A primeira ponte erguida
em Cachoeira casualmente também é a primeira do Rio Grande do Sul em seu estilo
construtivo. Trata-se da Ponte do Botucaraí, mais conhecida como Ponte de
Pedra. Sua construção foi de vital importância para estabelecer a ligação da
Vila Nova de São João da Cachoeira com a Vila de Rio Pardo e, a partir dela,
com Porto Alegre, aproveitando a existência do Passo Real do Botucaraí.
Ponte de Pedra (março de 1955) - Família Friedrich |
A história da construção
da Ponte de Pedra foi longa e interrompida pelo decênio farroupilha, momento
histórico conturbado e de desaceleração do desenvolvimento da província.
A primeira referência a ela surgiu em 19 de maio de 1832, quando o presidente da Câmara de Cachoeira, José
Custódio Coelho Leal, apresentou aos demais vereadores uma correspondência do
presidente da província, Manoel Antônio Galvão, determinando a elaboração da
planta da ponte. A partir disso, teve início uma série de tratativas entre o
governo municipal e o provincial no acerto de quais seriam as etapas e as
atribuições de cada um para a execução da obra. Quase um ano depois, em 18 de
abril de 1833, a Câmara de Cachoeira oficiou ao engenheiro da província, João
Martinho Buff, solicitando que elaborasse a planta da ponte. Entre abril de
1833 e setembro de 1835, quando estourou a Revolução Farroupilha, cessaram
notícias sobre a obra.
Passados os dez anos da
revolução e mais algum tempo, em 5 de junho de 1847, novamente o presidente da província,
casualmente o mesmo Manoel Antônio Galvão, pediu a planta da ponte e, em 15 de
setembro, recebeu-a junto com o orçamento da construção. No dia 5 de outubro,
na abertura da Assembleia Legislativa Provincial, ele apresentou a seguinte
informação:
Ponte
do Passo Real do Botucaraí. A planta desta ponte encomendada pela Lei nº 33, de
5 de maio de 1846, foi concluída. Ser-vos-á apresentada, bem como o orçamento
na importância de Rs. 36:994$720.
Vencidos os trâmites
burocráticos, a obra teve início sob o comando de Manoel Fialho de Vargas Filho,
empreiteiro que a arrematou pela quantia de 46 contos e oitocentos mil réis e
assinou o contrato de execução em 10 de janeiro de 1848.
Em 28 de outubro de 1848,
um ofício do Capitão Engenheiro Ajudante do Chefe dos Engenheiros da Comarca,
João Pedro de Gusmão Mariz, dava conta ao seu superior que havia feito exame na
ponte, informando que “se acha concluída conforme a planta e contrato feito
pelo arrematante e me parece estar construída com toda a solidez, visto que tem
passado carretas e tropas de gado e não tendo havido até o presente indício de
ruína.”
A Ponte de Pedra passou
pela história e seguirá testemunhando histórias graças às ações de um grupo de voluntários que em 2010
salvaram-na da destruição. E hoje, ainda que desafie o tempo e as adversidades, segue bela, forte e deleitando os apreciadores das obras do passado e os banhistas nos dias quentes de verão.
Em 2014, por decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado - IPHAE, foi tombada como patrimônio histórico-cultural do Rio Grande do Sul.
Ponte de Pedra - Robispierre Giuliani |
Ponte de Pedra - Renato Thomsen |
Para saber mais sobre a
salvação da Ponte de Pedra, acesse: