Espaços urbanos

Espaços urbanos
Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Nova etapa da obra na Ponte de Pedra - colabore!

     O Grupo de Recuperação da Ponte de Pedra inicia agora uma nova etapa: estabilizadas as fundações, precisa agora recuperar o arco avariado.

     Colabore! Qualquer doação em dinheiro será bem-vinda!

     Vamos salvar este importante monumento histórico e definitivamente um marco na história recente de Cachoeira do Sul pelo envolvimento comunitário em prol de sua preservação!

    

Série Lojas do Passado: Mercadinho Cachoeirense

                Augusto Stahl adquiriu, em 1916, de Octacílio Pillar Soares, um terreno situado a Rua Júlio de Castilhos, com 60 palmos de frente e uma quadra de fundos, pelo valor de 3:000$000 (três contos de réis). Neste terreno montou seu Mercadinho Cachoeirense.
Mercadinho Cachoeirense e os proprietários - acervo Museu Municipal

Augusto Stahl havia trabalhado na Charqueada do Paredão, onde chefiava o setor de embutidos e linguiças, de onde certamente adquiriu a experiência necessária para oferecer em seu mercadinho carne de porco salgada da colônia, manteiga de nata doce, presuntos, toucinho, queijos, salames, mortadelas, artigos frescos, bons e garantidos, conforme noticiava O Comércio, de 20 de novembro de 1918.

Notícia do mesmo jornal, ano de 1931, informava que “foi reaberto em 25 de julho de 1931, no mesmo local onde era estabelecido, na Rua Júlio de Castilhos, 67.” Motivos relacionados à I Grande Guerra talvez tenham motivado o fechamento ou suspensão do negócio?

Outro personagem de sobrenome Stahl, chamado Otto, também fez história em Cachoeira, para onde veio lecionar no Ginásio Rio Branco no ano de 1915. Natural de Nova Petrópolis, Otto era filho de Augusto (outra fonte cita Eduardo) Stahl e Theresia Hillebrand. Integrou a primeira turma de reservistas do Tiro de Guerra local e aventurou-se na fabricação de cerveja. Depois cursou medicina e foi para Não-Me-Toque, onde dá nome à Casa de Cultura Otto Stahl.

Provavelmente Augusto e Otto integravam a mesma família, faltando ainda unir os seus laços.

Posto Meteorológico na Praça José Bonifácio

            Há 100 anos, mais precisamente no dia 1º de abril de 1911, foi instalado na Praça José Bonifácio um posto meteorológico de 2ª classe que fazia parte da rede do Estado. Foi encarregado da observação e controle Emiliano Carpes.
A instalação desses postos meteorológicos era feita pela Escola de Engenharia de Porto Alegre.
Posto meteorológico de 2.ª classe
e seu encarregado Emiliano Antônio Carpes
- acervo Museu Municipal

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Série Lojas do Passado: Casa Alaggio

A Casa Alaggio, fundada por Biagio Alaggio em 1889, vendia fogões de ferro estrangeiros, louças, fantasias, tintas, ferragens e estava localizada na Rua Sete de Setembro, 42. Em 1921, passou a comercializar revólveres, armas, munições, navalhas, miudezas. Em 31/8/1922, Biagio vendeu as existências da sua casa comercial para o filho Saverio Alaggio que continuou no mesmo prédio e ramo, ampliando o estoque para ferragens, tintas, pincéis, miudezas, vidros, louças, cristais, porcelana, cimento, telhas de zinco, arames, óleos e graxas, fogões, apetrechos para cozinha, artigos sanitários, pertences para instalações hidráulicas.
Em junho de 1928, a loja foi instalada no prédio mandado construir na Rua Sete de Setembro, fronteira à Praça José Bonifácio, ao lado da Tipografia do Comércio. Com bela fachada, tinha 14m de frente por 27m de fundos, obra do engenheiro Julio Rieth e de Roberto Jagnow. Em 1942, passou à direção de Nicolau Alaggio e Júlio Castagnino. Permanecia no ramo de ferragens e acrescentou maquinaria agrícola, motores, rádios, refrigeradores, máquinas de escrever, tintas, louças, miudezas, cristais, artigos para presentes.
Novas instalações da Casa Alaggio foram inauguradas em 21 de dezembro de 1946, às 15 horas. A fita simbólica colocada na sala principal de entrada foi cortada pelo Prefeito Cyro da Cunha Carlos. Na ocasião, em nome da nova firma, falou o seu procurador Dr. Jaime Machado de Oliveira. Houve descerramento dos retratos dos fundadores Biaggio Alaggio e Saverio Alaggio, e dos então proprietários Nicolau Alaggio e Júlio Castagnino. Em outra dependência da firma foram servidos doces, champanha e bebidas finas, conforme noticiou o jornal O Comércio (1900- 1966), em sua edição da véspera do Natal de 1946.

