Para mensurar o poderio das instituições financeiras em nossa história, um ótimo começo é analisar as edificações que elas foram capazes de erguer em diferentes épocas.
O Banco da Província
A primeira instituição do gênero a se instalar em Cachoeira foi o Banco da Província em 1911. No dia 18 de maio, na esquina da Rua 7 de Setembro com a Rua General Portinho, autoridades, industriais, comerciários e imprensa se reuniram para prestigiar o grande acontecimento. Daquele evento restou um importante registro fotográfico, pelo qual é possível verificar várias personalidades de destaque da época, bem como a representatividade da chegada do Banco da Província ao município. Naqueles tempos, as lavouras de arroz já tinham produzido o suficiente para fazer de Cachoeira uma das mais poderosas economias do estado.
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18 de maio de 1911 - inauguração da agência do Banco da Província - MMEL |
No meio da multidão que se postou defronte à agência, destacam-se as figuras do Coronel Isidoro Neves da Fontoura, então o intendente do município, acompanhado de alguns dos servidores municipais, dentre os quais Emiliano Carpes. Também são notadas as presenças do jovem João Neves da Fontoura, Aurélio Porto e João Jorge Krieger. E, como não poderia deixar de ser, os músicos de uma banda, aparato obrigatório quando o evento era de destaque.
Pois foi o Banco da Província o responsável por erguer um dos mais significativos prédios para sede de instituição bancária no coração da cidade. Dois anos depois da inauguração da caixa filial, veio o anúncio de construção de uma edificação de dois andares na esquina da Rua 7 de Setembro com Andrade Neves. A obra só foi erguida 16 anos depois da inauguração da primeira filial, em 1927, e se constitui hoje num dos mais belos e imponentes prédios tombados de Cachoeira do Sul, sediando desde 1983 o Palácio Legislativo João Neves da Fontoura, pois o Banco da Província já havia encerrado suas atividades, sendo incorporado por outras instituições bancárias que deram origem ao Banco Sul Brasileiro.
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Banco da Província recém-inaugurado - 1927 - Coleção Claiton Nazar
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Palácio Legislativo João Neves da Fontoura - Imagem Rádio Fandango |
O Banco do Brasil
Em 5 de maio de 1919, abriu as portas para a comunidade cachoeirense o Banco do Brasil, então a maior e mais poderosa instituição financeira brasileira, fundada em 1808. O Banco do Brasil, atestando a importância econômica do município, abriu aqui a sua quinta agência no estado do Rio Grande do Sul, e a de número 42 no Brasil.
Instalado provisoriamente na antiga Travessa 24 de Maio (hoje Rua Dr. Sílvio Sopel), quase na esquina com a Rua 7 de Setembro, pouco depois o Banco do Brasil comprou o prédio da extinta firma Knorr & Eisner, promovendo reformas e adaptações para nele inaugurar sua agência própria em 1924. Este prédio, igualmente imponente, constitui outro bem tombado do nosso patrimônio histórico-cultural.
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Banco do Brasil (1924) - Coleção Claiton Nazar |
O Banco do Brasil ergueria mais um prédio, cuja inauguração ocorreu em 1946, edificação que ainda hoje marca a "subida dos bancos" e toma o nome de edifício Anna Scarparo Sório.
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Agência do Banco do Brasil na subida dos bancos (1946) - Acervo institucional |
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Subida dos bancos, estando a 3.ª agência própria do Banco do Brasil à direita - foto Jorge Ritter |
Em 1969, o Banco do Brasil mais uma vez iniciaria a obra de sua terceira agência própria, com três andares, na mesma Rua 7 de Setembro, esquina com Dr. Milan Kras. A conclusão se deu em 1970. As diferentes edificações que lhe serviram de agência atestam não só o desenvolvimento da instituição, mas também marcam os diferentes momentos econômicos e estilos arquitetônicos referenciais de cada período.
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Agência central do Banco do Brasil - Acervo institucional |
O Banco Pelotense
O Banco Pelotense, fundado em Pelotas no dia 5 de fevereiro de 1906, teve sua primeira representação em Cachoeira no ano de 1916. Em 1922, inaugurou a agência própria, na Rua 7 de Setembro, esquina com a atual Rua Presidente Vargas. Imponente, o palacete hoje pertence ao BANRISUL e é uma das joias da arquitetura local, sendo tombado pelo Estado do Rio Grande do Sul como patrimônio histórico-cultural.
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Banco Pelotense - Coleção Claiton Nazar |
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Agência do BANRISUL - foto Renato Thomsen |
Além das instituições bancárias que tiveram suas sedes transformadas em patrimônios tombados de Cachoeira do Sul, há aquelas que têm o reconhecimento como inventariadas e as que, mesmo na ausência de tutela de proteção, seguem a compor nossa paisagem urbana como elementos marcantes. Umas deixaram de ser instituições bancárias, outras ainda conservam a utilização original. Mas o que importa é que, independentemente do uso que adotaram, continuam a representar uma história de grandiosidade econômica e por que não dizer, seguem a desafiar o presente a não esquecer o passado, para poder fazer uso de suas experiências no futuro. Em breve, nova postagem as contemplará.