Espaços urbanos

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Ponte do Fandango - foto Robispierre Giuliani

domingo, 30 de março de 2014

Série Lojas do Passado: Casa Jacques Bidone

Um dos casarões imponentes da Rua Sete de Setembro que felizmente resiste ao tempo, ainda ostentando características arquitetônicas originais, para o deleite dos olhos mais caprichosos, está prestes a completar 100 anos. 

Sobrado Jacques Bidone - Rua Sete de Setembro
- foto Claiton Nazar

Trata-se do sobrado que Jacques Bidone mandou construir defronte à Praça das Paineiras (atual Praça José Bonifácio), no antigo prédio do extinto Hotel Central.

Sobrado de Jacques Bidone na Rua Sete de Setembro
- fototeca do Museu Municipal

O jornal O Commercio, em sua edição do dia 5 de janeiro de 1916, à página um, noticia que o sobrado tinha 16,20m de frente, 11m de altura e 100 palmos de fundo, constando de 17 compartimentos! O andar superior, segundo o seu proprietário, era para cômodos de habitação de duas famílias e o inferior para abrigar dois armazéns e mais uma residência com entrada pelo lado Sul. Uma parte do edifício Jacques Bidone destinou para instalação de sua loja e oficina de calçados e a outra para habitação da sua família. O excedente era para aluguel.

Sobrado Bidone domina o centro da foto da Rua Sete - década de 1920
- fototeca do Museu Municipal

Passados 98 anos, o sobrado ainda conserva preciosismos da época em que foi erguido: detalhes de um tempo em que a cidade era mais enfeitada sem deixar de ser progressista.

JB, iniciais do proprietário no frontão
- foto Nelda Scheidt



sexta-feira, 28 de março de 2014

Caminho da praia do Jacuí - melhoramento importante em 1928

Há exatos 86 anos o jornal O Commercio (1900-1966), edição de 28 de março de 1928, noticiava que, por iniciativa particular e de acordo com a Municipalidade, foi remodelado “o calçamento que tinha sido feito ainda no tempo do Brasil monárquico”, no extremo sul da Rua Moron, lugar mais conhecido como “caminho da praia”.

Caminho da praia - cartão-postal da fototeca Museu Municipal

O jornal acertou ao afirmar que o caminho da praia era do tempo do Brasil monárquico, uma vez que foi concluído pelo empreiteiro Fidêncio Pereira Fortes no ano de 1856.

Em 1928, problemas de depressões em vários pontos do caminho constituíam o pavor dos carroceiros que o denominavam de “mata-burros”. Assim, Alcides Machado de Oliveira, comerciante, e a firma Matte, Gaspary & Cia., proprietária do Grande Engenho Central, estabelecidos nas proximidades da margem do Jacuí, tomaram a iniciativa das obras.

Porto e Engenho Central - cartão-postal da fototeca do Museu Municipal

Esgotados os comerciantes em seus recursos, coube à Intendência Municipal o encascalhamento e o abaulamento da Rua Moron, desde a Rua Conde de Porto Alegre até onde começava o calçamento. Como a iniciativa era do interesse geral, várias firmas colaboraram financeiramente, permitindo que os trabalhos de calçamento fossem contratados a Álvaro Carvalho Lewis ao custo de 14:000$000 réis.

Para o calçamento foi aproveitada a pedra graúda ali existente, cuja colocação deu tão bons resultados quanto à duração, sendo a base de terra e areia. 

Os carroceiros, grandes beneficiados da obra, sem poderem investir dinheiro na empreitada, encontraram uma forma de colaborar: carregavam a areia gratuitamente.

sábado, 8 de março de 2014

8 de março - Dia Internacional da Mulher

Cachoeira do Sul teve, ao longo de sua história, muitas mulheres que se destacaram em suas atividades, conquistando o respeito da comunidade e abrindo caminho para que outras também obtivessem seu espaço.
Dentre estas mulheres do passado, podemos citar as musicistas Lise Santos e Dinah Néri Pereira que, de alguma forma, foram pioneiras em suas atividades e serviram de inspiração e modelo para tantas mais que depois vieram. Impossível não relembrar também Rita de Cássia Fernandes Barbosa e sua quase obsessão em dotar Cachoeira de uma escola de belas artes.