Casa Alaggio - Rua Sete de Setembro
- acervo Museu Municipal



domingo, 17 de julho de 2011

Série Lojas do Passado: Casa da Bandeira Branca

Em 24 de março de 1915, o sírio-libanês Haguel Botomé abriu a Casa da Bandeira Branca, na Rua 15 de Novembro, esquina com General Osório. Comercializava, por atacado e varejo, fazendas, roupas brancas, roupas feitas, armarinho, calçados, seção de alfaiataria com grande sortimento de casemiras inglesas e francesas, brins, calçados para homens, mulheres e crianças.  
Em 1917, Botomé adquiriu a loja A Liquidadora, de José Waldemar, situada na Rua Saldanha Marinho e que comercializava fazendas e miudezas. Um ano depois, abriu uma filial da Casa da Bandeira Branca na Rua 7 de Setembro com Conde de Porto Alegre.
No ano de 1925, mandou arrumar os passeios que ladeavam a loja, recobrindo-os com mosaicos executados pela fábrica de Fernando Rodrigues. Até hoje é possível ver na calçada da Rua 15, defronte ao local onde funcionou a loja, já bastante desgastado pelo tempo, o letreiro CASA DA BANDEIRA BRANCA. Foi o que restou da loja que fechou definitivamente na década de 1930, depois de concordata preventiva solicitada por Haguel Botomé em 1931.

Casa da Bandeira Branca - álbum de Benjamin Camozato - 1922
Haguel Botomé com a esposa Haifa e a filha Jofreta

        Naquele mesmo ano de 1925, houve uma grande liquidação do estoque. O jornal O Comércio, em sua edição de 11 de novembro, estampava, na página três, o seguinte anúncio:

Aproveitem a torração!

Se quereis ótimas compras,
 Fazer pechincha de arranca,
Visitai agora mesmo
A Casa da Bandeira Branca.

Nessa loja preferida
E barateira de fato,
Vende-se muito, por pouco,
Pois só se vende barato.

Para o gosto delicado
Do freguês mais exigente,
Tem artigos escolhidos
De qualidade excelente.

Perfumaria estrangeira
Magníficos bordados,
Fazendas de toda a espécie,
Cortinas e cortinados.

Para homens, só se vendo,
Sortimento que é um primor:
Chapéus, cuecas, camisas.
Gravatas de qualquer cor.

Para noivas, nem se fala,
O que há de fino e de chique,
Véus, grinaldas, confecções,
E meias de seda BIC.

Enfim, como todos sabem,
Essa loja da Bandeira,
É a preferida do povo
Por ser a mais barateira.

E agora, ainda por cima,
Pra provar que não me engano,
Só vai vender pelo custo
Todo o resto deste ano.

Vede, pois, ó freguesia,
Comprar barato é que é,
Pechinchas e mais pechinchas
Na loja do Botomé.


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Gaudenzi, Adloff e Friedrichs - agentes de beleza urbana

O Instituto Cultural Emilio Sessa, em seu boletim n.º 1, remetido ao Museu Municipal, traz uma importante revelação: os vasos de cimento que foram distribuídos pelas Praças José Bonifácio e Balthazar de Bem, no projeto de remodelação executado durante a administração João Neves da Fontoura (1925-1928), são obras de dois artistas estrangeiros que vieram para o Brasil no início do século XX: o italiano Giuseppe Gaudenzi e o alemão Alfred Adloff. Estes dois artistas também têm seus nomes ligados à execução do nosso principal cartão-postal, o Château d’Eau.



