Como
diz a letra da música “Todo dia era dia de índio”, eternizada na voz de Baby
Consuelo, resta ao índio do Brasil o dia 19 de abril para que a sua cultura seja minimamente lembrada.
Índio brasileiro - Jean Baptiste Debret |
A
história de Cachoeira do Sul não pode ser contada sem referir a presença
indígena nos seus primórdios. Segundo Aurélio Porto, o grande historiador, no
decorrer dos anos que se seguiram à assinatura do Tratado de Madrid (1750),
cerca de 700 famílias de índios catequizados seguiram o português Gomes Freire
de Andrade em direção a Rio Pardo, sendo estabelecidas nas proximidades do rio
Botucaraí. Os espanhóis, representados por Cevallos, governador de Buenos
Aires, tentaram reconquistar estas famílias oriundas das missões, levando-as para
os seus domínios e com este intento enviaram a Rio Pardo dois padres jesuítas, que
fracassaram na tarefa. Cevallos, numa última tentativa, solicitou a Gomes
Freire que convencesse os índios a voltarem, no que obteve negativa por
entender Gomes Freire que eles estavam protegidos pela bandeira portuguesa. E
assim estas famílias foram aproveitadas para darem início a povoações que
geraram várias cidades rio-grandenses, dentre elas Cachoeira.
Um
contingente destes índios foi arranchado nas proximidades do Passo do Fandango,
estabelecendo as bases da futura Cachoeira. O ano era 1769. Em 1780, do
montante de 662 habitantes da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da
Cachoeira, 383 eram índios.
Mas
o que foi feito desses índios? Que legado deixaram à cidade dos dias de hoje?
Quase nada restou do período em que os índios catequizados habitaram a Aldeia,
embora sua presença esteja comprovada nos livros de registro dos primeiros
habitantes, em assentos de batismos, casamentos e óbitos. E dentre estes
registros, seguidamente aparece algum “infiel”, ou seja, índio não catequizado
de tribos nômades.
Do
contingente inicial de índios assentados pelos portugueses na Aldeia ou dos
demais que naturalmente habitavam o território rio-grandense restaram traços
culturais indeléveis e principalmente uma herança ligada à terra, traduzida
pelos toponímicos que identificam rios, montanhas, vales. E ainda que
desaparecidos materialmente do dia-a-dia, o sangue dos índios circula nas veias
de muitos cachoeirenses.
Maravilha, Mirian.
ResponderExcluirMuitos... Parabéns pelo teu texto
ResponderExcluirMuito bom Miriam ! Obrigada !
ResponderExcluirAdoro tuas postagens! Leio e as repasso nas Horas do Conto do Barão... São fundamentos para meu material de trabalho. Muito obrigada!!
ResponderExcluirMarô, Mafalda, Suzana e Andréia, os incentivos de vocês me alegram e me obrigam a ser cada vez mais comprometida com as informações que passo. Obrigada!!!
ResponderExcluir