Espaços urbanos

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Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Festas do Divino Espírito Santo

As festas religiosas devotadas ao Divino Espírito Santo são uma tradição portuguesa e se mantêm com força ainda em muitas cidades brasileiras.

Em Cachoeira, a imprensa registra a grandiosidade destas festas no começo do século XX. No século anterior, a julgar pela construção do Império, por volta de 1855, eram bastante concorridas, mantendo o ritual da escolha de um imperador, geralmente um menino, para presidi-las. O imperador era coroado e trajava vestes semelhantes às de um monarca, dispondo de uma corte para lhe servir.

À direita, prédio do Império do Divino
- fototeca Museu Municipal

As festas locais tinham variado programa, incluindo novenas, procissões, leilões, quermesses e folguedos para a população em geral. Um dos seus destaques  eram as procissões de peditório, quando fieis percorriam ruas e até mesmo propriedades na zona rural portando bandeiras do Divino Espírito Santo e solicitando dos proprietários donativos para os mais pobres.

Modelo de bandeira do Divino
- natividade.org
Em 21 de maio de 1902, O Commercio registrou para a posteridade os versos que os pedintes recitavam em seu percurso com as bandeiras:

Passa a bandeira toda enfeitada,
Cheia de flores, cheia de fita;
Vai pelas ruas acompanhada
Por muitas moças... moças bonitas.

Muitos festejos, muita poesia,
Muitos foguetes sobem aos ares,
Loiros rapazes com fidalguia
Lançam às moças ternos olhares.

Vai a pombinha cheia de encantos
Vão os devotos cheios da fé;
Nenhum garoto zomba dos santos,
Nenhum velhote toma rapé.

Passa a bandeira, descem uma lomba,
Entra na igreja, sobe um degrau:
Todos os velhos beijam a pomba,
Todas as velhas beijam o pau.

domingo, 10 de maio de 2015

Mãe Intelectual do Povo Cachoeirense


O segundo domingo do mês de maio, dedicado às mães, traz à memória uma ilustre mulher cachoeirense que não foi mãe na acepção primeira da palavra, mas que recebeu o título de “Mãe intelectual do povo cachoeirense”.

Esta mulher, perdida na bruma do tempo, somente é lembrada pelo nome que dá a uma importante escola. E foi responsável pela formação de centenas de crianças e jovens. Seu nome: Cândida Fortes Brandão.

Cândida Fortes Brandão - fototeca Museu Municipal

Diplomada pela Escola Normal de Porto Alegre, Cândida Brandão era grande conhecedora da pedagogia vigente e lecionava com segurança as matérias que constavam do currículo ministrado na virada do século XIX para XX. Austera, como ditavam as regras de seu tempo, ganhou grande popularidade e respeito pelas orientações e conselhos que publicava com regularidade nas páginas dos jornais locais O Comércio e Rio Grande.
 
A imprensa não era, no início dos anos 1900, um espaço para mulheres e, neste sentido, Cândida foi uma precursora. E mais do que isto, ela costumava abordar assuntos delicados para aqueles tempos e que exigiam dela coragem e muito discernimento na hora da reação dos leitores. E havia também a Cândida poetisa, ficcionista e crítica de literatura.

Este conjunto de predicados incomuns às mulheres de seu tempo, bem como a grande erudição que demonstrava fizeram que a escritora Júlia Lopes de Almeida qualificasse Cândida Fortes Brandão como “Mãe intelectual do povo cachoeirense”.

Esta mulher não foi mãe, mas foi a primeira de uma legião de outras que, movidas pelo conhecimento e reconhecida capacidade, deixaram contribuição inequívoca para a intelectualidade cachoeirense.