Espaços urbanos

Espaços urbanos
Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

terça-feira, 30 de abril de 2013

Recital poético no Clube Comercial - 1947


           Eram bastante comuns, nos anos 1940 e durante os anos 1950, os recitais poéticos, quando artistas apresentavam interpretações de poemas, divulgando poetas e popularizando este gênero literário que nunca deixa de ter seguidores e cultores.
         Uma das grandes declamadoras daquela época era Margarida Lopes de Almeida, que também era atriz, filha dos escritores Júlia Lopes de Almeida e Filinto de Almeida.

Margarida Lopes de Almeida
- bossa-brasileira.blogspot.com.br
              Margarida foi trazida a Cachoeira do Sul para seu segundo recital poético no dia 28 de abril de 1947, promoção do Centro Cultural Cachoeirense, instituição fundada naquela década pelo militar médico Erwin Wolffenbüttel. O espetáculo ocorreu no Clube Comercial, então sediado na casa que foi do Dr. Balthazar de Bem, hoje Casa de Cultura Paulo S. Vieira da Cunha.

Casa de Cultura - antiga sede do Clube Comercial
- foto de Jorge Ritter
            Os recitais poéticos, a exemplo das histórias infantis, também ganhavam naqueles tempos gravações em discos de vinil, os LPs ou compactos. Margarida Lopes de Almeida eternizou suas interpretações desta forma. Em um dos discos gravados por ela, Recital, de 1955, na contracapa, consta a seguinte apresentação feita pela artista:
               Há nos versos qualquer coisa que vai diretamente à emoção do ouvinte; este não tem tempo de ligar ideias, perceber intenções, as quais só na leitura pode com vagar apreender. A poesia ouvida tem de ser sentida imediatamente, é necessário que o poema impressione, seja pelo efeito da voz, seja pela possibilidade de efeitos plásticos que o intérprete ponha em jogo na representação.
              

domingo, 28 de abril de 2013

Aula de Meninas

No dia 27 de abril de 1848, a Câmara Municipal autorizou o funcionamento de uma aula para meninas na casa de Manoel José Pereira da Silva, localizada na então Rua da Igreja, hoje Moron, sendo nomeada como professora a nora do proprietário, Ana Francisca Rodrigues Pereira.

Aula de Meninas - Imagem www.defender.org.br

A professora Ana Francisca entrou para a história de Cachoeira como a primeira profissional do magistério a ser empregada pelas autoridades municipais. Dela pouco se sabe, exceto que havia sido aprovada por exame em 22 de outubro de 1838, logo depois da Câmara Municipal ter recebido ofício do Ministro da Fazenda e do Interior mandando criar escolas públicas pelo método de Lancaster (ensino mútuo). O seu ordenado anual era de 600.000 réis.
Filha de João Batista Rodrigues, Ana Francisca era casada com Antônio Pereira da Silva, que foi vereador da Câmara Municipal de 1853 a 1856.  Conseguiu-se comprovar que o casal teve um filha chamada Ernestina, casada com o Major João Propício da Fontoura,  filho de Antônio Vicente da Fontoura e Clarinda Francisca Porto.
A biografia da professora Ana Francisca Rodrigues Pereira ainda está em aberto, ou seja, no aguardo de outras informações que possam trazê-la ao conhecimento dos nossos dias, afinal foi ela a primeira professora pública de Cachoeira.

Prédio da Aula de Meninas nos dias de hoje
- imagem www.defender.org.br



sábado, 20 de abril de 2013

"Queremos uma Comunidade e uma Escola"


         O Pastor Kurt Benno Eckert, em sua obra Quando florescem os arrozais..., relata a angústia dos alemães evangélicos que moravam em Cachoeira no final do século XIX, desejosos de ter uma comunidade e uma escola.
         Diz a obra à página 19: Em 1867, pela primeira vez, um Pastor evangélico, formado, visitou oficialmente a cidade de Cachoeira do Sul. O visitante era o Pastor de São Leopoldo, Dr. Hermann Borchardt, que, gentilmente, foi hospedado na casa do Diretor de Colonização, Barão Von Kahlden.

Barão Von Kahlden
www.coloniasantoangelo.com.br

Ele visitou a cidade e as poucas famílias de origem germânica e fez as seguintes constatações: “Cachoeira é uma cidade bem construída e afável, que conta com três mil habitantes. Mas lá só residem nove famílias de origem germânica: dois comerciantes, dois sapateiros, um relojoeiro, um seleiro, um fotógrafo e um pedreiro.” No decorrer de vinte anos, o número de famílias de origem germânica aumentou consideravelmente. Em parte, eram famílias que desembarcaram em Cachoeira, em parte famílias que trocaram o trabalho agreste, na nova colônia de Agudo, pelo exercício de uma profissão, aprendida na velha Pátria, na cidade.
         Depois do Pastor Hermann Borchardt, os luteranos receberam as visitas dos pastores Friedrich Pechmann, de Santa Maria da Boca do Monte, e Michael Haetinger, de Candelária. E a publicação do Pastor Eckert segue, à página 20, dizendo: A visita do Pastor sempre era motivo de festa, mas os evangélicos, preocupados, perguntavam-se: “quando teremos uma Comunidade?” “Quando teremos um Pastor?” “Quando teremos uma Escola para ensinar os nossos filhos?”

