Espaços urbanos

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Centro Histórico - foto Catiele Fortes

domingo, 22 de maio de 2016

A Charqueada do Paredão e a redenção do Alimento Fabini

Estão à venda as afamadas línguas em conserva (enlatadas) do Paredão. Pedidos podem ser feitos pelo telefone ao estabelecimento”, noticiava o jornal O Commercio, edição de 16 de maio de 1923.

Envelope da Charqueada divulgando o Alimento Fabini
- acervo Museu Municipal

Línguas em conserva, extrato de carne, Alimento Fabini e outros subprodutos do abate de gado figuravam na diversidade de itens oferecidos por esta que foi a maior indústria de Cachoeira no final do século XIX e primeiras duas décadas do século XX. De todos estes, o Alimento Fabini certamente oferecia um diferencial tanto pela proposta que o produto tinha, pela forma de apresentação e excelente aceitação. O médico Balthazar de Bem o recomendava em seu consultório para crianças, adultos e velhos... Apropriado, pois ele era o sócio majoritário da sociedade que comandava a Charqueada a partir de 1921.

Dr. Balthazar de Bem

Lançado no mercado em 1922, deve ter sido a salvação da Charqueada no ano seguinte, quando o estado mais uma vez estava convulsionado por uma revolução. As notícias na imprensa davam conta de que os negócios da Charqueada estavam paralisados devido ao movimento revolucionário que determinou um natural retraimento dos compradores e propagandeava na mesma edição do dia 23 de maio de 1923 o Alimento Fabini:

Pó de carne. Recebemos uma lata do Alimento Fabini, sob a forma de pó de carne. A nova forma sob a qual se apresenta agora o conhecido preparado é de aspecto e sabor muito agradáveis. O Alimento Fabini foi há pouco distinguido com o grande prêmio na Exposição do Centenário do Rio de Janeiro. Analisado em muitos institutos científicos da Europa, esse preparado foi considerado como sendo, na atualidade, o alimento que, em menos volume, apresenta o mais alto valor nutritivo. Essa qualidade, aliada à facilidade de digestão, justifica a grande preferência com que o Alimento Fabini é distinguido pelo corpo médico. No nosso estado, onde esse preparado foi introduzido apenas há um ano, já conta ele com a preferência dos mais abalizados clínicos. Na capital, entre muitos outros, tem-no aconselhado como poderoso revigorador do organismo em todas as idades os doutores Jacintho Gomes, Serapião Mariante, Mario Totta, Affonso Aquino, Dionysio Silveira, Renato Barbosa, J. Camelli, Flores Soares e outros. Em Cachoeira esse preparado recebeu as mais elogiosas referências dos ilustrados médicos doutores Silvio Scopel, Milan Kras, Marajó de Barros, Félix Garcia e Balthazar de Bem. O Commercio, que sempre tem o maior interesse pelo progresso de nossa indústria, congratula-se com o município de Cachoeira por ser a sede da importante fábrica do Alimento Fabini.

O cachoeirense Dr. Jacintho G. Gomes
- fototeca Museu Municipal
Dr. Silvio Scopel - fototeca Museu Municipal

Dr. Félix Garcia - fototeca Museu Municipal
Dr, Milan Kras - fototeca Museu Municipal


Outro anúncio no mesmo jornal, de 30 de maio de 1923, alardeava as benesses da adoção do Alimento Fabini: 

Não pode comer carne! – O médico me proibiu de comer carne – diz o doente, pesaroso e desanimado. Esse desânimo será ainda maior para aqueles que sabem que, na opinião da ciência moderna, o organismo humano começa a definhar quando privado do uso da carne Mas agora, com a descoberta da farinha de carne do Alimento Fabini, que está à venda em todas as boas farmácias, já os doentes não estão privados do uso da carne, tão essencial ao vigor do organismo. A farinha de carne é a própria carne concentrada, mas sem nenhum inconveniente porque é facilmente digerida por todos os estômagos, mesmo os mais delicados, que são os dos velhos e das crianças.

Anúncio no O Commercio, edição 30/5/1923
- Acervo de Imprensa do Arquivo Histórico
A propaganda já era a alma do negócio e, no caso da Charqueada do Paredão, a redenção do negócio! 

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