Um
ofício da Câmara Municipal da cidade da Cachoeira*, emitido em 16 de fevereiro
de 1877, devolvia à presidência da Província as respostas de um questionário
sobre a criação de gado no município. Os números apresentados pelos vereadores deram
como montante para o gado bovino a quantia de cerca de 130 mil cabeças e 20 mil
para os ovinos. Números respeitáveis. No entanto, não detalhou quais raças
bovinas predominavam.
Em
1916 há notícias de que exemplares de gado zebu entravam em Cachoeira via
mascates vindos de Minas Gerais. Raça mal vista por estas plagas, precisou de
propaganda para quebrar a resistência dos criadores locais.
www.novomilenio.inf.br |
O
jornal O Commercio, edição de 19 de
janeiro de 1916, a respeito do assunto dizia o seguinte:
A despeito da propaganda que
reconhecidas autoridades em zootecnia desenvolvem contra o gado zebu, de origem
indiana, apontando a sua introdução como um erro de graves consequências
futuras, de vez em quando tropeiros de Minas Gerais aparecem no interior de
nosso estado, trazendo o zebu a nossos campos. O Sr. Manoel Pereira de Almeida
trouxe de Uberaba, Minas Gerais, uma tropa de 200 reses dessa raça que vieram
embarcadas pelas estradas ferroviárias das companhias Mogyana e Sorocabana até
Tupanciretã. No percurso feito entre aquela localidade e o Passo de São
Lourenço, 3.º distrito da Cachoeira, o Sr. Almeida vendeu ao nosso amigo
Henrique Gonçalves Borges, fazendeiro no 2.º distrito, 12 touros de três anos a
600$000 cada um, e três terneiras de sobreano** cada uma a 400$000.
Na
edição do dia 9 de fevereiro de 1916, O
Commercio tornou a falar do gado zebu em Cachoeira:
O
abaixo-assinado declara que vendeu neste município 88 touros, terneiros e
terneiras da raça zebu para reprodutores, variando seus preços desde 350$ até
600$000 cada um. Declara mais que em outubro p. vindouro aqui estará com um
lote maior e previne aos senhores fazendeiros para que possam esperar. As
vendas acima foram aos seguintes senhores, onde poderão ser vistos pelos que
desejam adquirir bons reprodutores:
Bernardino
Marques
Manoel
José Moraes
Manoel
Leal
Eliseu
Gomes
Pedro Rosa
Marcellino
G. Fonseca
Antonio
Manoel Lima
Claudio
Cavalheiro
Ramão
Cavalheiro
Manoel J.
da Silveira
Octacilio
de Lima
Manoel C.
Prates
Sergio
Pereira da Silva
Laudelino
Pereira da Silva
José
Pereira da Silva
Bento
Pereira Alves
Sebastião
P. Rodrigues
Manoel
Nunes de Souza
Eduardo
Bicca
Claudiano
Correia
Antonio
Souza
Francisco
Rodrigues
Zeferino
P. da Silveira
João
Augusto Leitão
Henrique
Borges
Feliciano
A. da Silva
Cachoeira,
8 de fevereiro de 1916.
(ass.)
Manoel Pereira de Almeida
A despeito da novidade e algumas “torcidas de
nariz”, o gado zebu entrou em Cachoeira pelo poder de convencimento de Manoel
Pereira de Almeida, conquistando um significativo número de interessados...
www,deolhonocampo.com.br |
*Acervo documental do
Arquivo Histórico do Município de Cachoeira do Sul.
** Sobreano: cria de rês
com mais de ano.
O Henrique Gonçalves Borges mencionado não seria o irmão da Carlinda Gonçalves Borges que casou com o Antonio Augusto Borges de Medeiros?
ResponderExcluirSuzana, a Carlinda tinha dois irmãos: Augusto e Henrique. Portanto, pode ser ele, sim. Henrique era casado com Maria Adelaide Figueiró.
ResponderExcluirAbraço.
Que legal Mirian ! Por acaso tens as datas de nascimento e morte do Henrique e do Augusto? abraço
ExcluirTerei que consultar, Suzana. Depois te envio.
ResponderExcluirAbraço.