Espaços urbanos

Espaços urbanos
Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Abril - mês de criação/instalação de várias escolas de Cachoeira

      Abril registra a história da criação ou instalação de várias escolas em nossa cidade.
      Já em seu primeiro dia comemora-se o início de funcionamento do Colégio Imaculada Conceição, ocorrido no ano de 1921. Este tradicional educandário até hoje presta serviços à educação de crianças e jovens e mantém imponente complexo que orgulha o Bairro Santo Antônio.

Colégio Imaculada Conceição

     No dia 10 de abril de 1928, Cachoeira teve instalada uma de suas primeiras escolas de datilografia, a Escola Remington, dirigida por Pedro Afonso Gregory e sua esposa Dinah Xavier Gregory.
     O professor Pedro Afonso Gregory havia sido empossado oito anos antes, em 24 de abril de 1920, na direção do Ginásio Rio Branco, instituição criada em 1915 e instalada no prédio onde hoje está o Colégio Marista Roque. O Ginásio Rio Branco, que nada tem a ver com o Colégio Sinodal Barão do Rio Branco (que já existia na época com o nome de Colégio Alemão-Brasileiro) funcionou em outros endereços ao longo de sua existência, mantendo curso de guarda-livros até 1933.
     Em 1962, portanto há 50 anos, no dia 25 de abril, aconteceu a criação do Grupo Escolar Rio Jacuí, na Rua Pinheiro Machado, hoje Escola Estadual de Ensino Fundamental Rio Jacuí, sucessor da Escola Municipal José Patrício de Albuquerque, antigo Sete, em alusão ao Clube 7 de Setembro localizado no mesmo endereço e fundado por cidadãos de origem germânica.
     E no dia 27 de abril de 1848, a professora Ana Francisca Rodrigues Pereira recebeu autorização para instalar uma Aula de Meninas na casa de seu sogro, Manoel José Pereira da Silva, na Rua da Igreja, hoje Moron. O sobrado, bastante modificado, ocupa o endereço até hoje.
Sobrado onde funcionou a Aula de Meninas

    

sexta-feira, 27 de abril de 2012

26 de abril de 1819 - Alvará de criação da Vila Nova de São João da Cachoeira

Eu El Rei Faço Saber que aos que este Alvará com força de Lei virem: Que os Moradores da Freguesia da Cachoeira, Termo da Vila do Rio Pardo na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul Me representaram os incômodos e prejuízos que sofriam em irem repetidas vezes à dita Vila, de mandar os seus recursos na distância de dez léguas, sendo-lhes necessário atravessar dois rios, a maior parte do ano invadeáveis, e deixar por muito tempo ao desamparo as suas casas e negócios: Pedindo-Me por isso a Graça d’erigir em Vila a sobredita Freguesia, a qual sendo reputada uma Povoação considerável pelo número de seus habitantes, e tendo as vantagens de estar situada à margem do Rio Jacuí, que é navegável, e de abundar em boas águas e matas, se achava nas circunstâncias de poder ser elevada àquela Graduação. O que sendo-Me ponderado em Consulta da Mesa do Meu Desembargo do Paço à vista das informações que a este respeito Mandei tirar pelo Governador e Capitão-General da referida Província, e do Ouvidor da respectiva Comarca com audiência da Câmara da dita Vila do Rio Pardo: E conformando-Me com o Parecer da mesma consulta, em que foi ouvido o Procurador da Minha Real Coroa e Fazenda: Hei por bem criar uma Vila na sobredita Freguesia da Cachoeira com a denominação de = Vila Nova de São João da Cachoeira = Cujo Território se comporá do que forma e constitui a mesma Freguesia;  (e segue dando os limites da Vila).
O Ministro que for encarregado da ereção da dita Vila fará levantar o Pelourinho, Casas da Câmara, Cadeia e mais oficinas debaixo da inspeção da Mesa do Meu Desembargo do Paço, e à custa dos moradores da dita Vila e seu Termo. E este se cumprirá como nele se contém. Pelo que Mando à Mesa do Meu Desembargo do Paço, e da Consciência e Ordens, Presidente do Meu Real Erário, Conselho da Minha Real Fazenda, Regedor da Casa da Suplicação; e ao Governador, e Capitão General da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e a todos os mais Governadores, Tribunais, Ministros de Justiça, e a quaisquer outras pessoas, a quem o conhecimento deste Alvará haja de pertencer, assim o Cumpram, e guardem, e façam Cumprir e guardar, não obstantes [sic] quaisquer Leis, Alvarás, Regimentos, Decretos, ou todos Hei por derrogados; como se delas e deles Fizesse expressa, e individual menção, para o referido efeito somente; ficando aliás sempre em seu vigor. E valerá como Carta passada pela chancelaria, posto que por ela não há de passar, e o Seu efeito haja de durar mais d’um ano sem embargo da Ordenação em contrário. Dado no Rio de Janeiro aos vinte e seis de abril de mil oitocentos e dezenove. = Rei com Guarda =
Documentos originais de criação da Vila Nova de São João da Cachoeira
- acervo do Arquivo Histórico

