugurando a segunda hiidráulica - 1925
Fotos: acervo do Museu Municipal de Cachoeira do Sul - Patrono Edyr Lima