Vasos na Praça José Bonifácio - acervo Museu

Segundo Arnoldo Doberstein, em sua obra Monumentos públicos, turismo e pós-modernidade. Turismo Urbano, Editora Contexto, p. 101, “Os idealizadores do Château d`Eau eram homens da mais sólida formação artística europeia. Giuseppe Gaudenzi, o provável projetista, estudou na Escola de Belas Artes de Roma e Veneza, tendo atuado como professor de escultura no Instituto Técnico Profissional de Roma. Alfred Adloff, o escultor do Netuno e das ninfas do Château d´Eau, era formado na Escola de Belas Artes de Düsseldorf, tendo trabalhado em Berlim, Bélgica e Itália. Adloff foi um dos mais hábeis entre tantos escultores estrangeiros que vieram para o Rio Grande do Sul, no início do século XX. Foi o autor de importantes monumentos no Estado, tais como o monumento ao Barão de Rio Branco (Porto Alegre, 1916), o monumento à Independência (Santa Cruz, 1924), a fonte com a camponesa com o cântaro, também apelidada de Samaritana com a Ânfora (Porto Alegre, 1927), o busto de Apolinário Porto Alegre (Porto Alegre, 1927) e o monumento ao Cônego Champagnat (Porto Alegre, 1940).”
         Gaudenzi e Adloff trabalhavam para João Vicente Friedrichs, proprietário de uma oficina de esculturas e galvanoplastia*, onde produzia imagens, túmulos, mosaicos, lustres e outros objetos de metal. Friedrichs também tem seu nome associado ao Château d’Eau, pois foram nas suas oficinas que as esculturas das ninfas e de Netuno foram fabricadas.

Château d'Eau - foto de Cristianno Caetano

         No Recanto da Memória do Museu Municipal, estão alguns exemplares dos vasos desenhados e produzidos pelos artistas Gaudenzi e Adloff e executados nas oficinas de J. Vicente Friedrichs. Belíssima revelação, pois até agora se suspeitava da origem dos trabalhos, mas desconhecia-se a sua autoria. Cachoeira do Sul, portanto, integra o rol das cidades que possuem exemplares da estética europeia, representativa dos tempos em que os espaços públicos eram nichos de convivência merecedores de cuidados que a modernidade deixou para trás.


Vaso - Recanto da Memória - Museu.
Ao fundo, menino com ganso

Menino com ganso - esboço de Gaudenzi
Gentileza: ICES

*Galvanoplastia: arte de aplicar uma camada metálica aderente sobre qualquer superfície.

sábado, 9 de julho de 2011

Freguesia de N. Sra. da Conceição da Cachoeira

        Em 10 de julho de 1779, a Capela de São Nicolau, como era denominada a povoação incipiente em que se constituía Cachoeira nos primórdios de sua história, foi elevada à categoria de freguesia. A modificação, além do caráter religioso, constituía-se também em mudança de categoria em termos administrativos. O orago, claramente de influência espanhola, também passava para uma invocação bem portuguesa: Nossa Senhora da Conceição.
O ato, que a história não registra em que condições se deu, deve ter sido levado a efeito por celebração religiosa procedida pelo vigário de Rio Pardo, Pe. José Antônio de Mesquita, que serviu a freguesia por um ano. Em 1780, Mesquita foi substituído pelo Pe. João Manoel Xavier de Mattos.
Página de livro de Batismos da Freguesia - 1799

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Série Lojas do Passado: Casa Fialho

            A Casa Fialho, de João Fialho, estava instalada na Rua Sete de Setembro nº 173. Mantinha um grande sortimento de fazendas, miudezas, perfumarias, roupas feitas e chapéus. Foi aberta em 1924.

Em 1925 um incêndio de grandes proporções destruiu a loja e atingiu a casa de Ignácia Oliveira, a conhecida Casa dos Arcos, que era contígua. Reconstruída, a loja foi vendida para Rosa & Cia., em 1927, passando a se chamar Casa Rosa. João Fialho permaneceu como gerente. Vendia por atacado e varejo completo sortimento de chapéus, sobretudos, fatiotas, tecidos e perfumarias estrangeiras.

Em novembro de 1928, João Fialho mudou-se com a família para Porto Alegre. Vendida novamente, a Casa Fialho, então Casa Rosa, passou a se chamar Casa Corrêa. Trocou também de endereço e, na década de 1930, atendia ao lado do Bazar Krahe, depois Farmácia “do Laurentino”, hoje Beck’s.

O tempo passa, cheio de histórias...

