No ano de
1916 o médico, pecuarista, industrialista e político Balthazar de Bem adquiriu
de Achylles e Senhorinha de Carvalho um terreno na quadra mais nobre da Rua
Sete de Setembro, fronteira à Praça José Bonifácio, e deu início à construção
de uma casa para sua moradia. Segundo informação do jornal O Commercio, em 1917 a casa achava-se concluída.
Casa de Cultura Paulo S. V. da Cunha - foto COMPAHC |
O proprietário e sua família no saguão da residência - fototeca Museu Municipal |
Ainda não
foram localizadas referências ao autor do projeto arquitetônico, tampouco ao
seu executor. De arquitetura eclética, com características
marcantes do estilo neoclássico, a casa possui um saguão decorado com colunas e
capitéis que conduz às diversas dependências. Neste mesmo saguão há um teto móvel de
estrutura metálica e envidraçada que quando aberto permitia a observação
do céu.
Teto móvel - foto Antônio A. Maciel |
Embora a imprensa divulgue várias recepções e reuniões na casa, o Dr.
Balthazar de Bem não residiu nela por muito tempo. Em julho
de 1924 o Clube Comercial transferiu para lá sua sede social, fazendo as adaptações necessárias para as suas finalidades, como a construção de um salão ao fundo, cuja cumeeira foi festivamente colocada em 31 de agosto.
Com a
locação da casa para o Clube Comercial, o Dr. Balthazar transferiu-se para o
sobrado que havia nos fundos, com frente para a Saldanha Marinho, até hoje
existente. Mas no novo endereço ele também não ficou por muito tempo, pois a morte o colheu em novembro daquele ano, no célebre levante do Barro
Vermelho. Depois disto, a viúva Marina Mattos de Bem e filhos transferiram-se para Porto Alegre.
Sobrado da Rua Saldanha Marinho (inventariado) - foto COMPAHC |
Virada a
página da casa como residência da família de Bem e como sede do Clube Comercial,
o local abrigou várias entidades a partir da segunda metade dos anos 1950: a
Biblioteca Pública Municipal, o Núcleo de Filatelia, o Aeroclube de Cachoeira
do Sul, a União Cachoeirense de Estudantes, a Escola Municipal de Belas Artes –
EMBA, sucedida depois pela Escola Superior de Artes Santa Cecília – ESASC, e a
Associação Cachoeirense Pró-Ensino Superior – ASCAPES.
Em 1997, extinta
a ESASC, a Biblioteca Pública Municipal “Dr. João Minssen” voltou a ocupar o
prédio e, por proposição da Câmara Municipal, passou a se chamar Casa
de Cultura Paulo Salzano Vieira da Cunha, dividindo espaço com a Associação
Cachoeirense de Amigos da Cultura - AMICUS, Associação Cachoeirense de Cultura
Italiana, Conselho Municipal do Patrimônio Histórico-Cultural – COMPAHC,
Conselho Municipal de Educação, Núcleo Municipal da Cultura e Atelier Livre
Municipal Prof.ª Eluiza de Bem Vidal.
Hoje a
Casa de Cultura abriga a Biblioteca Pública Municipal, a AMICUS, o Núcleo Municipal da Cultura e a Loja de Caridade do Hospital de Caridade e Beneficência, estando em
preparativos para novamente sediar o Atelier Livre Municipal.
Tombada pelo COMPAHC em 1985,
a Casa de Cultura é uma das tantas e magníficas construções que tem passado,
presente e futuro.
Calçamento da Rua Sete, vendo-se a casa do Dr. Balthazar à esquerda - fototeca Museu Municipal - 1926 |