O centenário de uma escola é acontecimento que merece
saudação da comunidade, seja pela marca atingida, o que se restringe a poucas
instituições em nosso meio, seja pela significação da árdua atribuição de instruir/educar
gerações atravessando o tempo e as naturais mudanças culturais, sociais e pedagógicas.
A Escola Antônio Vicente da Fontoura chega ao seu centenário
com pelo menos duas características dignas de nota: desde o início conserva o
mesmo patrono, e com isto forja uma identidade associada ao líder farroupilha
que não foi professor, mas que, nas palavras de Cândida Fortes Brandão, foi um educador “pelos brilhantes exemplos
tanto na vida privada como na pública, merecendo por isso, servir de exemplo à
juventude”, e por estar localizada desde sempre em ponto mais do que especial
da cidade: os arredores da Praça Balthazar de Bem.
Antônio Vicente da Fontoura |
E a respeito da localização, já foi abordado na
postagem anterior que a escola passou a ocupar as dependências do antigo Teatro
Municipal, transferido pela municipalidade para o governo do Estado. O prédio
do teatro sofreu grande avaria nas estruturas do telhado em janeiro de 1908. Em
1915 estava há sete anos parado e sem as obras necessárias de recuperação. A
ocupação pelo Colégio Elementar e Fórum foi a sua redenção. E destas obras surge uma quase desconhecida história.
Teatro Municipal - prédio ao centro - fototeca Museu Municipal |
As obras de recuperação e adaptação do jovem e combalido prédio (inaugurado em 1900) foram entregues a um construtor italiano chamado
Giuseppe Tellini, ou José Tellini. E o intrigante desta história é que este
construtor que apareceu pela primeira vez nos registros, segundo o arquiteto e
escritor Günter Weimer*, em 1911, morreu em Cachoeira, justamente enquanto
tocava as obras no prédio do Teatro.
O jornal O
Commercio, edição do dia 23/4/1917, noticiou que José Tellini faleceu às
12h30 do dia 16 de abril de 1917, aos 52 anos. O italiano, na hora do almoço, recostou-se para um pequeno cochilo..., mas não mais acordou. Residente em Porto Alegre, Tellini deixou mulher e oito filhos e estava morando em Cachoeira há alguns meses em razão das obras.
O construtor italiano, cujas notas biográficas
são esparsas, fez em Cachoeira, quem diria, sua derradeira obra. Histórias da
centenária história da Escola Antônio Vicente da Fontoura.
*Günter Weimer, em Arquitetos e Construtores do Rio Grande do Sul (1892 - 1945), Editora UFSM, 2004.
Parabéns pela postagem.
ResponderExcluir