Rita de Cássia Fernandes Barbosa - acervo familiar

Cândida Fortes Brandão - fototeca Museu Municipal

Dinah Néri Pereira (centro)
- fototeca do Museu Municipal

Alzira da Cunha Carlos

Clarinda Porto da Fontoura - reprodução 
Lya Wilhelm - fototeca do Museu Municipal

Na área da educação, obrigatório referir as professoras Cândida Fortes Brandão, que dá nome a uma escola estadual; Alzira da Cunha Carlos, mantenedora de sua própria escola, que foi referência para gerações e gerações de cachoeirenses, e Lya Wilhelm, cuja trajetória uniu magistralmente educação e cultura.
Mas há também aquelas mulheres que, seguindo o costume de seu tempo, apoiavam os maridos e mesmo sendo indispensáveis para a notoriedade deles, mantinham-se à sua sombra. Algumas delas foram lançadas ao protagonismo pela história. Clarinda Porto da Fontoura, esposa de Antônio Vicente da Fontoura, foi uma destas mulheres. Com as ações do marido durante a Revolução Farroupilha, viu-se só com a família e os negócios, sendo revelada à história pelas cartas que ele lhe mandava dos acampamentos farroupilhas.
Lembrando estas mulheres, homenageamos a todas as cachoeirenses, notáveis ou anônimas, no dia dedicado a elas.




domingo, 2 de março de 2014

Torquato Ferrari

Relembrar os carnavais do passado fez emergir uma figura muito interessante e pouco conhecida dos cachoeirenses: o uruguaio Torquato Ferrari, que se mudou para Cachoeira, onde viveu, trabalhou, constituiu família e morreu.

Torquato Ferrari - acervo de família

Os documentos dele davam como sua profissão a de escultor. O Memorial de Logradouros do Museu Municipal possui uma placa feita pelo mestre Torquato Ferrari. 

Memorial de Logradouros - Museu Municipal
- Vê-se a placa da Praça Borges de Medeiros - obra de Torquato Ferrari
- foto Maurício Saraiva

Tanto o Álbum de Cachoeira, obra de Benjamin Camozato, datado de 1922, quanto a imprensa noticiavam as habilidades de Torquato Ferrari. No álbum de Camozato é possível ver-se fotografias de seus trabalhos em bronze. Mas um precioso álbum de fotografias deste desconhecido artista que viveu em nossa terra revela muitas de suas obras, onde se incluem carros alegóricos de carnaval, da Festa do Arroz, em 1941, e das placas de bronze que ele artisticamente produzia. Dentre estas placas, uma riquíssima, cujo destino é desconhecido, que devia indicar a residência ou consultório do Dr. Balthazar de Bem.


O jornal O Commercio, edição de 3 de maio de 1922, traz a seguinte notícia sobre Torquato Ferrari e suas habilidades:

Marcas de bronze sistema Ferrari. São as melhores pela sua durabilidade e rápido aquecimento, sendo a marcação perfeita e nítida. É a marca ideal adotada pelos criadores modernos. Endereço: A Carioca, Cachoeira. Torquato Ferrari.

Algumas das obras do escultor, vendo-se, à esquerda, uma das marcas de gado
divulgadas pelo jornal O Commercio - acervo familiar

Agradecimento: Marta Ferrari Fortes, filha de Torquato Ferrari, pela cessão do álbum com fotos.


sábado, 1 de março de 2014

Desfiles de rua de antigos carnavais

As ruas de Cachoeira têm sido palco das folias de Momo há mais de um século. Inicialmente bandos de mascarados invadiam as ruas em brincadeiras barulhentas para saudar a alegria típica do período de carnaval e incitar a cidade a participar da folia. Depois começaram a se organizar os primeiros bailes, geralmente de máscaras, e as sociedades locais passaram a promover para seus sócios noites de alegria, embalando-os ao som das bandas musicais existentes e envolvendo-os em atmosfera repleta de confetes, serpentinas e do ainda inocente lança-perfume.
Os desfiles de rua também passaram a marcar presença obrigatória nas comemorações de Momo. Cachoeira, a exemplo de outras cidades, entregou suas ruas à criatividade dos carnavalescos. A organização das chamadas escolas de samba, responsáveis pelos desfiles de rua atuais, têm história mais recente. Naqueles tempos, ao contrário de hoje, grupos, blocos e sociedades organizavam carros alegóricos ao seu critério, havendo inclusive concursos que escolhiam o carro melhor ornamentado e aquele que carregasse os foliões mais animados.

Carro alegórico do Bloco Alvi-Rubro - carnaval de 1922
Autor: Torquato Ferrari - acervo familiar

O uruguaio radicado em Cachoeira Torquato Ferrari foi  um entusiasta carnavalesco que colocou sua habilidade e criatividade de escultor a serviço da folia, criando carros alegóricos que fizeram história no carnaval de Cachoeira. Na década de 1930, segundo noticia a imprensa, visitantes de outras cidades, como Santa Maria, Caçapava e Rio Pardo, deslocavam-se para Cachoeira a fim de assistirem aos desfiles de rua e apreciar os incríveis carros alegóricos que desfilavam.

Carro alegórico executado por Torquato Ferrari
- acervo familiar

O uruguaio Torquato Ferrari - foto de 1941
- acervo familiar