No
dia 30 de junho de 1916 nascia em Cachoeira o intrépido, corajoso e pouco
difundido Danilo Marques Moura. Contar a participação dos pilotos brasileiros
da FAB na II Guerra Mundial sem referir a aventura vivida por Danilo Moura na
Itália é suprimir uma experiência inimaginável e que de tão incrível parece
ficção cinematográfica!
O piloto Danilo Marques Moura - tarauacanoticias.blogspot.com |
Filho
caçula do casal Gilberto da Silva Moura e Maria Emília Marques Moura, Danilo
veio fazer companhia aos irmãos Osmar, Nero, Alzira e Odete. Osmar e Nero
seguiram a carreira militar, um no Exército e outro na Aeronáutica. Nero Moura
entrou para a história como um dos mais completos pilotos da Força Aérea
Brasileira, criada por ele e outros em 1941, e por comandar o 1º Grupo de
Aviação de Caça na II Guerra. Em razão disto, foi escolhido o patrono da
aviação de caça brasileira.
Influenciado
pela carreira de Nero, Danilo quis ser piloto, no que foi incentivado e
patrocinado pelo irmão. Da formação inicial no Aeroclube do Rio Grande do Sul
até os cursos de aperfeiçoamento como piloto civil fora do Brasil decorreram poucos
anos até a entrada brasileira no conflito mundial.
Os irmãos Nero e Danilo Marques Moura - hangardeplastico.net |
Em
1940, com o brevê na mão, Danilo foi admitido no Ministério da Agricultura como
piloto de aerofotogrametria. No ano seguinte foi para os Estados Unidos, onde
ingressou na Southwest Airways Inc., para curso de pilotagem civil,
concluindo-o em 1942. No Texas, em 1943,
fez curso para instrutor estrangeiro de pilotos. Naquele mesmo ano, com mais
dois diplomas de formação de instrutor e piloto, voltou para o Brasil como
adido do Gabinete do Ministério da Aeronáutica. Em 1944, foi convocado para
integrar o recém-formado 1º Grupo de Aviação de Caça, sob o comando do irmão
Nero Moura, com destino ao front da II Guerra Mundial.
Os
pilotos brasileiros receberam treinamento da força aérea americana e embarcaram
em missão para a Itália em setembro de 1944. Danilo realizou sua primeira
missão nos céus italianos no dia 19 de novembro de 1944.
Em
4 de fevereiro de 1945, um domingo, o piloto Danilo partiu para a sua 11ª
missão. No comando do avião número 2, decolou para mais um voo ofensivo. Não
imaginava que aquela missão seria frustrada, porém gravaria seu nome como
protagonista de uma inusitada aventura e que tinha todos os elementos para ser
desastrosa...
A
sudoeste da cidade de Treviso, seu avião foi abatido pelos alemães. A pouca
altura do solo, abriu o paraquedas e ao cair cortou a língua. Este detalhe foi
fundamental para protegê-lo na inacreditável fuga que empreendeu, durante quase
um mês, a pé ou de bicicleta, atravessando mais de 300 quilômetros em
território dominado pelos alemães. Nas vezes que foi interceptado, vestido com
roupas civis que italianos lhe deram, mostrava a língua ferida, fingindo não
conseguir falar.
Enquanto
isto, na sede do comando do 1º Grupo de Aviação de Caça, o irmão Nero temia
pelo pior e pensava na mãe, Maria Emília, em Cachoeira, sem notícias dos três
filhos que tinha na guerra... Como contar-lhe o suposto abatimento do caçula
nos céus da Itália?
Danilo, Nero e Osmar Marques Moura - FEB |
Mas
o caçula, destemido, com astúcia e contando com a ajuda de camponeses, gente
simples com quem sabia lidar bem graças aos tempos em que vivera na fazenda dos
pais em Cachoeira, seguia seu caminho entre os alemães. Cerca de 30 dias
depois, 21 quilos mais magro, chegou a uma base aliada. Um longo interrogatório
de dois dias arrancou do intrépido Danilo, com a maior naturalidade, todas as
ações empreendidas na travessia do longo caminho que fez. Nenhum oficial,
apesar da admiração da aventura do piloto brasileiro, recomendou que a sua
história entrasse para os anais porque contrariava, integralmente, todos os
ensinamentos e as regras de conduta de pilotos em guerra...
Quando
o irmão Nero Moura o avistou, assim como os seus colegas de missões nos céus da
Itália, quase não acreditaram. Naquela noite beberam todo o whisky que tinham
disponível e se inspiraram para compor a Ópera do Danilo, peça encenada nos
meios aeronáuticos. Acesse https://www.youtube.com/watch?v=LXGBy7IGHz0
No
ano seguinte ao término da guerra, Danilo abandonou a FAB e em outubro
casou-se, em Cachoeira, com Maria Isolina Krieger, com quem teve cinco filhos.
Fez carreira na Panair como piloto e após a aposentadoria estabeleceu-se com
fazenda de café no Paraná. Faleceu em 14 de maio de 1990, no Rio de Janeiro.
Danilo
Marques Moura, quase um anônimo para a história. Um gigante em sua vontade. Um
excepcional personagem para o cinema. Meras projeções dos poucos que conhecem e
admiram sua corajosa e patriótica aventura.
Esta postagem homenageia postumamente o conterrâneo Sílvio Barreto Vianna, admirador e difusor da memória de Danilo Marques Moura.
Esta postagem homenageia postumamente o conterrâneo Sílvio Barreto Vianna, admirador e difusor da memória de Danilo Marques Moura.
Muito bonita a história desse grande herói pouco conhecido. Estou colhendo dados para editar um livro contando sua história e a de outros heróis brasileiros.
ResponderExcluirCaso, tenham a indicação de mais dados ou pessoas de quem eu possa pedir informações sobre Danilo, favor comunicar-se com bodegadovalentim@gmail.com. Ficarei grato e o Brasil conhecerá um pouco mais nossos verdadeiros heróis.
Grato!
Valentim, podes contatar com a filha do Danilo, Regina Moura: mariamoura9@terra.com.br
ExcluirSucesso!
https://youtu.be/yhYr6JMPcm8
ExcluirQue legal isso, Mirian! Parabéns.
ResponderExcluirUm roteiro de filme!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirConhecia um pouco dessa história, muito bom saber mais. Mirian sempre atenta como conhecedora e divulgadora das histórias de Cachoeira e Cachoeirenses. Mais uma vez, parabéns Mirian Ritzel.
ResponderExcluirObrigada, Marta! Mais uma história incrível ligada à nossa terra!
ExcluirFico feliz por fazer parte da FAB praça 1981 BAGL-RJ e hoje trabalho no Campus dos Afonsos, berço da aviação e tendo como protagonista o Tem Danilo Marques Moura.
ResponderExcluirÉ gratificante demais conhecer a história de vida marcante deste aviador para o Brasil e especial Aviação de caça.
Quem sabe um bom roteiro de filme.
Certamente daria um excelente filme! Os americanos não deixariam passar esta história sem montá-la em Hollywood!
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