Espaços urbanos

Espaços urbanos
Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

sexta-feira, 29 de março de 2013

Grave acidente de trem em 1913. Feridos atendidos pelo Dr. Augusto Priebe


        Em março de 1913 ocorreu um grave acidente de trem nas imediações da empresa arrozeira de Ernesto Pertille, um pouco aquém da Estação Jacuí. Os feridos do desastre foram atendidos pelo Dr. Augusto Priebe, médico da Viação Férrea. 


Fototeca do Museu Municipal

           Quem era Augusto Priebe? O Dr. Augusto Priebe era natural da Alemanha, casado com Paula Priebe e pai de três filhos: Victor, Herta e Edith. Victor foi o engenheiro que trabalhou na construção do reservatório de água da Praça Borges de Medeiros.

Reservatório R2 - Praça Borges de Medeiros
- fototeca do Museu Municipal

            O Dr. Priebe, apesar de ter morrido ainda moço, aos 54 anos, no dia 6 de novembro de 1921, foi profissional bastante valorizado pelos cachoeirenses. Amigo e colega do Dr. Balthazar de Bem, os dois médicos, no ano de 1907, pretendiam abrir uma casa de saúde para atendimento dos enfermos da campanha, cujas dificuldades eram agravadas pela falta de recursos e de cômodos para permanecerem na cidade durante o tratamento. Inclusive haviam adquirido, para estes fins, um amplo prédio na Rua Saldanha Marinho. Segundo notícia publicada no jornal O Commercio, edição de 4 de setembro de 1907, os doentes teriam liberdade de escolher qual profissional do corpo médico faria o seu atendimento. O serviço de enfermagem da casa de saúde ficaria a cargo das irmãs de caridade.
   A tal casa de saúde não se concretizou, mas aqueles eram tempos de campanha para instalação de um hospital, o que só veio acontecer em 1910, e os dois médicos, Balthazar de Bem e Augusto Priebe, concorreram muito para isso.
            Augusto Priebe foi também um dos primeiros empreendedores da silvicultura em nossa cidade, tendo adquirido uma extensão de campos, onde hoje se localiza a sede campestre do Clube Comercial, local em que plantou centenas de pés de eucaliptos.
              Desconhecemos imagens do Dr. Augusto Priebe e conclamamos seus descendentes a nos ajudarem a dar um rosto a este ilustre médico da nossa história.

Graças à nossa seguidora Lia Priebe Trevisan, uma apreciadora da história, podemos reproduzir abaixo imagem do médico alemão Carlos Henrique Augusto Priebe, que é bisavô da colaboradora. 
Obrigada, Lia! Augusto Priebe agora tem um rosto!




domingo, 24 de março de 2013

Série Lojas do Passado: Ao Progresso


             Em 1900 existia, na esquina da Rua Sete de Setembro com a atual Rua General Portinho, uma grande loja de fazendas e miudezas, botinas, sapatos e camisas que pertencia a Ernesto de Freitas Torres, denominada Ao Progresso. Poucos anos depois, a loja foi vendida para Victor Menezes que a anunciava como casa de fazendas, miudezas e modas.

Loja Ao Progresso, esquina da Rua Sete com Gal. Portinho - 1900
- fototeca do Museu Municipal

                Em setembro de 1912, Victor Menezes vendeu o estabelecimento comercial para Wladimir Nogueira da Gama, proprietário da loja A Tentadora. Gama uniu os dois negócios em um só, extinguindo A Tentadora.
   No ano de 1922 a loja Ao Progresso foi fechada. Em julho de 1925, surgiu a sociedade de Ferreira e Menezes, integrada por Victor Menezes, o antigo proprietário da Ao Progresso, que estabeleceu, no mesmo endereço da Sete de Setembro com General Portinho, o Armazém Gaúcho, comércio de secos, molhados e especialidades.
                 Foi o Armazém Gaúcho adquirido então pelo italiano Pasquale Gazzaneo e, em outubro de 1928, o jornal O Commercio publicou anúncio do estabelecimento dizendo que mantinha sortimento variado de especialidades nacionais e estrangeiras, vinhos finos, vinhos de mesa, champanhas, whisky Johnnie Walker, sortimento completo dos licores da Destilaria Paulista, de G. Comparato & Cia., azeites, conservas e compotas de toda espécie,  goiabada Colombo em latões e em caixetas para venda a granel, queijo e manteiga fresca. O endereço propagandeado era a Rua Sete de Setembro, 133, esquina General Portinho, telefone 30.

