No mês de maio, a Escola E. E. F. Cândida Fortes Brandão completa aniversário de fundação. E carrega, em uma justa homenagem, o nome de uma das mais ilustres professoras da nossa história, mulher que conquistou seu diploma em uma época em que raros eram os mestres com formação teórica para o exercício do magistério.
Quem era, afinal, Cândida?
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Cândida Fortes - acervo Museu Municipal |
Filha de Fidêncio Pereira Fortes (natural do Rio de Janeiro) e de Clarinda de Oliveira Fortes (natural de Santa Catarina), Cândida de Oliveira Fortes nasceu a 23/4/1862. Em 1885, diplomou-se professora pública pela Escola Normal de Porto Alegre. Em Cachoeira, lecionava em uma aula pública mista. Também dava aulas particulares.
João Neves da Fontoura, em suas Memórias (1.º vol. Borges de Medeiros e seu Tempo, Ed. Globo, 1969, pp.150 e 151), conta ter sido aluno de Cândida e tece o seguinte comentário: “D. Cândida Fortes, normalista, filha da nossa terra, escritora, já publicara um livro de poesias, intitulado Fantasias. (...) Era uma pessoa destacada. Lembro-me de vê-la – quando de minha infância – vestida com os trajes simbólicos da República, inclusive barrete frígio, numa festa comemorativa ao 15 de Novembro.”
O livro escrito por Cândida e que João Neves refere foi assinado com o pseudônimo de Canolifor, ou seja, as primeiras sílabas de seu nome. Há um exemplar da obra no Museu Municipal, assim como está em exposição a palmatória que ela utilizava para castigar os alunos que não se comportavam.
Segundo o próprio João Neves, “havia na autora espontaneidade para versejar, mas de maneira medíocre, no tom da época e sem nada que lhe desse a duradoura marca da criação literária.” De fato perdurou para a história a imagem de Cândida professora, ficando a carreira literária em segundo plano. Aliás, como escritora, colaborava regularmente com o jornal O Comércio, em artigos de recomendações às moças, com cunho educativo, e de exaltação aos republicanos. Utilizava-se também do pseudônimo Marina.
Por ocasião da morte do Barão do Rio Branco, em 1912, houve um concurso nacional para produção de texto ressaltando as qualidades do estadista. Cândida venceu o concurso e seu texto foi lido junto ao túmulo do Barão em ocasião de homenagem.
Em 1915, ao ser criada a Escola Elementar, foi nomeada diretora. Naquele mesmo ano sugeriu que a escola recebesse o nome de Antônio Vicente da Fontoura. E assim se conserva o nome até hoje.
Cândida casou-se em 28/10/1901, com Augusto Cezar Brandão, promotor público e juiz distrital. O casal residia na Rua Moron, 65. Não tiveram filhos.
Cândida Fortes Brandão faleceu em 4/11/1922. Contava 60 anos.
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O marido Augusto Brandão
- foto extraída da publicação
Cachoeira Histórica e Informativa, 1941,
de Manoel e Vitorino C. Portella
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