A "Série: Registros fotográficos incríveis" chega à sua terceira postagem, sempre contando com o apoio prestimoso do memorialista Claiton Nazar, colecionador de um grande acervo de imagens de Cachoeira do Sul e com olhar apurado e experiente para detalhes e sutilezas apanhadas pelos fotógrafos do passado.
Desta vez, os registros publicados são os da Ponte do Fandango, aproveitando momento em que a estrutura experimenta mais uma de suas fragilidades, pondo autoridades e população na difícil tarefa de equacionar as dificuldades de escoamento pela sua interdição e a necessidade de encontrar solução rápida e eficiente para tal problema.
Uma pergunta recorrente de quem se interessa pela história da Ponte do Fandango é relacionada ao seu nome. Por que fandango? Bem, há três justificativas plausíveis para tal denominação. A primeira delas se refere ao local em que a ponte foi construída, ou seja, sobre a Cachoeira do Fandango, que se caracterizava por pequenas quedas d'água que embaraçavam o leito do rio. Em épocas de seca, quando as águas atingiam nível baixo, ela era facilmente atravessada, tornando-se local apreciável para banhos. Nesse período do ano, eram costumeiros os encontros e piqueniques da população em suas imediações.
Desses encontros e folguedos nas suas proximidades pode ter surgido a denominação "fandango" para a cachoeira porque era muito comum, diante da falta de outras opções de entretenimento, que os grupos que dela se acercavam em piqueniques e festas levassem consigo uma banda ou pequena orquestra. A animação musical acabava por provocar danças, ou fandangos, associando-se o lugar ao propósito que o caracterizava por conta desses festejos.
Uma terceira teoria para a denominação da Cachoeira do Fandango é a movimentação que as pedras causavam nas águas do rio Jacuí, semelhantes aos movimentos da dança conhecida como fandango, herança dos espanhóis e que se disseminou com força também em Portugal. A dança do fandango apresenta coreografia vibrante, da mesma forma como as águas da cachoeira se portavam ao passarem pelas pedras do leito do rio.
Registros fotográficos I e II: a Cachoeira do Fandango
Cachoeira do Fandango - Coleção Claiton Nazar |
Coleção Claiton Nazar Créditos das fotos I e II: originais de Renoardo Pohlmann |
Maquete da ponte feita por Joaquim Vidal - Museu Municipal |
Como se vê, o projeto de Joaquim Vidal, à época diretor da Seção de Obras e Viação da Prefeitura Municipal, não foi o adotado. A obra foi entregue à empresa Brasília Obras Públicas S. A., com sede no Rio de Janeiro, e desenvolvida em conjunto com a francesa Societé de Construction des Batignolles, sediada em Paris.
Folha avulsa com o projeto geral da ponte - Acervo CACISC |
A Barragem-Ponte do Fandango foi construída a dois quilômetros da cidade, sobre a Cachoeira do Fandango, constando ter sido projetada pelo engenheiro civil Pedro Viriato Parigot de Souza, que recebeu o título de Cidadão Cachoeirense em 1972. Segundo a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, de Jurandyr Pires Ferreira (1959), a obra em concreto e aço foi a primeira do gênero a ser construída no Brasil, utilizando tecnologia alemã.
Registros fotográficos IV, V e VI: o canteiro de obras
IV - Vista aérea geral da obra - Coleção Claiton Nazar |
Nas tomadas acima e abaixo, vê-se o canteiro de obras em foto aérea. Na parte de baixo de ambas as fotos, lado esquerdo, ainda é possível ver parte das cachoeiras existentes no local. As estruturas de sustentação estavam sendo erguidas, podendo ser notadas barreiras de contenção das águas.
V - Coleção Noé Tischler |
VI - Coleção Claiton Nazar |
XV - Vista aérea da Barragem-Ponte por volta de 1962 - Coleção Claiton Nazar |
Robispierre Giuliani |