Prédio onde funcionou o Armazém Gaúcho, depois Conservatório de Música
- fototeca do Museu Municipal 


sábado, 23 de março de 2013

Clube Renascença


          O Clube Renascença foi fundado no dia 17 de fevereiro de 1912.
         Em 14 de março de 1917, em plena campanha para aquisição de um prédio que servisse de sede para o clube, foi noticiado pelo jornal O Commercio o interesse da entidade de adquirir “o excelente edifício que possui nesta cidade o Sr. Olympio Leal e onde atualmente reside o Dr. Balthazar de Bem. O edifício será inteiramente transformado de modo a adaptá-lo ao funcionamento do Clube.”

Sede do Clube Renascença adquirida em 1917
 - fototeca do Museu Municipal

         Para a aquisição da sede, os sócios decidiram pela coleta de ações. O Banco da Província iniciou a cobrança das ações, sendo oferecida a opção de seus possuidores quitarem-nas integralmente ou na razão de 20% ao mês.
Os primeiros sócios do Clube Renascença que adquiriram ações foram: Bento Pereira Alves, Sebastião Pereira Rodrigues, Cel. Isidoro Neves, Dr. João Neves, Dr. Balthazar de Bem, Cap. José Oliveira, Major Felippe Moser, Francisco Cunha, Dario Almeida, Eduardo Vieira, Hermilo Pohlmann, Rômulo Figueiró, Cel. Ganzo Fernandes, João Fontoura Borges e Cel. Manoel Prates, cinco ações cada um; Miguel Namann, Bady Ache e Netto Bem, quatro ações cada um; Libindo Nunes de Freitas e Antônio de Lima Borges, três ações cada um; Felisberto Figueiró, Luiz Máximo da Silveira, Vieira Irmãos, Dr. Emílio Bonnet, Carlos Böer, Manoel Costa Júnior, Haguel Botomé, Teophilo Lobato, Odon Cavalcanti, Leonel Friedrich, Virgilino Carvalho, Pedro Werlang, Cap. Francisco Gama, Mário Prates e Cel. Ramiro Ramos, duas ações cada um; Vicente Polito, Paulo Rosek, Nicolau Salzano, Alcides Ramos Chaves, José Daniel de Magalhães, Júnio Fortes, Mário Ilha, Genaro Nunes, Dinarte Magalhães, Henrique Möller Filho, Gasparino Carvalho, Constantino Barcellos, Dr. Chrétien Hoogenstraten, Terêncio Costa, Dr. Benjamin Camozato, Pedro Stringuini, Henrique Lienert, Manoel José Lobato, Placentino Stringuini, João  Mattos, Walter Fichtner, João Minssen, José Carlos Barbosa, Eduardo Macedo de Oliveira, José Pinós, Leitão & Santos, José Elias Canan, Dr. Hugo Vieira da Cunha, Luiz Zanon, Arnoldo Fischer, Archimino Campos, Armando Porto, Balduíno Pohlmann, Emílio Pohlmann, Jardelino Pedroso, Bruno Lorenz, Agência Bromberg, Dr. Carlos Pereira Krüger, Carlos Gouvêa, Dr. Castello Branco, José Corrêa, Biaggio Alaggio, Dr. Leopoldo Souza, Nicolao Alaggio, Luiz Nery Pereira, Antônio Antunes de Araújo, Álvaro Cunha, uma ação cada um. 

Dr. Balthazar de Bem e Dr. João Neves da Fontoura
- acionistas da sede do Clube Renascença

Hermilo Pohlman
- acervo da família

sexta-feira, 22 de março de 2013

Erico Verissimo em Cachoeira

   No dia 21 de março de 1950, o escritor Erico Verissimo proferiu conferência no Clube Comercial a convite do Centro Cultural de Cachoeira do Sul.
   Erico Verissimo, já então consagrado na literatura, "proporcionou aos meios culturais cachoeirenses uma velada inesquecível. Seleto e numeroso auditório ouviu a palavra fluente, simples e interessantíssima do autor de 'O Tempo e o Vento', encantando-se com a conferência que, sem ser acadêmica, repleta de citações e frases gongóricas, foi mais uma palestra na qual o 'contador de histórias' deliciou os assistentes, fazendo confidências e respondendo perguntas", segundo matéria publicada no Jornal do Povo, edição do dia 23 de março de 1950. Erico não só falou da obra, como também contou episódios de sua vida, fazendo a plateia rir em diversas ocasiões, não se furtando, porém, de discorrer sobre o papel do escritor "em face dos problemas sociais que o devem preocupar".