Pastor Johannes Friedrich Pechmann
www.historiadenovohamburgo.blogspot.com.br

         A resposta veio no ano de 1893, com a fundação da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana e da Escola, hoje Colégio Sinodal Barão do Rio Branco, que comemora, em 2013, 120 anos de funcionamento, constituindo-se na instituição educacional mais antiga de nossa cidade.

Turma de alunos do primitivo Colégio Brasileiro-Alemão
www.cbarao.com.br

Parabéns, Colégio Sinodal! 

sábado, 13 de abril de 2013

Macróbios


Cachoeira do Sul registrou, ao longo de sua história, a existência de cidadãos que viveram muito tempo, ultrapassando consideravelmente a média de idade verificada na população.
Conseguimos levantar uma relação bem interessante de macróbios, ou seja, indivíduos que têm vida longa, listando-os por ordem de longevidade:

- Lauriana Thomaz da Silva: 115 anos, viúva de Celestino Thomaz da Silva. Faleceu de velhice em 29 de janeiro de 1919 e deixou sete filhos, respectivamente com 78, 74, 72, 70, 68, 67 e 66 anos. (Notícia no jornal O Comércio, edição de 5/2/1919).

- Maria Antonia: índia de nação guarani, faleceu com 112 anos em 20 de março de 1853. (Óbito registrado no Livro de Óbitos n.º 2 da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, fl. 150).

- Manoel Rodrigues do Nascimento: faleceu em 2 de julho de 1918, com 110 anos, no Rincão da Cruz, 1.º distrito, sem assistência médica, e deixou um filho, Manoel José do Nascimento, 40 anos. (Notícia no jornal O Comércio, edição de 10/7/1918).

- Frauzina de Oliveira: faleceu com 110 anos, solteira, filiação ignorada, sem assistência médica, no 1.º distrito. Deixou seis filhos: Felisberto de Oliveira, Rufino Antonio de Oliveira, João Fagundes de Oliveira, Francisco de Oliveira, Maria Leonor de Oliveira e Vicente de Oliveira. (Notícia no jornal O Comércio, edição de 29/1/1919).

- Francisco Rodrigues Machado, viúvo, quatro filhos machos e cinco filhas fêmeas, falecido aos 106 anos em 2 de novembro de 1832. Foi sepultado dentro da Igreja Matriz, em sepultura da Irmandade do Santíssimo Sacramento. (Óbito registrado no Livro de Óbitos n.º 2 da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, fl. 30). 

sábado, 6 de abril de 2013

Série Lojas do Passado: Casa Ideal


       Em março de 1913, a firma Paulo Antônio Rosek & Cia. abriu uma casa de fazendas, artigos de lei e de moda, perfumaria, miudezas, roupas feitas e chapéus, chamada Casa Ideal, na Rua 15 de Novembro, esquina Rua General Osório. Em outubro daquele mesmo ano, mudou-se para a Rua Sete de Setembro n.º 58, ocupando o prédio que serviu de casa comercial de Domingos Luiz de Abreu.

Grande Álbum de Cachoeira - 1922

Oito anos mais tarde, já dono individual do negócio, Paulo Antônio Rosek mudou novamente o endereço comercial para o prédio em que funcionava a loja A Lâmpada, na mesma Rua Sete de Setembro n.º 119. Depois de mais uma mudança na mesma rua principal, a Casa Ideal foi posta à venda porque o proprietário estava de mudança para Porto Alegre. Em 1928, a Casa Ideal trocou de nome para A Brasileira, com a razão social de Paulo Rosek & Cia.
Pelo visto a experiência em Porto Alegre não foi aprovada, voltando o comerciante para Cachoeira... 

Novos tempos para o tempo passado III


           Já disse aqui que novos ventos sopram sobre o patrimônio histórico de Cachoeira do Sul. Isto não é definitivo. Infelizmente muito ainda há por fazer, e muitas cabeças ainda não cederam ao valor da memória que pode ser agregado a um bem do passado quando ele é conservado e sofre adaptação às necessidades do tempo presente.
         Temos a nos encher de orgulho o movimento pela preservação do Paço Municipal, integrado por voluntários que dedicam seu tempo, suas habilidades, seus conhecimentos e, principalmente, exercem sua cidadania na defesa da recuperação deste importante próprio municipal.

Foto Renato Thomsen

         E o que dizer do prédio que elegantemente toma conta do alto da Rua Sete de Setembro e que já foi casa comercial, a Knorr & Eisner (1919), sede do Banco do Brasil (1924), agência do Banco Agrícola Mercantil (1946) e depois do UNIBANCO? Nunca antes Cachoeira do Sul viu processo de restauração deste porte. O atual proprietário, certamente, fez uma excelente escolha, pois tomará posse de um pedaço importante da história econômica da cidade, representada no prédio de arquitetura eclética e bela. Digno da quadra que já foi a mais nobre da nossa principal rua.


Knorr & Eisner restaurado - foto Mirian Ritzel

         E em breve outra ação inédita e importante, iniciativa do COMPAHC e dos alunos integrantes do Grêmio Estudantil Euclides da Cunha, do Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura, chamará a atenção dos transeuntes da Rua Sete de Setembro: será a consulta popular sobre a recuperação da pérgula da Praça José Bonifácio.

Pérgula - Foto Renate Aguiar

         Saia pelas ruas da cidade observando os seus detalhes. Perceba a riqueza do nosso patrimônio e o quanto está a pedir nossa atenção. Participe do processo de valorização da nossa história. Afinal, ela é rica e é nossa. Ninguém poderá roubá-la, mas nossa inércia poderá apagá-la.