terça-feira, 24 de abril de 2012

1830 - primeiro teatro de Cachoeira

           O primeiro teatro construído em Cachoeira, se ainda estivesse de pé, seria o mais antigo do Rio Grande do Sul. Erguido pelo esforço do comércio local, acomodava 500 espectadores, sendo de porte pequeno, embora gigante em suas intenções.  Inaugurado com um entremez (apresentação curta, de natureza jocosa e burlesca) no dia 25 de abril de 1830, reuniu naquela noite grande público.
Primeiro teatro - ficava ao lado da atual Prefeitura

A ata da Câmara Municipal do dia 27 de abril daquele ano relata os acontecimentos da inauguração:
Estava destinada para a noite deste dia uma representação teatral, mas estando o Teatro já repleto de homens e senhoras, quis a Providência para mostrar a sua gratidão que um acidente inesperado que, em vez de ofuscar, duplicou a satisfação por ter adoecido gravemente um dos representantes pelo que nessa noite só foi à cena um entremez e ficou transferida a cena para o dia vinte e cinco aparecer mais luzida. Posto que na terra nunca houve Teatro, nem meios para isso, com tudo o comércio aprontou um pequeno Teatro que acomoda quinhentas pessoas, com duas ordens de camarotes, cenário novo à frente dos camarotes e o teto elegantemente pintado; e nem menos os panos de boca e cenário. Chegada a noite desejada de vinte e cinco de abril, os camarotes ornados só de senhoras ornadas de grande riqueza, a plateia ocupada pelas autoridades e pelo povo nobre, subiu o pano, deixando ver uma sala imperial atapetada, no fundo da qual estava o retrato de Sua Majestade Imperial, debaixo do precioso dossel e sobre um iluminado e rico trono; fazendo a guarda do retrato os Tenentes José Gomes Porto e Tristão da Cunha e Souza; em um lado estava o Alferes Antônio Xavier da Silva com o estandarte rico da Câmara abatido, e os flancos da sala eram ornados pelos atores; apenas se viu esta cena, eis que da plateia o Juiz de Paz João Nunes da Silva rompeu os vivas à Sua Majestade, à Imperatriz, à Constituição, à Assembleia e aos brasileiros. Logo depois, os atores acompanhados da orquestra, entoaram um hino dedicado ao consórcio de Vossa Majestade Imperial, findo o qual um dos atores recitou um elogio assaz elegante à Vossa Majestade Imperial, à Sua Majestade a Imperatriz e à sua Digna Prole; depois uma atriz recitou ao mesmo assunto um canto e terminou com os Vivas. Então teve lugar a representação da tragédia romana Virgínia e o engraçado e jocoso entremez intitulado “A filha teimosa com os livros”, observando-se que enquanto o pano estava descido todas as famílias ocupavam-se em alegres conversações sobre Vossa Majestade Imperial e sobre a Constituição. Foi findo o faustoso brinde com grande desprazer, desejando fosse eterno. E posto que todos os moradores mereçam um extremo elogio por terem todos concorrido já com suas pessoas, já com quantias pecuniárias, não se pode, contudo, tirar a palma a Joaquim Corrêa de Oliveira e José Joaquim da Graça, principais diretores deste entusiasmo. E para constar se lavrou esta Ata, que assinaram. Eu, João José da Silva, Secretário, a escrevi. José Custódio Coelho Leal. Gaspar Francisco Gonçalves. Antônio Xavier da Silva. José Gomes de Oliveira. Manoel Carvalho da Silva. Inácio Rodrigues de Carvalho.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

19 de abril - Dia do Índio

            Aurélio Porto, nosso historiador-mor, fez os levantamentos dos primeiros registros da nossa história. Em sua célebre e fantástica obra História das Missões Orientais do Uruguai, publicou relevantes informações sobre os índios que constituíram importante grupo étnico na nossa formação:
“Quando o exército de Gomes Freire deixa o povo de Santo Ângelo com destino a Rio Pardo, outro exército de famílias missioneiras (mais ou menos 700 famílias) acompanhou a retirada dos portugueses. Em 1757, voltando da campanha das Missões, determina Gomes Freire que as famílias de índios fossem arranchadas junto ao rio Botucaraí, nas proximidades de Rio Pardo.

