Atestando o excelente cenário econômico e cultural de Cachoeira que se desenhava com os avanços da produção e beneficiamento do arroz, abriu as portas, em agosto de 1906, a Livraria de Martin Krahe, situada na esquina da Rua 7 de Setembro com a então Travessa 24 de Maio. O estabelecimento oferecia aos fregueses todo sortimento de publicações, livros em branco, jornais e revistas ilustradas de moda, mantendo um bazar de miudezas, constante de objetos de adorno e finíssimos artigos de couro.
Em 1907, ampliou a oferta de produtos, passando a vender pianos da marca Rachals & Cia., fabricados em Hamburgo, na Alemanha, e harmônios de diversos preços. No carnaval desse mesmo ano, os foliões foram atraídos para comprar confete, serpentinas, bisnagas, lança-perfumes, máscaras, narizes e barbas para os festejos de Momo. Foi um sucesso!
No ano seguinte, o bazar inovou. Mandou fabricar na Europa louças estampando imagens coloridas de Cachoeira. Copos, vasos, taças e cálices foram produzidos. O jornal Rio Grande, propagandeando a novidade, publicou em sua edição do dia 9 de abril que tinha recebido do Bazar Krahe "uma jarra de vidro com vista da Rua 7 de Setembro, trabalhada em cores". Os itens eram excelentes suvenires para serem presenteados a visitantes e mesmo para comporem as mesas finas da sociedade cachoeirense. Terá sobrado alguma peça desta louçaria que estampava a cidade da época?
A partir de 1912, houve mudança da razão social da livraria e bazar, passando a se apresentar como Casa Filial de Krahe & Cia. Na foto abaixo, na verdade um cartão-postal de uma série que pode ser atribuída a Benjamin Camozato, vê-se o prédio da Livraria e Bazar com o letreiro "Casa Filial de Krahe & Cia." na parte superior do frontão. Na lateral, "Livraria, papelaria e bazar".
- Fototeca do Museu Municipal |
Outras imagens do local - Fototeca do Museu Municipal |
Escola Alemã-Brasileira no dia da inauguração - 1913 - Fototeca do Museu Municipal |
E a moda de expor projetos arquitetônicos pegou. Em 1920, "na vitrine da Filial Krahe & Cia., esteve exposta, durante alguns dias, a planta do vasto e belo edifício que a filial do Banco Pelotense vai mandar construir à Rua 7 de Setembro, esquina da Rua Venâncio Aires (atual Presidente Vargas), planta confeccionada pelo engenheiro construtor Dr. Santiago Borba, e que foi muito apreciada", conforme noticiou o jornal O Commercio, de 7 de abril daquele ano. Este projeto, na verdade, era de autoria do arquiteto Manoel Itaqui, executado pelo construtor Santiago Borba. O prédio do extinto Banco Pelotense hoje abriga o Banrisul e está retomando a sua imponência graças ao processo de restauro em curso.
A Livraria e Bazar Krahe seguiu em funcionamento pelo menos até a década de 1930. Mais tarde, o ponto passou a ser explorado com o mesmo ramo pelo médico Eurico Wilhelm, responsável pela construção de novo prédio no local. Depois o endereço passou a sediar a ainda lembrada farmácia do Laurentino, por um bom tempo a Loja Beck's e hoje abriga agência do SICOOB.
O local ao tempo em que abrigava loja de roupas - Foto Claiton Nazar |
*Franz Schubert,