Espaços urbanos

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Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Série: Cachoeira Futebol Clube - 1914 - 2014

Em 2014, mais precisamente no dia 24 de fevereiro, o Cachoeira Futebol Clube completará seu centenário de fundação.


Por uma triste coincidência, o Arquivo Histórico do Município não dispõe dos exemplares do ano de 1914 dos dois jornais que circulavam na época, O Comercio (1900-1966) e Rio Grande (1904-1915), que certamente traziam notícias dos primeiros movimentos do grupo de jovens que fundaram o Cachoeira Foot-Ball Club. Quando as coleções destes dois jornais foram doadas, já não traziam os volumes correspondentes...
Mas em 1913 é possível ver publicações esparsas sobre a movimentação em torno do novo esporte do foot-ball, trazido a Cachoeira pelos ingleses da Charqueada do Paredão.
O Rio Grande, edição de 24 de julho de 1913, em sua página 3, traz a seguinte notícia:
“Domingo à tarde continuaram os ensaios de futebol no Bairro Rio Branco. Sabemos que será fundada definitivamente uma sociedade desse gênero logo que certo número apreenda as regras do jogo. À frente dos entusiastas do futebol está o Sr. Arno Trommer.”
Como se pode ver, o futebol tratava-se de novidade e dominar as suas regras era um desafio!
Os “ensaios”, como a reportagem sugere, eram feitos em campo localizado no Bairro Rio Branco, onde depois o empresário Reynaldo Roesch ergueu sua casa, na Rua Ernesto Alves, hoje sede da Cervejaria Heilige.

Campo de futebol do Bairro Rio Branco - fototeca Museu Municipal

Quanto ao “entusiasta” Arno Trommer, sabe-se que dominou as regras do futebol e veio a tornar-se um dos seus adeptos mais apaixonados, defendendo como goleiro aguerrido as boladas dos adversários do Cachoeira Futebol Clube.


Foto publicada no Grande Álbum de Cachoeira - de Benjamin Camozato (1922)
- Ao centro, à frente, Arno Trommer



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Retretas

O jornal Rio Grande, órgão do Partido Republicano Riograndense e que circulou em Cachoeira de 1904 a 1915, lançou no ano de 1913 uma campanha para realizar retretas na Praça José Bonifácio e assim tornar a rua principal mais animada.
A proposta do jornal era levar a Banda Musical Estrela Cachoeirense, nas quintas-feiras e sábados, para tocar na praça, atendendo ao desejo de moradores das imediações. Pode-se dizer que esta foi uma das primeiras iniciativas de caráter cultural voltada para a fruição da música pela população em um local público.
Sucessivas edições do jornal Rio Grande, daquele ano de 1913, davam notícias a respeito da ideia, cientificando seus leitores que já estava angariando contribuições dos interessados, dentre os quais estava incluída a Intendência Municipal que se comprometeu a iluminar fartamente todo o trecho da Avenida das Paineiras próximo ao local da retreta.
No primeiro domingo de realização da retreta, o jornal registrou, em sua edição de 1.º de maio de 1913, que a Praça José Bonifácio “regorgitou de famílias e cavalheiros. Até antes de começar o espetáculo cinematográfico do Coliseu, era difícil o trânsito naquela via pública.”

Rua 7 com movimentação de público defronte ao Cinema Coliseu Cachoeirense
- fototeca Museu Municipal

Será que esta foto não registrou o que o jornal noticiou? Com a resposta o tempo... qualquer dia alguma pista histórica poderá confirmar ou não!

domingo, 5 de janeiro de 2014

Brazil Philatelico - mais um empreendimento do genial Benjamin Camozato

      Em janeiro de 1913 o jornal Rio Grande noticiava ter recebido o primeiro número da segunda fase, 4.º ano, da revista literária mensal ilustrada e independente denominada Brazil Philatelico.
A revista, dedicada aos colecionadores de selos e cartões-postais de todo mundo, era uma publicação dirigida pelo filatelista e cirurgião-dentista Dr. Benjamin Celestino Camozato, então residente em Cachoeira. Esta revista foi pioneira no gênero, pois somente em 1931 a Sociedade Filatélica Riograndense lançou, também sob a direção de Benjamin Camozato, a sua revista intitulada O Rio Grande Filatélico.
Esperantista que era, Camozato privilegiava a divulgação da língua universal em sua revista, sendo ela também escrita em francês e português, recebendo correspondência dos filatelistas de todo mundo ainda em esperanto, inglês, alemão e espanhol.
O conteúdo da revista, de cuja existência não há exemplar disponível no Museu Municipal ou Arquivo Histórico de Cachoeira, trazia variada matéria, com destaque para assuntos relacionados à fotografia e de interesse geral dos colecionadores. O exemplar em questão estava ilustrado com uma fotografia feita por seu diretor na festa do Natal das crianças pobres, realizada em Cachoeira, além de diversos anúncios dos patrocinadores.

A redação do Rio Grande, edição de 19 de janeiro de 1913, data que sucedeu o dia do lançamento, desejava “prosperidade à distinta colega”. Na edição de 23 de fevereiro daquele ano, o Rio Grande noticiava o recebimento do segundo número.

Benjamin C. Camozato - acervo da família