Gomes Freire de Andrade


Além das famílias que acompanharam os portugueses, muitas outras, de diversos povos, chegavam diariamente ao acampamento.

Casal de índios
Quando Cevallos, governador de Buenos Aires, após numerosas tentativas de levar de volta para o lado espanhol os índios missioneiros sem sucesso, resolveu enviar dois padres jesuítas a Rio Pardo para aconselhar os índios a voltarem para suas terras, estes, tomando conhecimento da chegada dos padres, fogem em massa para as matas do Botucaraí. E é a esses índios fugitivos, que com grande dificuldade voltam ao Rio Pardo, que se dá a denominação de “botucaraís”, que alguns historiadores insistem em designar como tribo selvagem inexistente.
O governador Cevallos insiste com Gomes Freire que ajudasse nas negociações, mas este termina declarando que, sem ordem de seu rei, já que os índios haviam se refugiado sob a bandeira portuguesa, não poderia obrigá-los a voltar a seus povos. E assim terminou a contenda, com a incorporação definitiva dessa população indígena ao domínio português. Partes dessas famílias ficaram arranchadas nas imediações de Rio Pardo, formando a Aldeia de São Nicolau de Rio Pardo, em lembrança de um dos povos de Missões que forneceu maior número de casais para a sua fundação. Mais tarde, com outro contingente não menor de índios, foi criada outra aldeia da mesma invocação, junto ao Passo do Fandango, à margem esquerda do rio Jacuí, nas imediações da atual cidade de Cachoeira do Sul.
Das 700 famílias missioneiras que vieram com Gomes Freire, representa umas 2.000 almas, dando-se a média de quatro unidades por família. Em 1780, com o mapa do Tenente Córdova, que faz o primeiro censo da população rio-grandense, dá um número total de 17.923 almas. Não se tem o coeficiente indígena que entrou nesse total, mas sabe-se quais as freguesias em que eles predominavam: a Aldeia dos Anjos (Gravataí), com a população trazida das Missões, contando 2.355 almas, a maior depois de Rio Pardo; a de Cachoeira, então unicamente uma aldeia de índios – São Nicolau – e várias estâncias, com 662 almas; a de Rio Pardo, com 25% de índios na sua origem. No quadro, temos Cachoeira com 42 brancos, 383 índios, 237 pretos. Total: 662 almas.
Quanto à mescla da mestiçagem, apesar da entrada do preto no Rio Grande do Sul, foi muito maior o cruzamento do branco com o índio. Esse caldeamento vem da fase inicial do povoamento. Quase todos os primeiros povoadores do continente eram casados ou já descendentes de índias da terra, carijós, como os Pinto Bandeira, os Magalhães, os Guterres, os Brito Peixoto, etc. Os açorianos, porém, não se caldearam nem com o índio, nem com o preto.”
(Extraído de História das Missões Orientais do Uruguai, segunda parte, vol. IV, Aurélio Porto).

terça-feira, 17 de abril de 2012

Abertura do Bairro Rio Branco - abril de 1912

         No dia 17 de abril de 1912, o jornal O Commercio (1900-1966) noticiava obras que levariam à abertura do Bairro Rio Branco:
         “No extremo Norte da Rua 15 de Novembro tiveram começo, na semana finda, os trabalhos de desaterro e nivelamento, que deverão estender-se até o aramado da linha férrea, sendo o prolongamento, que parte da Rua 7 de Setembro, denominado Rua Comendador Fontoura, em homenagem à memória do distinto cachoeirense. Será também aterrada totalmente a Sanga da Micaela, e desviado o seu curso para a Sanga da Inês, sendo a Rua Moron igualmente prolongada até o trilho da viação férrea, e tendo o prolongamento a denominação de Rua Marechal Floriano. Para este fim a Intendência adquiriu a colina situada a Norte da cidade, compreendida entre as ruas 7 de Setembro, 7 de Abril, chácara dos herdeiros do General Portinho e linha férrea, sendo o novo bairro denominado Rio Branco. A administração municipal já vendeu terrenos sitos à Rua Comendador Fontoura aos Srs. Augusto Wilhelm, José Fernandes, Victor Menezes, Jeronymo Brandes, José Dini, Viúva José Müller, Dr. João Neves da Fontoura e Odon Cavalcanti.”

