- Em 4 de
janeiro de 1928, o jornal O Commercio noticiou que havia estado na cidade e em
visita à redação, o capitão Alfredo Klotz, andarilho alemão que tinha perdido o
pé e parte da perna esquerda em 1915, na I Grande Guerra. O curioso é que ele
vinha percorrendo diversos países, sem muletas, com o auxílio de um aparelho
ortopédico, graças ao qual caminhava com facilidade! Para provar que não estava
faltando com a verdade, o andarilho apresentou no jornal vários documentos,
estando em viagem desde 1.º de junho de 1923! Que aparelho seria este? Estava a
divulgar uma invenção? A resposta não chegou aos nossos dias...
- Macróbia*: o jornal O Commercio, edição do
dia 29 de janeiro de 1919, trouxe a necrologia de uma mulher de nome Frauzina de Oliveira, que chegou aos 110 anos
de idade! Solteira, de filiação ignorada, a anciã morreu sem assistência médica,
no 1.º distrito. Deixou seis filhos: Felisberto de Oliveira, Rufino Antonio de
Oliveira, João Fagundes de Oliveira, Francisco de Oliveira, Maria Leonor de
Oliveira e Vicente de Oliveira, todos devidamente registrados com seu nome.
Duas proezas da D. Frauzina – a longevidade e a condição de solteira cheia de
filhos, algo extremamente mal visto há 100 anos!
- O jornal Correio
do Povo, de Porto Alegre, noticiou em 22 de janeiro de 1913, que o intendente
de Cachoeira, Dr. Balthazar de Bem, havia contratado um especialista de
Montevidéu para a macadamização e calçamento das ruas da cidade. A Cachoeira
daqueles tempos vivia sob uma intensa cortina de pó no verão, consequência das
ruas sem calçamento. O macadame era um tipo de pavimentação feita com pedras
britadas, breu e areia, devidamente compactadas, processo inventado pelo
engenheiro escocês John MacAdam em 1820.
O rolo compactador vindo de Montevidéu em trabalho na Rua Sete de Setembro - Fototeca Museu Municipal |
- O mesmo jornal
Correio do Povo publicou no dia 1.º de janeiro de 1913, que no dia 31 de
dezembro de 1912, às 7 horas da manhã, tinham seguido pela viação férrea, com
destino a Cachoeira, oito índios adultos e quatro menores... O que esses silvícolas
vieram fazer em Cachoeira?
- A tipografia do
jornal Rio Grande, de Cachoeira, propagandeava em uma de suas edições do mês de
janeiro de 1913, que imprimiam “em poucos minutos” convites para enterros.
Garantiam impressão nítida e a preços módicos. Como se vê, vem de longe a
tradição de anunciar os falecimentos em via pública na forma de “convites”.
- O Coliseu
Cachoeirense anunciava na imprensa que tinha adquirido um aparelho
cinematográfico movido à eletricidade e hidráulico, “evitando assim qualquer
incêndio nos filmes”! (Jornal Rio Grande, 17/1/1915). Por esta novidade dá para
perceber que o fogo muitas vezes literalmente dava cabo dos filmes!
Cinema Coliseu Cachoeirense - Praça José Bonifácio - Foto Benjamin Camozato |
- Em janeiro de 1908,
a cidade estava infestada de saltões** que tudo devastavam e contra os quais
era improfícua qualquer ação. A Rua Sete de Setembro estava de tal forma tomada
pelos bichos que à passagem das pessoas levantava uma nuvem quase
intransponível de insetos! (Jornal Rio Grande, 12/1/1908). As mais diferentes
fórmulas eram tentadas para acabar com a praga de gafanhotos, inclusive a esdrúxula
compra, pela Intendência Municipal, de ovos destes insetos, tentando garantir
assim a sua extinção! Confira em: https://arquivohistoricodecachoeiradosul.blogspot.com/2016/02/venda-de-ovos-de-gafanhotos.html
Limpeza de gafanhotos na Rua Júlio de Castilhos - Acervo Orlando Tischler |
Meu sonho é fazer um documentário com todo estes detalhes.
ResponderExcluirSeria muito legal, Renato!
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