As fotos ilustrativas abaixo constituem frente e verso de um cartão-postal de propriedade de Eduardo Minssen.

domingo, 3 de julho de 2011

Deutsch-Brasilianische Schule

        O Pastor Kurt Benno Eckert, em seu livro Quando florescem os arrozais (Martins Livreiro Editor, 1993), nos conta que no ano de 1867 aconteceu a primeira visita oficial de um pastor evangélico a Cachoeira, o Dr. Hermann Borchardt, que veio para conhecer e orientar os membros da recém-fundada Comunidade Evangélica de Agudo. Como acontecia nessas ocasiões, celebrou cultos, casamentos e outros sacramentos.
         Os imigrantes que tinham trocado a colônia pela cidade de Cachoeira eram, naquela época, constituídos apenas por nove famílias: “dois comerciantes, dois sapateiros, um relojoeiro, um seleiro, um fotógrafo e um pedreiro.”
         Como era natural, consideradas a inexistência de uma comunidade e a raridade de visitas pastorais, as famílias da cidade reuniram-se para criar a sua própria comunidade evangélica. Isto se deu em 8 de junho de 1893. Junto com a igreja, queriam também a escola, como é característico de sua cultura.
No dia 3 de julho daquele ano, uma assembleia decidiu pela aquisição de uma casa que servisse de capela e escola. Estavam fundadas a Comunidade Evangélica de Cachoeira e a Deutsch-Brasilianische Schule, hoje Colégio Sinodal Barão do Rio Branco. A casa onde essa história começou situava-se a leste da Praça José Bonifácio, proximidades de onde foi instalada, mais tarde, a Usina Municipal.
         A história deve registrar os primeiros nomes dessa iniciativa que hoje conta 118 anos de efetivo cumprimento de seu papel: Philipp Adam, João Gerdau, Rudolph Homrich, Otto Büchler e Augusto Trommer.
         Somente no ano seguinte, 1894, aportou em Cachoeira o primeiro pastor e professor: Henirich Gauss.
         Parabéns, Comunidade Evangélica e Colégio Sinodal Barão do Rio Branco pelos 118 anos!
Escola para formação de pastores, construída entre
1916-1917, hoje Jardim de Infância do Colégio
- prédio tombado pelo COMPAHC
        


Templo Martim Lutero, inaugurado em abril de 1931
- tombado pelo COMPAHC

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Friedrich, a Fábrica de Trilhadeiras

Adolfo Moritz Friedrich e o filho Alvino, oriundos de Trombudo, onde haviam fundado uma fábrica de trilhadeiras, transferiram o negócio para Cachoeira, estabelecendo-se, em 1949, na Vila Marina. Construíram a residência da família e o pavilhão da fábrica que começou a funcionar em 1950, empreendimento que fez crescer o hoje denominado Bairro Marina.

As primeiras trilhadeiras produzidas ainda em Trombudo eram feitas em madeira e os operários da fábrica constituíam-se basicamente de marceneiros, ferreiros e pintores. Algumas peças que compunham a trilhadeira eram verdadeiras obras de arte, como “móveis de decoração”, segundo depoimento de João Carlos Ferreira, um dos últimos funcionários a deixar a fábrica quando ela encerrou suas atividades na década de 1980.

A Friedrich chegou a exportar dezenas de unidades de suas trilhadeiras, além de abastecer largamente o mercado interno.

Alvino Friedrich, apreciador da arte da fotografia, costumava registrar o processo de fabricação e as trilhadeiras em ação nas lavouras. São de sua autoria também as primeiras fotos coloridas feitas em Cachoeira, tiradas durante a Festa do Trigo em 1956. Sua filha Marlene Renate Friedrich Lüdtke doou uma bela coleção das fotografias do pai ao Museu Municipal.

Trilhadeira Friedrich em ação - acervo Museu Municipal
Autor: Alvino Friedrich
Doação: Marlene R. Friedrich Lüdtke


A. Moritz Friedrich observa o trabalho da trilhadeira
- acervo Museu Municipal
Autor: Alvino Friedrich
Doação: Marlene R. Friedrich Lüdtke


Operários da Fábrica de Trilhadeiras Friedrich
- acervo Museu Municipal
Autor: Alvino Friedrich
Doação: Marlene R. Friedrich Lüdtke