Notícia de O Commercio, 17/4/1912 - acervo do Arquivo Histórico
        O Bairro Rio Branco, um dos mais aprazíveis da cidade e que conserva traços da cultura alemã, como o Templo Martim Lutero e a Sociedade Rio Branco, está pois completando seu centenário. Trata-se aquele sítio urbano do primeiro bairro planejado da cidade, assim como o primeiro loteamento que recebeu a denominação de bairro e não de vila, como era o usual.
Villa Minssen - uma das primeiras casas do Bairro Rio Branco,
construída por Augusto Wilhelm em 1913 - acervo COMPAHC


domingo, 15 de abril de 2012

TITANIC - 15 de abril de 1912

        Há 100 anos, no dia 15 de abril de 1912, o maior navio então fabricado e o mais luxuoso do mundo, o TITANIC, naufragou. Toda a tecnologia empregada no portentoso navio não o deixou imune ao choque com um grande iceberg. Mais de mil e quinhentas pessoas foram vitimadas e o desastre até hoje desperta a curiosidade, suscita estudos e teorias.

        As comunicações no começo do século XX não se processavam da forma instantânea de nossos dias. Embora tenha se constituído o naufrágio do TITANIC em um dos mais noticiados acontecimentos do mundo, a tragédia só foi referida na imprensa de Cachoeira através das páginas do jornal O Commercio (1900-1966), na edição do dia 26 de junho daquele ano de 1912, trazendo a história de um dos passageiros que pereceu.
        Eis a notícia:
Jornal O Commercio, 26/6/1912 - acervo do Arquivo Histórico

D E S A P A R E C I D O

Relógio da Rua 7 de Setembro - fototeca do Museu Municipal

Está desaparecido há mais de 40 anos o Relógio Público que aparece na foto. Foi visto pela última vez no cruzamento da Rua Silvio Scopel com a Praça José Bonifácio.
 Dados particulares: Idade atual 84 anos (data de nascimento: 20/01/1928), com aproximadamente 3,00m de altura; mostrador com diâmetro de 50 cm, montado sobre uma coluna quadrangular, tendo em três dos seus lados um termômetro e no restante um barômetro.  Cada um dos lados da coluna apresentava uma floreira em forma de degraus (3), com altura aproximada de 1,20m.
Quem souber de seu paradeiro ou dele tiver notícias, entre, imediatamente, em contato.  Seus milhares de amigos cachoeirenses sentem muito sua falta! Sua recompensa será nossa eterna gratidão.
Nota: Tememos que seus batimentos de minutos já estejam comprometidos e suas horas tenham chegado ao fim.
Assinado: COMPAHC 
                           

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Série Lojas do Passado: Agência Chevrolet

A Agência Chevrolet, de Eduardo Schaurich, localizava-se na Rua 7 de Setembro e, em 21 de setembro de 1927, mudou-se para prédio recém-construído, onde possuía exposição permanente de automóveis e caminhões Chevrolet, bem como peças e acessórios. Em prédio fronteiro, mantinha oficina de consertos, sob a direção de Florinaldo Gomes.

Agência Chevrolet na Rua Sete de Setembro - fototeca do Museu Municipal


Em maio de 1931, Eduardo e Francisco Werlang e Jacinto Dias Filho constituíram sociedade para o negócio de automóveis e acessórios, com o capital de 40:000$000 (quarenta contos de réis) sob a razão social de Eduardo Werlang & Cia. Ltda. Nessa época, a agência mudou-se para a Rua Venâncio Aires (atual Presidente Vargas) e a inauguração ocorreu em 17 de junho de 1931.


Agência Chevrolet na Rua Venâncio Aires (atual Presidente Vargas)
 - acervo Família Werlang
Em 1942 a sociedade foi dissolvida com a retirada de Jacinto Dias Filho e Francisco Werlang, permanecendo com o negócio por muitos anos Eduardo Werlang.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A Páscoa nos tempos da Freguesia...

O arquiteto Günter Weimer, em sua obra Arquitetura no Período Colonial, nos ensina o seguinte:

“As igrejas foram as construções mais importantes do período colonial porque nelas se exerciam atividades relevantes da administração social além da religiosa. A Igreja, entendida como instituição, era o setor mais bem organizado do estado português. Era ela que mantinha a coesão social, desempenhava boa parte de funções sociais (registros sociais, como os de nascimento, de casamento, de morte), zelava pela paz e pela justiça. Na Páscoa todos os cidadãos eram obrigados a comungar em razão do que todos os ‘fregueses’ de uma paróquia tinham de assistir à missa, o que implicava em que todas as pessoas da freguesia tinham de caber, a um só tempo, dentro do templo: era esta a forma de fazer os recenseamentos da população: pela quantidade de hóstias consumidas sabia-se o número de paroquianos. Isto também significa que os templos tinham de ser proporcionalmente grandes em relação às demais construções.” (Caderno de História n.º 39. Memorial do Rio Grande do Sul, Câmara Rio-Grandense do Livro. 2007, pp. 15-16).