O escritor Erico Verissimo

   A passagem de Erico Verissimo por Cachoeira constou ainda de entrevista na ZYF 4 (Rádio Cachoeira) e visitas à Escola Normal João Neves da Fontoura e à sede do Centro Cultural. No dia seguinte, retornou a Porto Alegre, embarcado em um avião da VARIG.


domingo, 10 de março de 2013

O primeiro apito de trem II


        Cento e trinta anos se passaram, no último dia 7 de março, do já longínquo ano de 1883, quando a primeira locomotiva chegou à Estação de Cachoeira, inaugurando o trajeto ferroviário Porto Alegre – Uruguaiana.

Estação de Cachoeira e composição de trem
- acervo Renate S. Aguiar

A facilidade do transporte por via férrea não está disponível para os passageiros cachoeirenses no século XXI, fazendo-nos refletir sobre os conceitos de modernidade que acompanham o tempo presente e o distanciamento entre teoria e prática, eis que seguidamente somos informados dos anseios de autoridades e grupos de líderes que sonham com a reativação das vias férreas. Sonhos do presente buscados nas experiências que já vivemos no passado!

Década de 1960 - fototeca do Museu Municipal

Em 1883 foi formada uma comissão composta de nove membros encarregados de planejarem as comemorações pela passagem do primeiro trem, dentre elas passeata pública e baile. Em 2013 ainda continuamos sonhando com o apito do trem que avisa das chegadas e das partidas de passageiros que poderiam dar vazão a um infindável número de pessoas que se deslocam, quase em total maioria, pelas cada vez mais perigosas estradas de rodagem...

Foto de Jorge Ritter

domingo, 3 de março de 2013

I Congresso de Rizicultores do Rio Grande do Sul - 1940


               Cachoeira sediou o I Congresso de Rizicultores do Rio Grande do Sul nos dias 7 e 8 de março de 1940. Promovido pela União Central de Rizicultores, o congresso confirmava a importância de nossa cidade no cenário orizícola do Estado desde os primeiros anos do século XX, quando Cachoeira firmou-se como polo de produção e de inovação tecnológica da cultura do arroz.

Vista aérea de Cachoeira pela época do Congresso de Rizicultores
- fototeca do Museu Municipal

            O Congresso recebeu delegações de produtores de Dom Pedrito, Rosário, São Lourenço, Arroio Grande, Alegrete, São Gabriel, Tapes, Canoas, Rio Pardo, Camaquã, Guaíba, São Sepé, Venâncio Aires, Itaqui, Pelotas, Livramento, Rio Grande, Uruguaiana, Viamão e Osório. Cachoeira foi representada por José Joaquim de Carvalho, Floriano Neves da Fontoura e Dr. Bonifácio Carvalho Bernardes.
            Dentre as reivindicações dos rizicultores estavam a fixação do preço mínimo do arroz, exclusão do arroz do tabelamento oficial, crédito agrícola pela carteira do Banco do Brasil com facilitação de empréstimos e redução das taxas de financiamento, dilatação dos prazos para créditos destinados à aquisição de material agrário, estímulo à exportação do arroz, revisão tarifária dos fretes, regulamentação do código de águas, assistência técnica às lavouras orizícolas, fornecimento de máquinas agrícolas pelo governo a preço de custo e atuação do IRGA exclusivamente na defesa dos assuntos dos produtores, dentre outras.
            Os termos do documento apresentado ao final do Congresso foram redigidos e assinados por Orlando da Cunha Carlos (Cachoeira), Térbio Montenegro Barbosa (Tapes) e Luiz Nabor Pífero (Uruguaiana).
                  Um ano depois, Cachoeira realizaria, com grande pompa, a I Festa do Arroz.