Estão à venda as afamadas línguas
em conserva (enlatadas) do Paredão. Pedidos podem ser feitos pelo telefone ao
estabelecimento”, noticiava o
jornal O Commercio, edição de 16 de
maio de 1923.
Envelope da Charqueada divulgando o Alimento Fabini - acervo Museu Municipal |
Línguas
em conserva, extrato de carne, Alimento Fabini e outros subprodutos do abate de
gado figuravam na diversidade de itens oferecidos por esta que foi a maior
indústria de Cachoeira no final do século XIX e primeiras duas décadas do
século XX. De todos estes, o Alimento Fabini certamente oferecia um diferencial
tanto pela proposta que o produto tinha, pela forma de apresentação e excelente aceitação. O médico Balthazar de Bem o recomendava em seu consultório
para crianças, adultos e velhos... Apropriado, pois ele era o sócio majoritário da sociedade que comandava a Charqueada a partir de 1921.
Dr. Balthazar de Bem |
Lançado
no mercado em 1922, deve ter sido a salvação da Charqueada no ano seguinte,
quando o estado mais uma vez estava convulsionado por uma revolução. As
notícias na imprensa davam conta de que os negócios da Charqueada estavam
paralisados devido ao movimento
revolucionário que determinou um natural retraimento dos compradores e
propagandeava na mesma edição do dia 23 de maio de 1923 o Alimento Fabini:
Pó de carne. Recebemos uma lata
do Alimento Fabini, sob a forma de pó de carne. A nova forma sob a qual se
apresenta agora o conhecido preparado é de aspecto e sabor muito agradáveis. O
Alimento Fabini foi há pouco distinguido com o grande prêmio na Exposição do
Centenário do Rio de Janeiro. Analisado em muitos institutos científicos da
Europa, esse preparado foi considerado como sendo, na atualidade, o alimento
que, em menos volume, apresenta o mais alto valor nutritivo. Essa qualidade,
aliada à facilidade de digestão, justifica a grande preferência com que o
Alimento Fabini é distinguido pelo corpo médico. No nosso estado, onde esse
preparado foi introduzido apenas há um ano, já conta ele com a preferência dos
mais abalizados clínicos. Na capital, entre muitos outros, tem-no aconselhado
como poderoso revigorador do organismo em todas as idades os doutores Jacintho
Gomes, Serapião Mariante, Mario Totta, Affonso Aquino, Dionysio Silveira,
Renato Barbosa, J. Camelli, Flores Soares e outros. Em Cachoeira esse preparado
recebeu as mais elogiosas referências dos ilustrados médicos doutores Silvio
Scopel, Milan Kras, Marajó de Barros, Félix Garcia e Balthazar de Bem. O
Commercio, que sempre tem o maior interesse pelo progresso de nossa indústria,
congratula-se com o município de Cachoeira por ser a sede da importante fábrica
do Alimento Fabini.
O cachoeirense Dr. Jacintho G. Gomes - fototeca Museu Municipal |
Dr. Silvio Scopel - fototeca Museu Municipal |
Dr. Félix Garcia - fototeca Museu Municipal |
Dr, Milan Kras - fototeca Museu Municipal |
Outro
anúncio no mesmo jornal, de 30 de maio de 1923, alardeava as benesses da adoção
do Alimento Fabini:
Não pode comer carne!
– O médico me proibiu de comer carne – diz o doente, pesaroso e desanimado.
Esse desânimo será ainda maior para aqueles que sabem que, na opinião da
ciência moderna, o organismo humano começa a definhar quando privado do uso da
carne Mas agora, com a descoberta da farinha de carne do Alimento Fabini, que
está à venda em todas as boas farmácias, já os doentes não estão privados do
uso da carne, tão essencial ao vigor do organismo. A farinha de carne é a
própria carne concentrada, mas sem nenhum inconveniente porque é facilmente
digerida por todos os estômagos, mesmo os mais delicados, que são os dos velhos
e das crianças.
Anúncio no O Commercio, edição 30/5/1923 - Acervo de Imprensa do Arquivo Histórico |
A
propaganda já era a alma do negócio e, no caso da Charqueada do Paredão, a redenção do negócio!