As festas religiosas
devotadas ao Divino Espírito Santo são uma tradição portuguesa e se mantêm com
força ainda em muitas cidades brasileiras.
Em Cachoeira, a imprensa
registra a grandiosidade destas festas no começo do século XX. No século
anterior, a julgar pela construção do Império, por volta de 1855, eram bastante concorridas, mantendo o ritual da escolha de um imperador,
geralmente um menino, para presidi-las. O imperador era coroado e trajava
vestes semelhantes às de um monarca, dispondo de uma corte para lhe servir.
À direita, prédio do Império do Divino - fototeca Museu Municipal |
As festas locais tinham
variado programa, incluindo novenas, procissões, leilões, quermesses e folguedos para a população em geral. Um dos seus destaques eram as procissões
de peditório, quando fieis percorriam ruas e até mesmo propriedades na zona
rural portando bandeiras do Divino Espírito Santo e solicitando dos
proprietários donativos para os mais pobres.
Modelo de bandeira do Divino - natividade.org |
Em 21 de maio de 1902, O Commercio registrou para a posteridade os versos que os
pedintes recitavam em seu percurso com as bandeiras:
Passa a bandeira toda enfeitada,
Cheia de flores, cheia de
fita;
Vai pelas ruas acompanhada
Por muitas moças... moças
bonitas.
Muitos festejos, muita
poesia,
Muitos foguetes sobem aos
ares,
Loiros rapazes com fidalguia
Lançam às moças ternos
olhares.
Vai a pombinha cheia de encantos
Vão os devotos cheios da fé;
Nenhum garoto zomba dos
santos,
Nenhum velhote toma rapé.
Passa a bandeira, descem uma
lomba,
Entra na igreja, sobe um
degrau:
Todos os velhos beijam a
pomba,
Todas as velhas beijam o pau.